Há um Frou Frou na Avenida da Liberdade e é um restaurante com um certo JNcQUOI

A inspiração chega dos “loucos anos 20”, por sinal os chineses, e não faltam extravagâncias: da Miss Frou Frou à decoração. A comida é igualmente vistosa. O novo restaurante tem assinatura do JNcQUOI.

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O JNcQUOI Frou Frou fica no mesmo espaço do Ásia DR
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JNcQUOI Frou Frou DR
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Está na moda e é moda. É esse o pensamento quando se entra no JNcQUOI Ásia, não só porque, enquanto aguardamos, observamos os sapatos de luxo que estão na montra da Fashion Clinic, mas também porque ouvimos o frenesim que vem lá de dentro, prova de que o espaço continua a ser um dos mais requisitados da cidade. Mas, calma, não é neste restaurante que vamos jantar, é no novo irmão.

Na sala do Ásia estão sobretudo grupos de jovens a causar frufru, ou não fosse sábado à noite. E, ao fundo, encontramos uma enorme e pesada porta dourada, que se abre com dramatismo. Por momentos, pensamos que talvez seja a entrada para Nárnia e o que surge à nossa frente não é menos avassalador. É o JNcQUOI Frou Frou, a nova aposta gastronómica do grupo Amorim Luxury.

É muita informação para digerir, antes mesmo de nos sentarmos à mesa? Talvez. “Querem ficar num canto mais recatado ou no meio da sala onde acontece a acção?”, perguntam-nos. A resposta é óbvia: se há “acção”, é onde queremos estar. Da nossa mesa, escolhida a dedo, é possível ver cada detalhe da sala deste (quase) secreto restaurante.

Por aqui, há cores, padrões e texturas em abundância. As paredes estão cobertas em franjas acetinadas, os sofás em jacquard verde e pelo chão pisámos uma carpete com dragões e símbolos – vindos directamente da mitologia chinesa. E também por aqui, há especialmente outra atracção: um bar que parece que ter sido adornado com pedras preciosas, mas que o lusco-fusco da sala não nos deixa decifrar com precisão.

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O bar do Frou Frou DR

É tudo obra de Jean-Philippe Demeyer, “o excêntrico designer de interiores belga que consta na lista dos 100 melhores arquitectos pela Architectural Digest”, como se lê na apresentação do projecto. O adjectivo afigura-se adequado, confirmamos, dado o caleidoscópio diante dos nossos olhos.

Muita informação, certo, mas que não parece gerar ruído. A promessa era “uma experiência de som imersiva”, também pensada pelo mesmo arquitecto, que devia proporcionar a sensação de estar “numa bolha de som”. O objectivo é alcançado e as melodias parecem envolver-nos, com uma acústica digna de uma sala de espectáculos. Durante o jantar, contudo, torna-se difícil conseguir falar com quem está do outro lado da mesa. O que, convenhamos, por vezes até por dar jeito.

Talvez o objectivo seja mesmo mimetizar os "loucos" e "elitistas" anos 20 da China underground. Quase nos sentimos num cabaret, particularmente quando a drag queen Kheira faz a sua aparição. Ela é a Miss Frou Frou e entra na sala para cantar. Aqui chegados, a atmosfera transforma-se, cada vez mais intimista. Provocadora, Kheira/Frou Frou acaricia levemente os comensais, que não resistem a captar o momento.

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Quase em simultâneo, chegam os cocktails à mesa, trazidos pela bartender, vestida com uma farda inspirada nos trajes tradicionais chineses. “São o Monkey (20€) e o Lion (20€). Têm sido os favoritos”, explica, enquanto pousa os pesados copos em forma de (naturalmente) um macaco e um leão. Apesar do nome vindo do reino animal, os sabores são leves, ideais para aperitivo, em especial o Macaco com gin aromatizado com manjericão, Triple-Sec, sumo de pepino, xarope de baunilha e refrigerante de jasmim.

Dumplings de frango e camarão com wasabi DR
Tosta de camarão tigre DR
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Dumplings de frango e camarão com wasabi DR

"Não é um chinês normal"

Para acompanhar este início de refeição, a lista de entradas é longa — aliás, como toda a restante ementa assinada pelo chef Ku Yan Onn. Difícil é escolher e, como tal, deixamos a tarefa hercúlea nas mãos da cozinha, sem restrições. A mesa enche-se num piscar de olhos, com a tosta de camarão tigre e sésamo (28€), os dumplings crocantes de caranguejo com maionese de chili e tobiko preto (19€) e os vistosos dumplings fritos de camarão, frango e wasabi (16€).

As doses são pequenas e isto porque, dizem-nos, o conceito passa pela partilha. Aqui, os olhos também comem – e o grupo JNcQUOI nunca esquece este factor , já que é notório o cuidado nos empratamentos mas, pelo menos pelas provas que fizemos, sem descurar nos sabores de cada criação. Os fãs do Instagram, isso é certo, não vão sair de barriga vazia: é que não faltam pratos pensados para a fotografia, como o rascasso a vapor ao estilo Sichuan (48€) ou os noodles ao estilo de Hong Kong com lavagante (92€).

Carne de vaca com pimenta preta DR
Noodles com lavagante DR
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Carne de vaca com pimenta preta DR

Os noodles são mesmo uma das estrelas da companhia, reconhece o chef residente Mário Esteves, em conversa com a Fugas. “A base da nossa carta é a cozinha de Hong Kong, com coisas típicas, como a sopa de milho (20€) e o estufado de beringela com caranguejo (48€). Não é um chinês normal.” Mas também se encontram pratos convencionais desta cozinha, como o clássico arroz salteado com ovo para acompanhar (12€), a vaca salteada com pimenta preta (34€) ou o pato à Pequim, aqui com (210€) ou sem caviar (140€).

Não que o cliente aqui se mantenha nas opções seguras, observa Mário Esteves. “Quem vem para o Frou Frou acaba por arriscar um bocadinho mais. É um restaurante mais pequeno, mais arrojado, é diferente. No Ásia não o fazem tanto.” Arriscamos também, mas não no vinho, à responsabilidade do escanção Gonçalo Ferreira, que elege a garrafa da casa, da Quinta do Castro.

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Pato à Pequim DR

Estamos quase a terminar a refeição, mas ainda há tempo para uma última balada da Miss Frou Frou, enquanto nos adoçamos com a Baba de Tubarão (12€), uma sobremesa de tigela, já tradição na família JNcQUOI, aqui reinterpretada com arroz doce. Tradicional, sim, mas com um twist.

Esse twist também se vai sentir conforme a noite, tanto na animação como na programação de eventos. A promessa é que cada visita ao Frou Frou seja sempre diferente. Todos os jantares têm animação, incluindo serões de ilusionismo aos domingos e segundas com Rafael Tittonelly ou actuações com instrumentos tradicionais chineses. Se não estiver com disposição para a rambóia, o melhor é optar pelo JNcQUOI mais tradicional, igualmente extravagante, mas onde António Bóia ("discípulo" de Maria de Lourdes Modesto) garante a fidelidade à cozinha portuguesa. Mas talvez vá sentir falta da Miss Frou Frou.


A Fugas jantou a convite do JNcQUOI Frou Frou.

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