Dia Internacional do Microrganismo e a importância de educar as novas gerações

A evolução da microbiologia tem sido surpreendente, e sabe-se agora que os microrganismos desempenham um papel crucial em praticamente todos os aspetos da vida na Terra.

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"Nada melhor para despertar a curiosidade dos jovens do que mostrar-lhes o mundo dos micróbios com experiências ligadas ao seu quotidiano" Nuno Ferreira Santos
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O Dia Internacional do Microrganismo, celebrado a 17 de setembro, é uma data que convida a refletir sobre a relevância dos microrganismos nas nossas vidas e no equilíbrio do planeta. Mas de nada serve entender o seu papel sob o ponto de vista científico, se este conhecimento não se estender ao público geral. Assim, é também essencial aproveitar para refletir sobre como comunicar essa relevância para as gerações mais jovens.

Esta data não é aleatória: o “pai da microbiologia”, Antonie van Leeuwenhoek, reportou neste dia, em 1683, a primeira observação destes organismos invisíveis a olho nu. Desde então, a evolução da microbiologia tem sido surpreendente, e sabe-se agora que os microrganismos desempenham um papel crucial em praticamente todos os aspetos da vida na Terra. É certo que alguns são agentes causadores de doenças, mas, na sua maioria, são benéficos e estão envolvidos em muitos processos vitais, desde a decomposição de matéria orgânica até à produção de alimentos fermentados e ainda na defesa do nosso corpo contra doenças.

O mundo em que vivemos desafia-nos constantemente com, por exemplo, mudanças climáticas e pandemias. É, pois, essencial que crianças e jovens adquiram uma compreensão sólida de como o mundo microscópico funciona, principalmente numa era tão marcada pela desinformação, com mitos e inverdades a espalharem-se a uma velocidade relâmpago. Para tal, seria importante que conceitos da microbiologia fossem transmitidos e demonstrados nas escolas de forma lúdica e acessível. E nada melhor para despertar a curiosidade dos jovens do que mostrar-lhes o mundo dos micróbios com experiências ligadas ao seu quotidiano: observar ao microscópio o fermento de padeiro ou observar colónias de bactérias degradadoras de poluentes; ou, ainda, jogos de cartas sobre conceitos de microbiologia.

É claro que para este tipo atividades são cruciais parcerias entre escolas e universidades, dando aos mais novos a oportunidade de estar nos locais onde “se faz ciência” com investigadores, que têm um papel importante na comunicação de ciência. É precioso o envolvimento dos cientistas com a comunidade, explicando as suas investigações e descobertas de forma compreensível para todos.

O Dia Internacional do Microrganismo é sempre uma oportunidade para reconhecer e celebrar o papel essencial destes seres invisíveis na nossa vida. É ainda um lembrete: comunicar ciência, em particular a microbiologia, com as gerações mais novas, é um investimento no futuro. Como todas as coisas boas da vida, a ciência só faz sentido quando partilhada. E tal como acontece com os microrganismos, que hoje celebramos, que bom seria ver a cultura científica disseminada em todo o mundo e em todos os ambientes, desde os mais ricos aos menos favorecidos. Quando bem comunicado, o conhecimento científico pode, não só, transformar vidas e inspirar jovens a enveredarem por carreiras na ciência e tecnologia, mas, acima de tudo, preparar a próxima geração para a construção de um mundo melhor.


As autoras escrevem segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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