LVMH vende a Off-White de Virgil Abloh a grupo norte-americano

O conglomerado de luxo francês não detalhou os termos do negócio com a Bluestar Alliance, que detém etiquetas como a Hurley ou a Scotch & Soda.

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Virgil Abloh morreu em 2021 aos 40 anos Charles Platiau/REUTERS
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A Off-White de Virgil Abloh (1980-2021) vai ser vendida a um novo grupo de moda. O anúncio foi feito pelo conglomerado de luxo LVMH nesta segunda-feira, no mesmo dia em que Abloh celebraria 44 anos, sem detalhar os termos do negócio de venda à Bluestar Alliance, um grupo que detém etiquetas como a Hurley, a Scotch & Soda e a Bebe. Será a primeira aventura e “investimento estratégico” do conglomerado norte-americano no segmento do luxo.

“Virgil foi um pioneiro criativo que teve um impacto profundo na indústria da moda global e na comunidade criativa. A aquisição da Off-White representa uma oportunidade única para a Bluestar Alliance honrar e desenvolver o legado duradouro de Virgil Abloh”, assinalou o presidente do grupo, Joey Gabbay, em comunicado citado pelo Business of Fashion.

Essa “abordagem visionária” de Abloh à moda “faz eco” com os valores da Bluestar Alliance, reforça o responsável. “A capacidade de Abloh de fundir o streetwear com a alta-costura criou uma base poderosa que se alinha com a nossa visão de promover a inovação ao mesmo tempo que abraça a diversidade.”

A LVMH também reagiu publicamente, declarando-se “orgulhosa do legado que a Off-White construiu sob a liderança visionária de Virgil Abloh”. Sem explicar o motivo por que decidiu vender a etiqueta — até porque o grupo de Bérnard Arnault não divulga dos relatórios financeiros de cada marca, mas é conhecida a estagnação criativa da Off-White — e garante que a empresa norte-americana é o “parceiro perfeito” para continuar esse trabalho. “A Bluestar Alliance partilha o nosso compromisso de respeitar a integridade criativa e estamos confiantes de que, sob a sua direcção, a Off-White continuará a inovar, respeitando o espírito e os valores da marca.”

A Off-White foi comprada pela LVMH em Julho de 2021, poucos meses antes da morte de Virgil Abloh. O acordo inicial determinava que o conglomerado detinha 60% da empresa, enquanto Abloh ficava com 40% e mantinha a posição de director criativo, que acumulava com a direcção criativa da linha masculina da Louis Vuitton.

Depois da morte do criador, o legado tem sido continuado, desde 2022, por Ibrahim ​Kamara, mas nem a LVMH, nem a Bluestar Alliance esclareceram qual será o destino do director criativo. Em Setembro deste ano, a marca estreou-se na Semana da Moda de Nova Iorque, para se aproximar ao núcleo principal de consumidores nos EUA.

A Off-White foi fundada por Abloh em 2013 e, desde cedo, que chocou no conservador mundo do luxo pelo esbater de fronteiras entre a moda urbana e o design de autor. “O streetwear não estava no radar de ninguém. Foi com isso em mente que desenvolvi as minhas ideias”, contava o criador numa entrevista à revista GQ em 2019.

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Ibrahim Kamara REUTERS/Benoit Tessier

Inicialmente, a marca era categorizada como streetwear, mas rapidamente Virgil esclareceu o tema, dizendo-se “inflexível” quanto à autoria do projecto. “É criação de designer”, declarava na mesma entrevista. E rebatia todas as críticas que consideravam o trabalho como uma cópia, por recorrer a referências de outros criadores. Foi então que inventou a regra dos 3%, onde explorava a ideia de que se pode pegar num design antigo e mudá-lo ligeiramente, classificando-o como algo de novo. “Desde que se mude 3%, será um novo design”, dizia.

As aspas eram uma constante na assinatura de Abloh, que, ao adicionar uma citação, a uma peça já existente, dizia estar a criar um novo design. Morreu a 28 de Novembro de 2021, aos 40 anos, devido a complicações de um angiossarcoma cardíaco, um tumor maligno raro situado ao nível do coração, com que tinha sido diagnosticado dois anos antes.

Ibrahim Kamara tem mantido a mesma identidade estética (alguns críticos até lamentam que não vá além do que já foi feito), mas tem-se focado nas colecções sem género, com reflexões sobre o que é a identidade negra ou das comunidades LGBTI. No campo das celebridades, veste frequentemente nomes como Camila Cabello, Suni Lee, Ibssa Era, Kylie Jenner ou Mary J. Blige.

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