Benjamin Netanyahu quer despedir o ministro da Defesa Yoav Gallant

Meios de comunicação israelitas dizem que o primeiro-ministro estaria a negociar a entrada de Gideon Saar no Governo. Netanyahu nega conversações com Saar, mas nada refere sobre Gallant.

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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant Pool / VIA REUTERS
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A notícia de que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, estaria a ponderar despedir o ministro da Defesa, Yoav Gallant, abalou o panorama político de Israel e levou à queda dos mercados financeiros no país esta segunda-feira.

Os principais canais de televisão e sites de notícias de Israel noticiaram que Netanyahu, sob pressão dos parceiros de coligação de extrema-direita, estava a ponderar despedir Gallant e substituí-lo por um antigo aliado que se tornou rival, Gideon Saar, actualmente membro da oposição.

A medida, a ser levada a cabo pelo primeiro-ministro israelita, seria um grande choque para o cenário político e de segurança, especialmente com a ameaça de uma guerra total no Líbano entre Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irão.

O shekel perdeu 1% para cerca de 3,75 em relação ao dólar, enquanto os principais índices de acções de Telavive caíram 1,4% a 1,6%.

Esperava-se que a moeda israelita se valorizasse depois de os dados de domingo terem mostrado que a taxa de inflação de Israel subiu mais do que o esperado, para 3,6% em Agosto, um salto que, segundo os analistas, iria atrasar os cortes nas taxas até 2025, em contraste com os cortes esperados nos Estados Unidos e na Europa.

Netanyahu negou que estivesse em negociações com Saar, embora não tenha feito qualque referência aos seus planos para Gallant. Também Saar negou que estivesse a negociar com alguns membros da coligação.

Não seria a primeira vez que Netanyahu tenta despedir Gallant. Os dois têm estado em desacordo sobre uma série de políticas governamentais e, mais recentemente, sobre a gestão da guerra em Gaza e os termos de um possível acordo para a libertação de reféns e de cessar-fogo com o grupo militante islâmico Hamas.

Em Março de 2023, Netanyahu demitiu Gallant depois de este ter rompido com o Governo e ter pedido a suspensão do plano de revisão do sistema judicial altamente contestado pelos israelitas. Este facto desencadeou protestos em massa e Netanyahu acabou por recuar.

Os deputados centristas criticaram Netanyahu por se ter deixado desviar por disputas políticas em vez de se concentrar na tarefa em mãos.

“Em vez de o primeiro-ministro se ocupar com a vitória sobre o Hamas, com o regresso dos reféns, com a guerra contra o Hezbollah e com o regresso dos residentes do Norte às suas casas, está ocupado com negócios políticos desprezíveis e com a substituição do ministro da Defesa”, escreveu nas redes sociais o deputado centrista Benny Gantz.

O ministro da Polícia, Itamar Ben-Gvir, que lidera um partido ultranacionalista na coligação de Netanyahu, defende há meses a substituição de Gallant e pede a sua demissão imediata.

“Temos de resolver a situação no Norte e Gallant não é o homem certo para o fazer”, afirmou Bem-Gvir, referindo-se a uma possível escalada do conflito com o Hezbollah.

Dezenas de milhares de israelitas foram retirados de áreas perto da fronteira libanesa, no Norte de Israel, devido aos disparos diários de foguetes do Hezbollah.

Gallant, que ascendeu ao posto de general durante uma carreira militar de 35 anos, disse no domingo ao secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, que estava empenhado em fazer regressar os residentes às suas casas e que a “possibilidade de alcançar um acordo está a esgotar-se”. Na segunda-feira, acrescentou que a única forma de fazer regressar às suas casas os residentes retirados do Norte era através de uma acção militar. Reuters

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