Polícia pede às potenciais vítimas de Al-Fayed que apresentem denúncia

A Polícia Metropolitana de Londres vai voltar a investigar o antigo proprietário do Harrods depois de a investigação da BBC ter revelado dezenas de abusos.

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Mohamed Al-Fayed morreu aos 94 anos em Agosto de 2023 REUTERS/Luke MacGregor
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A polícia britânica apelou nesta quinta-feira a todas as potenciais vítimas de abusos sexuais por parte do antigo proprietário do Harrods, Mohamed Al-Fayed, para que se apresentem às autoridades, à luz da investigação jornalística da BBC sobre o multimilionário egípcio. Até agora, já mais de 150 mulheres já fizeram pedidos de informação aos advogados das vítimas do pai de Dodi, o namorado da princesa Diana que morreu no mesmo acidente de viação em 1997.

“É vital que todas as vítimas tenham voz e possam denunciar quaisquer alegações, caso não o tenham feito antes, e saibam que serão levadas a sério”, afirmou Stephen Clayman, director de crimes especializados da Polícia Metropolitana de Londres. O responsável prometeu, ainda, que as autoridades dispõem de “equipas especializadas” que podem apoiar as vítimas “da melhor forma possível”.

A Polícia Metropolitana já tinha investigado Al-Fayed, por “agressão indecente” a uma menor em 2008 e por violação em 2013, mas, em ambos os casos, a Procuradoria da Coroa Britânica (CPS) recusou-se a acusar formalmente o antigo proprietário da loja Harrods. “Para apresentar uma acusação, o CPS tem de estar confiante de que existe uma perspectiva realista de condenação. Em cada uma das ocasiões, os nossos procuradores examinaram cuidadosamente as provas e concluíram que não era esse o caso”, justificou o porta-voz da CPS no passado fim-de-semana.

O escândalo com Mohamed Al-Fayed, que morreu em Agosto de 2023 aos 94 anos, surgiu na semana passada quando dezenas de mulheres relataram abusos sexuais e até violação enquanto trabalhavam para o Harrods. De acordo com o documentário da BBC, o armazém de luxo não interveio e ajudou a encobrir os casos enquanto o empresário foi proprietário, entre 1985 e 2010.

Algumas vítimas assinaram acordos de confidencialidade e receberam indemnizações para se manterem em silêncio sobre o assunto, em reuniões em que estavam presentes membros dos recursos humanos do Harrods.

O Harrods foi vendido em 2010 à família real do Qatar e os actuais proprietários reagiram à polémica, declarando-se “profundamente chocados” com as alegações, emitindo um pedido de desculpas público às vítimas. “Estas foram as acções de um indivíduo que pretendia abusar do seu poder onde quer que operasse e nós condenamo-las nos termos mais fortes”, escrevem no comunicado citado pela BBC, onde também reconhecem ter “falhado” na protecção das funcionárias.

Nesta quinta-feira o actual director do Harrods, Michael Ward, emitiu um novo comunicado onde reconhece que Fayed “presidiu a uma cultura tóxica de secretismo, intimidação, medo de repercussões e má conduta sexual”. O responsável chegou a trabalhar para o antigo proprietário durante quatro anos, mas garante que “desconhecia a criminalidade” do padrão.

“Embora seja verdade que os rumores sobre o seu comportamento circularam no domínio público, nunca me foram apresentadas quaisquer acusações ou alegações pela polícia, pelo CPS, por canais internos ou outros. Se tivessem sido, eu teria, evidentemente, actuado imediatamente”, escreve.

Desde 2023, quando tomaram conhecimento dos abusos perpetuados por Al-Fayed, o Harrods tem tentado chegar a acordo com as vítimas, através da mediação de uma “comissão independente”, “evitando longos processos judiciais para as mulheres envolvidas”. E Ward encoraja outras mulheres a fazerem o mesmo. “Encorajamos os antigos colegas a contactarem-nos através deste processo, para que possamos dar-lhes o apoio e o recurso de que necessitam”, termina.