Lítio: Savannah ajusta calendário e prevê iniciar em 2027 produção em Boticas

A APA viabilizou a exploração na mina do Barroso emitindo uma Declaração de Impacte Ambiental favorável em Maio, com várias condicionantes. Exploração é contestada por autarcas e moradores.

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O projecto de exploração de lítio na mina do Barroso encontra resistência da população e levanta questões a associações ambientalistas Paulo Pimenta
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A Savannah Resources ajustou para 2027 o calendário de início da produção na mina de lítio do Barroso, em Boticas, porque o processo burocrático foi mais demorado do que o previsto, disse a empresa em comunicado. O arranque da produção estava previsto para 2026.

"Fizemos bons progressos em todas as frentes no primeiro semestre do ano. É agora momento de iniciarmos, com entusiasmo, mas também com sentido de responsabilidade, o trabalho de campo necessário para conclusão do Estudo de Viabilidade Definitivo (DFS) e do processo de licenciamento ambiental", afirmou o presidente executivo (CEO) da Savannah, Emanuel Proença, citado em comunicado consultado nesta terça-feira pela Lusa.

A empresa que quer explorar a mina de lítio em Covas do Barroso, concelho de Boticas, distrito de Vila Real, explicou que o "processo burocrático para a conclusão do processo da servidão administrativa foi infelizmente mais demorado do que o previsto, o que obrigou a um ajuste de calendário".

Por isso, prevê agora concluir o Estudo de Viabilidade Definitivo no segundo semestre de 2025, com a conclusão do processo de licenciamento ambiental prevista para uma data próxima, e, adiantou, "o comissionamento e a primeira produção do projecto decorrerão, ainda assim, o mais cedo possível ao longo do ano de 2027".

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) viabilizou ambientalmente a exploração de lítio na mina do Barroso emitindo uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável a 31 de Maio de 2023 que integra um conjunto alargado de condicionantes, estando inicialmente previsto o arranque da produção para 2026.

"Sempre foi nosso desejo poder completar acordos de compra ou arrendamento com todos os proprietários num prazo que tivesse permitido um início mais precoce desta fase de trabalhos. No entanto, embora já tenhamos adquirido para cima de uma centena de terrenos e continuemos a adquirir mais, não foi ainda possível chegar a acordo com todas as partes", afirmou Emanuel Proença.

Por isso, acrescentou que a empresa recorreu "à figura de servidão administrativa temporária para acesso aos terrenos, um processo comum em projectos industriais" como este.

"Continuamos empenhados em prosseguir as compras e arrendamentos de terrenos através de acordos amigáveis com todas as partes interessadas relevantes, de forma a que uma expropriação futura abranja o mínimo de parcelas de terreno possível", apontou.

A Savannah apresentou na segunda-feira os resultados operacionais dos primeiros seis meses do ano.

"Os resultados apresentados reflectem o intenso trabalho de todos os membros da equipa da Savannah — das equipas de Boticas, Lisboa, Perth e Londres — para desenvolvimento de um projecto de alta qualidade. A nível local, estamos cada vez mais presentes, fazendo crescer a nossa equipa e trabalhando com cada vez mais pessoas e entidades da região de que fazemos parte", acrescentou o CEO.

A Savannah estabeleceu em Junho um acordo de parceria estratégica com o grupo AMG Critical Materials (AMG), dono da primeira grande refinaria de lítio da Europa, aberta há menos de 15 dias a sul de Berlim, na Alemanha.

"O acordo de parceria com a AMG coloca-nos numa posição sólida, que nos permite encarar as próximas fases do projecto com solidez e confiança. Estou grato por estes resultados e pelo esforço de tantos. Estamos empenhados em fazer cada vez melhor, e disponíveis para acolher contributos positivos de todos", salientou.

A Savannah Resources é uma empresa de desenvolvimento de recursos minerais e única proprietária do projecto de lítio do Barroso, no Norte de Portugal, referindo que se trata do maior recurso de espodumena de lítio identificado até à data na Europa, tendo aqui concentrado os seus esforços nos últimos sete anos.

A exploração mineira é, no entanto, contestada por autarcas e moradores que se juntaram na associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB).

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