Desfile da Victoria’s Secret teve anjos e nostalgia, mas ficou aquém das expectativas dos fãs

Havia seis anos que a marca de roupa interior não organizava o emblemático desfile de moda. O regresso fez-se com o clã de anjos, mas também com ícones da moda como Carla Bruni ou Kate Moss.

Model Tyra Banks walks the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly TPX IMAGES OF THE DAY
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Tyra Banks e as modelos fecham o desfile da Victoria's Secret 2024 Andrew Kelly/Reuters
Carla Bruni, Bella Hadid, Vittoria Ceretti, Eva Herzigova and models walk the runway at the conclusion of the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Carla Bruni, Bella Hadid, Vittoria Ceretti, Eva Herzigova e outras modelos fecham o desfile Andrew Kelly/Reuters
Model Grace Elizabeth walks the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Grace Elizabeth Andrew Kelly/Reuters
Model Joan Smalls walks the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Joan Smalls Andrew Kelly/Reuters
Model Ashley Graham walks the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Ashley Graham Andrew Kelly/Reuters
Model Irina Shayk walks the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Irina Shayk Andrew Kelly/Reuters
Gigi Hadid, Bella Hadid, Vittoria Ceretti and Carla Bruni walk the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Gigi Hadid, Bella Hadid, Vittoria Ceretti e Carla Bruni Andrew Kelly/Reuters
Tyla performs during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Tyla foi um das performances do serão Andrew Kelly/Reuters
Adriana Lima walks the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Adriana Lima Andrew Kelly/Reuters
Model Imaan Hammam walks the runway during the 2024 Victoria's Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Imaan Hammam Andrew Kelly/Reuters
Model Doutzen Kroes walks the runway during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Doutzen Kroes Andrew Kelly/Reuters
Gigi Hadid walks the runway during the 2024 Victoria's Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Gigi Hadid Andrew Kelly/Reuters
Cher performs during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Cher cantou os êxitos Strong Enough e Believe Andrew Kelly/Reuters
Cher performs during the 2024 Victoria’s Secret Fashion Show in New York City, U.S., October 15, 2024. REUTERS/Andrew Kelly
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Cher cantou os êxitos Strong Enough e Believe Andrew Kelly/Reuters
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Não é uma hipérbole dizer que a Victoria’s Secret criou uma máquina do tempo. Por momentos, a marca de roupa interior viajou até à década de 2000 com o regresso do emblemático desfile nesta terça-feira, em Nova Iorque. Ao clã de anjos, incluindo Alessandra Ambrósio, Adriana Lima, Candice Swanepoel ou Tyra Banks, uniram-se a nomes de outras eras como Carla Bruni ou Kate Moss, entre enormes asas, plumas, rendas e brilhos ao som de Cher.

Havia mais de seis anos que as modelos não colocavam as asas e os soutiens incrustados de pedraria para voltarem a pisar a passerelle. Depois de um desfecho polémico para o histórico desfile, criticado por falta de inclusão, a marca almejava redimir-se nesta terça-feira, e prometia: “O Victoria's Secret Fashion Show de 2024 vai oferecer precisamente o que os nossos clientes têm pedido — o glamour, a passerelle, a moda, a diversão, as asas, o entretenimento —, tudo através de uma lente poderosa e moderna que reflecte quem somos hoje.”

Na senda pela diversidade há muito exigida na moda, a noite foi de estreias, com destaque para a brasileira Valentina Sampaio, a primeira modelo trans a desfilar para a Victoria’s Secret. “Representa tanto estar nesta passerelle, porque é um momento tão grandioso, que tem tanta visibilidade, o mundo está a ver. Enche o meu coração de muita alegria e orgulho, quando estou na passerelle, não é só a Valentina, mas são todas as pessoas que assim como eu enfrentam preconceito por sermos quem somos”, declarou a modelo à revista Vogue Brasil, momentos antes de desfilar com um conjunto preto adornado com um enorme laço nas costas.

Para a modelo plus size Ashley Graham, também foi a primeira vez que desfilou para a conhecida marca de lingerie. Não foi, contudo, a única modelo fora do padrão a cruzar a passerelle, onde a idade também foi um posto. Aos 50 anos, Kate Moss esteve em destaque, tal como a filha, Lila Moss, mas também Carla Bruni, com 56, ou Tyra Banks, de 50, quase 20 anos depois de se ter reformado da moda.

Banks foi responsável por encerrar o desfile e usou um corpete adornado com lentejoulas e uma capa metalizada. Já a abertura ficou a cargo de Gigi Hadid, com um conjunto cor-de-rosa acompanhado de umas pesadas asas. A modelo de origem palestiniana emergiu na passerelle e cumprimentou a multidão com o clássico aceno que a amiga Taylor Swift faz na The Eras Tour, ao som de Lisa, da banda sul-coreana Black Pink, que foi uma das artistas do espectáculo; enquanto Adriana Lima, que começou a desfilar para a marca em 1999, encerrava o primeiro segmento do espectáculo a usar umas asas também cor-de-rosa.

Carla Bruni Andrew Kelly/Reuters
Kate Moss Andrew Kelly/Reuters
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Carla Bruni Andrew Kelly/Reuters

Nas performances musicais seguiu-se Tyla, que, a usar umas asas de plumas, cantou o êxito Water, enquanto modelos como Bella Hadid, Taylor Hill, Irina Shayk, Jasmine Tookes ou Alessandra Ambrósio cruzavam a passerelle. A brasileira era uma das presenças mais esperadas no desfile e foi anunciada como uma surpresa apenas nesta terça-feira. Desfilou com um body de renda preta e umas asas douradas.

Para o segmento final, Cher apareceu para cantar os êxitos Strong Enough e Believe, enquanto os anjos voltavam a desfilar — não houve Fantasy Bra, a criação tipicamente avaliada em milhões de dólares pelas pedras preciosas utilizadas. No final, como sempre foi habitual, todas as modelos voltaram a desfilar de mãos dadas, enquanto explodia fogo-de-artifício no céu de Nova Iorque.

Notavelmente ausente, esteve a portuguesa Sara Sampaio, que também fazia parte do clã de anjos, como eram conhecidas as modelos que tinham contrato com a marca. A modelo tem estado dedicada à representação e, no ano passado, tinha dito ao PÚBLICO que não fazia parte dos seus planos regressar à Victoria’s Secret, apesar de reconhecer: “Não teria a carreira que tive se não fosse por eles.”

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Tyra Banks REUTERS/Andrew Kelly

Aquém das expectativas

O regresso do desfile vem recuperar a marca de alguns anos de instabilidade, incluindo a queda das vendas da roupa interior, considerada demasiado cara, a pressão dos investidores e as críticas crescentes face à imagem desactualizada. Em 2023, a marca tentou voltar à ribalta com um documentário na Amazon Prime, mas falhou em audiências.

Num jogo com a nostalgia dos millennials que cresceram com o desfile anual, o novo formato terá ficado também aquém das expectativas dos fãs, que acusam a marca de procurar uma diversidade forçada. “O espectáculo foi tão decepcionante. Sinceramente, fiquei muito triste. Os coordenados não tinham originalidade. Os artistas tiveram mais tempo de antena do que os modelos. Sinto falta de ver as modelos que realmente pareciam modelos”, lamenta uma utilizadora no Instagram.

E outra argumenta: “Tiveram a oportunidade de liderar um novo tipo de feminismo que mostra que podemos ser bonitas por fora e fortes por dentro, mas tudo isso se revelou inútil, uma vez que agora não têm nenhum dos dois lados.” A utilizadora termina numa nota positiva, acreditando que, “no próximo ano, vão acertar”.

A marca ainda não confirmou se o desfile deverá regressar no próximo ano, mas agora é hora de procurar recuperar o investimento. De acordo com a revista Forbes, em 2015, cada desfile custava mais de 12 milhões de dólares (11 milhões de euros), mas gerava cerca de 5000 milhões de dólares (mais de 4500 milhões de euros) em visibilidade, publicidade e vendas para a marca. Fica por saber se o investimento continuará a compensar em 2024.

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