Alerta de deflação na China força banco central a agir

Banco central chinês anunciou esta terça-feira o plano de estímulo económico mais agressivo desde o início da pandemia.

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Pan Gongsheng, governador do banco central da China Tingshu Wang / REUTERS
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No sinal mais claro até agora de que em Pequim já estão a soar os sinais de alarme em relação ao risco de a economia chinesa entrar numa espiral deflacionista, o banco central lançou esta terça-feira o pacote de estímulos mais agressivo desde a pandemia. Permanecem, no entanto, dúvidas sobre se tal será suficiente para evitar uma crise.

A braços com uma queda abrupta dos preços do imobiliário, uma quebra da confiança dos consumidores e uma estagnação no investimento das empresas, que está a colocar as metas de crescimento económico oficiais em risco e a taxa de inflação em terreno negativo, a autoridade monetária decidiu tomar em simultâneo um conjunto de medidas que inclui descidas de taxas de juro e incentivos à concessão de crédito por parte dos bancos.

Para além de um novo corte na principal taxa de juro de referência do banco central, desta vez de 0,2 pontos percentuais, para 1,5%, o governador, Pan Gongsheng, anunciou um corte médio de 0,5 pontos percentuais nas taxas de juro aplicadas em empréstimos já existentes e uma redução do rácio de reservas exigido aos bancos também em 0,5 pontos percentuais, o que liberta cerca de um bilião de yuans (cerca de 127 mil milhões de euros) para a concessão de crédito.

De forma pouco habitual, o responsável máximo do banco central deixou ainda claro que, caso seja necessário, poderá ser feito num futuro próximo um novo corte de 0,5 pontos percentuais no rácio de reservas dos bancos.

O objectivo destas medidas é incentivar as famílias e as empresas a consumirem e investirem mais com recurso a crédito, procurando deste modo não só pôr a economia a crescer mais, como também travar a queda de preços a que se tem vindo a assistir no mercado imobiliário chinês desde 2021, com várias empresas do sector a declarar falência e muitos chineses a verem o valor das suas casas a cair a pique.

A economia chinesa tem vindo a mostrar, desde a pandemia, uma grande dificuldade em regressar às taxas de crescimento elevadas que apresentou nas décadas anteriores. As diversas medidas de estímulo postas em prática, quer pelo banco central, quer pelo governo central, não têm sido suficientes para resolver a situação e os dados relativos ao segundo trimestre deste ano que foram publicados na semana passada forçaram o banco central a ser ainda mais agressivo nas suas políticas expansionistas.

O facto de a Reserva Federal norte-americana ter dado início a um ciclo de descida de taxas de juro também deu maior margem de manobra ao banco central chinês para agir sem pôr em causa a estabilidade da sua divisa.

As dúvidas, todavia, permanecem sobre a eficácia das medidas agora apresentadas. A China – num cenário com algumas semelhanças com a crise do Japão nos anos 1990 está a dar sinais de poder entrar numa espiral deflacionista em que a perspectiva de estagnação económica e descida de preços desincentiva as famílias e as empresas de consumir e de investir.

Em circunstâncias deste tipo, avisam diversos economistas, os estímulos de carácter monetário como os lançados esta terça-feira podem não ser suficientes para garantir uma recuperação da procura na economia, podendo ser também necessária a intervenção na política orçamental, nomeadamente com um reforço do investimento público.

Esse poderá ser o próximo passo a dar por Pequim, principalmente se se tornar ainda mais claro que o objectivo de crescimento em torno de 5% está sob ameaça.

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