Polícia moçambicana lança gás lacrimogéneo para dispersar manifestação em Maputo

Protesto convocado pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane após a morte de dois membros da sua campanha.

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Polícia moçambicana lança gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes Siphiwe Sibeko / REUTERS
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Polícia moçambicana lança gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes Siphiwe Sibeko / REUTERS
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Polícia moçambicana lança gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes Siphiwe Sibeko / REUTERS
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Polícia nas ruas de Maputo esta segunda-feira
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Polícia nas ruas de Maputo esta segunda-feira LUÍSA NHANTUMBO / LUSA
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A polícia moçambicana lançou esta segunda-feira gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas que se começavam a juntar para participar nas marchas pacíficas convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane repudiando o homicídio de dois apoiantes.

Às 8h20 locais (7h20 em Lisboa), a cerca de 50 metros do local do início da concentração, foi disparado um tiro de gás lacrimogéneo para dispersar um pequeno grupo de manifestantes, tendo a polícia levado dois deles.

Em declarações à Lusa no local, Armando Morona disse que foi atingido pelo gás e que as autoridades não disseram nada: “Só estão a disparar para um lado e para o outro.”

“Mas eles que nos aguardem, estamos aqui, ninguém vai recuar”, disse o manifestante, referindo que a situação em Moçambique é “uma vergonha à escala mundial, onde se mata um advogado”.

“A polícia está a fazer esta pouca vergonha, isto é mais um repúdio aos resultados eleitorais”, referiu.

Maputo acordou esta segunda-feira praticamente sem movimento. Numa ronda feita pela Lusa na capital moçambicana, foi possível constatar uma cidade com trânsito anormalmente reduzido para o primeiro dia semana de trabalho, poucos transportes a funcionarem, embora algum movimento pedonal e cafés a funcionar.

Também era visível algum reforço policial, sobretudo na zona prevista para a saída da marcha, o local do duplo homicídio de sexta-feira, e igualmente junto à sede do município.

“Vai ser a primeira etapa, pacífica, em que nós vamos paralisar toda a actividade pública e privada. Vamos para a rua com os nossos cartazes, vamos manifestar o nosso repúdio”, anunciou Venâncio Mondlane, no sábado, em Maputo, no local em que dois apoiantes foram assassinados.

O candidato presidencial garantiu que a greve, no sector público e privado, que tinha pedido para esta segunda-feira, em contestação aos resultados preliminares das eleições de 9 de Outubro, é para manter, passando agora para a rua, e responsabilizou as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pelo duplo homicídio.

A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi “emboscada”.

O crime aconteceu na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e segundo a polícia uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada para o hospital.

A polícia moçambicana avisou, antes do duplo homicídio que levou à convocação da marcha, além da paralisação, que vai travar qualquer acto de violência e desordem pública.

As eleições gerais de 9 de Outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o actual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

A CNE tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de Outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.