Suécia antecipa para os seis anos de idade a entrada no primeiro ciclo

A medida só entra em vigor em 2028 e coloca um ponto final ao förskoleklass, um ano de transição obrigatório entre o pré-escolar e o primeiro ciclo.

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Na Suécia as crianças entravam no primeiro ano aos 7 anos Mário Cruz
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As crianças na Suécia vão entrar no primeiro ciclo aos seis anos a partir de 2028, anunciou o governo nesta quinta-feira. Actualmente, a entrada no 1.º ano só acontece aos sete anos, sendo que, no ano anterior, as crianças faziam uma transição obrigatória entre o pré-escolar e o primeiro ciclo, o chamado förskoleklass.

Durante esse ano o método de ensino era assente na brincadeira. A mudança, que aproxima a Suécia do resto da Europa, foi aprovada pelo governo de centro-direita do Partido Moderado, apesar de os planos já terem sido propostos pelo anterior executivo de centro-esquerda, liderado pelo Partido Social Democrata.

“As escolas devem voltar ao básico”, defende o ministro da Educação sueco, Johan Pehrson, que propõe um maior foco na aprendizagem da escrita e da matemática por oposição a maior tempo de brincadeira. “Isto deverá permitir que os alunos tenham maior oportunidade de desenvolver competências básicas, como ler, escrever e contar, e de atingir os objectivos na escola”, assevera.

Entre os críticos da medida, estão os especialistas que apregoam a aprendizagem através da brincadeira — a ciência comprova que é um método eficaz para promover a criatividade e curiosidade. “Incorporar as crianças de seis anos no ensino primário sem ter em conta as suas necessidades específicas de desenvolvimento e sem tirar partido das competências únicas dos educadores do pré-escolar é um passo na direcção errada e não conduzirá a uma maior igualdade”, argumenta o professor Christian Eidevald da Universidade de Södertörn, em Estocolmo, numa carta aberta enviada ao governo citada pelo The Guardian.

Indo ao mesmo encontro, ao diminuir um ano no pré-escolar, os sindicatos temem que a medida vá colocar educadores de infância no desemprego. “Em vez de implementarem mudanças estruturais, os recursos deveriam ser investidos no aumento da qualidade da educação com professores competentes”, escreve na mesma carta.

Contudo, há outros especialistas que aprovaram a medida, como Åsa Westlund, a porta-voz de educação do Partido Social Democrata, que argumenta que o plano é manter um “híbrido” entre a brincadeira e a aprendizagem mais tradicional, como se fosse “uma ponte” entre os dois ciclos. Além disso, lembrou que, desta forma, a Suécia aproximar-se-á do resto da Europa — em Portugal, normalmente, a entrada no primeiro ciclo também se faz aos seis anos de idade.

A medida na Suécia surge alguns meses depois de o Riksdag (o Parlamento sueco) ter aprovado um aditamento à licença parental que permite aos pais transferirem até 90 dias pagos de ausência ao trabalho para os avós.

O país é um dos mais generosos na Europa no que toca às políticas ligadas à família e à infância. Por exemplo, a licença de parentalidade é composta por 480 dias pagos, ou 16 meses, que podem ser distribuídos pelos dois progenitores de forma livre.

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