BE acusa líderes da direita de oferecerem um “espetáculo degradante”

A líder do BE criticou os partidos de direita, mas também o líder do PS e o Presidente da República, um pela ambiguidade e o outro pela “chantagem” em torno de eleições.

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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, acompanhada por José Soeiro, deputado do partido, encontrou-se com bombeiros sapadores em protesto junto à Câmara Municipal do Porto ESTELA SILVA / LUSA
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A coordenadora do BE acusou esta segunda-feira os líderes dos partidos de direita de oferecerem um "espectáculo miserável e degradante" à volta do Orçamento do Estado para 2025 e considerou ser incompreensível "a ambiguidade" do secretário-geral do PS.

"E perante este Orçamento que nós já conhecemos, e que já podemos ler, e perante o miserável espectáculo, degradante espectáculo, que os responsáveis da direita nos estão a oferecer acerca deste Orçamento, todos eles, da IL, do Chega, do PSD, um miserável e degradante espectáculo, a única coisa que falta compreender é por que é que o secretário-geral do PS continua a manter ambiguidades relativamente ao Orçamento", afirmou Mariana Mortágua.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita aos bombeiros Sapadores que estão em protesto, desde o início de Setembro, em frente à Câmara Municipal do Porto, Mariana Mortágua deixou também críticas ao Presidente da República, a quem acusou de estar a prestar "uma mau serviço" ao país com a "chantagem permanente" de eleições caso o Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovado.

Para Mariana Mortágua, a proposta de OE apresentada é a de um "orçamento mau" porque vai beneficiar os mais ricos e não vai resolver problemas como o da habitação ou os problemas na Saúde.

"O que eu gostaria de dizer é uma coisa que talvez vos surpreenda, que é explicar por que é que este OE é mau, não deve ser aprovado. Ele entrega fatias, fatias do dinheiro do Orçamento e de recursos públicos ao sector privado da Saúde, às seguradoras, a serviços privados que estão a substituir o público e a tirar capacidade de responder", disse. E continuou: "É um mau orçamento porque vai rebentar com o Serviço Nacional de Saúde, vai aumentar o preço da habitação, porque não responde aos sapadores, porque cria regimes fiscais injusto que privilegiam os mais ricos, as elites, os futebolistas e as grandes empresas".

"As eleições têm sido apresentadas ao país como uma ameaça"

Sobre a aprovação ou não do OE e as consequências, entre as quais a realização de eleições legislativas antecipadas, Mariana Mortágua alertou para o uso do ato legislativo como uma arma de arremesso: "É perigosa a forma como as eleições têm sido apresentadas ao país como uma ameaça".

"Nós não podemos, nem devemos, transformar o maior acto da democracia e o mais importante acto da democracia como uma permanente ameaça à democracia e uma permanente chantagem", defendeu.

Sobre o protesto dos Bombeiros Sapadores, que dura há 41 dias, Mariana Mortágua defendeu que a situação daqueles profissionais não é compreensível: "Estes bombeiros têm a caricata situação de pagarem mais pelos seguros das suas casas porque têm profissões de risco, mas o Estado não lhes reconhece uma profissão de risco e não lhes paga o subsídio adequado".

"É uma situação incomportável, que é óbvio que humilhou, humilha estas pessoas e que levou os sapadores a protestos que são mais do que compreensíveis e do que justos", considerou.

Mariana Mortágua reconheceu que os Sapadores têm "uma profissão de risco e toda a gente compreende que é de risco" mas, salientou, "não têm nem uma carreira nem um salário adequado à sua profissão".

"Estes bombeiros recebem muito pouco mais do que o salário mínimo nacional e à medida que o salário mínimo foi subindo eles foram perdendo o subsídio de risco que era parte do seu salário", disse.

Para a líder do BE, as reivindicações dos Sapadores são justas: "Ter uma carreira que lhes permita progredir e ter uma expectativa sobre o que vai ser o futuro, ter um salário digno e um subsídio de ressico adequado às suas funções, que toda a gente entende que são de risco, e poder voltar a um regime de reforma adequado às funções que estão a desempenhar".

Um grupo de Sapadores do Porto e de Vila Nova de Gaia está em protesto em frente à câmara do Porto há 41 dias, estando marcada para terça-feira uma "grande concentração" que deverá assinalar o fim do protesto.