Governo libanês acusa Israel de “crime de guerra” depois da morte de três jornalistas

O ataque aéreo atingiu uma residência numa localidade do sul do Líbano onde estavam alojados 18 jornalistas de sete meios de comunicação diferentes.

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Um dos carros que se encontrava no exterior do edifício atingido por Israel Stringer / REUTERS
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O ministro da Informação do Líbano acusou Israel de “assassínio premeditado” de três jornalistas mortos na madrugada desta sexta-feira num ataque no sul do país. Segundo Ziad Makari, as forças israelitas “esperaram que os jornalistas fizessem uma pausa para os atacar enquanto dormiam”.

“Isto foi um assassínio”, escreveu Makari na rede X (antigo Twitter), sublinhando que no local “estavam 18 jornalistas representando sete instituições de comunicação social”. “Isto é um crime de guerra", acusou. A Ordem dos Jornalistas libaneses usou os mesmos termos na sua condenação, recordando que já foram mortos pelo menos seis jornalistas desde o início da actual guerra entre Israel e o Hamas. Para a Ordem, trata-se uma vez mais da “violação das convenções e tratados internacionais” por parte de Israel, já que o alvo foi “um local civil e não militar”.

De acordo com as agências de notícias libanesas, o ataque aéreo atingiu um hotel na localidade de Hasbaya, cerca de 50 quilómetros a sul de Beirute. Hasbaya, com 5000 habitantes, ainda não tinha sido alvo de bombardeamentos.

O canal pró-iraniano Al-Mayadeen confirmou a morte de um dos seus operadores de câmara, Ghassan Najjar, e de um técnico de som, Mohammad Rida. Wissam Kassem, fotógrafo da televisão Al-Manar, um canal do Hezbollah, foi a terceira vítima mortal, mas o ataque deixou ainda feridos vários jornalistas de diferentes media libaneses e internacionais.

A televisão Al-Mayadeen condenou um “ataque deliberado a uma residência de jornalistas”. Ali Choeib, jornalista da Al-Manar, disse que no local só estavam jornalistas e que ali “não havia armas nem alvos militares”. “O jornalismo é alvo dos crimes israelitas”, acusou, citado pelo diário libanês L’Orient Le Jour.

Junto ao edifício que tinha sido alugado por vários meios de comunicação social estavam carros com a inscrição “PRESS”, como se confirma pelas fotografias publicadas por várias agências, incluindo a Reuters e a Associated Press, depois do ataque. A residência ruiu e os carros, alguns com os vidros partidos, estão agora cobertos de pó e de escombros.

O primeiro jornalista morto no Líbano desde o reacender do conflito, em Outubro do ano passado, foi um videógrafo da agência Reuters, Issam Abdallah, atingido quando filmava um tanque israelita que disparava na direcção do Líbano. Uma investigação da própria agência e outra da Amnistia Internacional confirmaram que foi morto por militares israelitas, num ataque que feriu ainda seis jornalistas (incluindo da Reuters, da AFP e da Al-Jazeera), quando todos se encontravam numa colina perto da fronteira claramente visíveis e identificados como jornalistas.

A Federação Internacional de Jornalistas contabiliza já oito jornalistas e colaboradores de media mortos no Líbano. Depois de Abdallah, em Novembro do ano passado foram mortos um repórter e um operador de câmara da Al- Mayadeen num ataque aéreo em Tayr Harfa, também no sul do país.

As restantes mortes aconteceram já desde que Israel alargou o conflito que estava centrado na fronteira a todo o Líbano, com intensos bombardeamentos e uma invasão terrestre. Em Setembro, foi morto um operador de câmara da Al-Manar durante um ataque na localidade de Qantara; e já em Outubro, um colaborador da emissora pública italiana RAI morreu de ataque cardíaco depois de a sua equipa ter sido atacada, primeiro por um homem armado, depois por um grupo de pessoas, quando filmava perto da cidade de Sidon.

Segundo a Federação, que tem alertado para a “perseguição directa de jornalistas em Gaza”, pelo menos 140 jornalistas já foram mortos na Palestina, em Israel, no Líbano e na Síria em ataques relacionados com a guerra em Gaza.

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