Barco com 30 corpos em decomposição encontrado ao largo do Senegal

A rota migratória da África Ocidental para Espanha tornou-se muito procurada, apesar de ser perigosa e mortífera. Presidente senegalês quer acabar com as redes de tráfico.

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A rota de migração da África Ocidental para a Europa é uma das mais mortíferas do mundo GELMERT FINOL / EPA
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A Marinha senegalesa encontrou na segunda-feira um barco à deriva com pelo menos 30 corpos em decomposição a bordo. A piroga encontrava-se a cerca de 70 km da costa de Dakar.

"Até ao momento, foram contados trinta corpos", declarou a marinha em comunicado, acrescentando que as investigações fornecerão informações mais precisas sobre o número de mortos e a origem do barco. "As operações de recuperação, de identificação e de transferência [dos cadáveres] são muito delicadas devido ao estado de decomposição avançada dos corpos", acrescentou.

A marinha foi informada da presença do barco ao largo de Dakar no domingo à noite e um barco-patrulha foi imediatamente enviado para a zona. A embarcação foi então rebocada para a zona da capital senegalesa, onde estavam médicos e socorristas estavam a postos. Não há, para já, qualquer informação acerca de eventuais sobreviventes.

A rota de migração atlântica da costa da África Ocidental para as Ilhas Canárias, tipicamente utilizada por migrantes africanos que tentam chegar a Espanha, é uma das mais mortíferas do mundo. No ano passado, pelo menos 959 pessoas morreram ou desapareceram a tentar chegar às Canárias, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM).

No fim de Agosto, um barco com 14 corpos em decomposição, que se acredita serem de cidadãos senegaleses, deu à costa na República Dominicana, no outro lado do Atlântico, o que dá uma ideia da violência dos ventos e correntes a que os migrantes estão sujeitos durante a travessia.

Esta rota, que praticamente não tinha expressão até 2020, é actualmente a principal via de chegada de migrantes a Espanha. Também em Agosto, o presidente do Governo espanhol fez um périplo pelo Senegal, pela Gâmbia e pela Mauritânia com o intuito de assinar acordos com vista ao estabelecimento de rotas de migração legal para a Europa.

Há duas semanas, uma embarcação com pelo menos 89 pessoas a bordo naufragou ao largo da cidade senegalesa de Mbour e foram recuperados os corpos de 37. O recém-eleito Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, prometeu então "perseguir sem descanso e punir com a maior severidade os indivíduos que organizam estas caravanas de morte".

"Reafirmo o meu compromisso de desmantelar as redes de migração que exploram as nossas crianças", disse, na rede social X.

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