Northvolt à beira de fechar pacote de resgate de 276 milhões

Fabricante sueca de baterias que é parceira da Galp no projecto da refinaria de lítio de Setúbal tenta garantir 276 milhões de euros junto de credores, accionistas e clientes.

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Fábrica de baterias de iões de lítio da Northvolt Nuno Ferreira Santos
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A fabricante sueca de baterias Northvolt, que este Verão admitiu estar numa situação de apuro financeiro que levou ao encerramento de fábricas e ao despedimento de centenas de trabalhadores, está prestes a garantir um pacote de resgate de 300 milhões de dólares (cerca de 276 milhões de euros), em forma de dívida e capital, noticiou a Bloomberg.

Segundo a agência noticiosa, uma combinação de accionistas, credores e clientes da empresa (que é parceira da petrolífera Galp no projecto de construção de uma refinaria de lítio em Setúbal) terá acordado um plano de auxílio imediato que lhe permitirá ganhar tempo para estabilizar a produção e assegurar soluções de financiamento de longo prazo que lhe garantam auto-suficiência.

As dificuldades da Northvolt tornaram-se evidentes no início do Verão, quando se soube que a BMW (que também é accionista, com 2,8%, através da BMW España Finance) retirara uma encomenda de baterias no valor de dois mil milhões de euros devido à incapacidade de a fabricante entregar este ano uma encomenda que havia sido feita em 2020.

A Northvolt enfrenta a concorrência de fabricantes chineses, que têm custos mais baixos, não só por causa dos polémicos apoios estatais que estão no cerne de litígios com a União Europeia, mas também porque têm em casa matéria-prima estratégica como o lítio e a grafite e não estabeleceram como objectivo estratégico a criação da bateria eléctrica ambientalmente “mais verde” da indústria. Neste contexto, a empresa sueca acabou por sucumbir à pressão e a objectivos de crescimento eventualmente demasiado ambiciosos.

Em Setembro, anunciou alterações ao plano estratégico, incluindo a revisão em baixa das metas de produção de baterias, o adiamento de projectos e encerramento de instalações e o despedimento de cerca de 1600 trabalhadores na Europa.

Sobre os planos da Northvolt para Portugal o que se sabe é que a Galp é agora a maior accionista do projecto Aurora (que visa criar uma unidade de produção de hidróxido de lítio para fabrico de baterias) e que continua em busca de financiamento que permita que a futura unidade seja competitiva face às concorrentes asiáticas.

As duas empresas têm ainda de avançar com a decisão final de investimento na fábrica de Setúbal, que já iniciou o processo de licenciamento ambiental e que tem arranque comercial previsto para 2028.

Nos últimos dias, a administração da Northvolt anunciou a intenção de concentrar a sua estratégia de desenvolvimento de baterias essencialmente na fábrica principal, em Skellefteå, no Norte da Suécia, mas a empresa precisa de um balão de oxigénio para poder continuar.

A Bloomberg cita fontes ligadas à negociação deste plano de resgate da Northvolt que referem que os vários intervenientes vão subscrever diferentes instrumentos de auxílio, mas não se conhecem muitos pormenores. As negociações estão numa fase final, mas ainda existem riscos de que o acordo possa falhar.

A Goldman Sachs, uma das principais accionistas da Northvolt, com 19,2% do capital, foi apontada como sendo uma das entidades envolvidas no plano de resgate, que seria uma tábua de salvação para a empresa, depois de ter sido igualmente noticiado que o Governo sueco lhe recusou qualquer possibilidade de injecção de capital.

A maior accionista da empresa fundada em 2017 por Peter Carlsson, a Volkswagen AG, que tem uma posição de 21%, confirmou que ajudará a Northvolt a dar escala à produção de baterias, mas também não adiantou detalhes.

A fabricante de camiões sueca, a Scania, detida pela Volkswagen, é uma das clientes da Northvolt e poderia avançar com ajuda financeira, admitiram as fontes contactadas pela Bloomberg.

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