Ministro da Defesa desafia Netanyahu a rejeitar regime militar em Gaza

Yoav Gallant faz uma conferência de imprensa em que pede clareza ao primeiro-ministro.

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Palestinianos num bairro bombardeado na Cidade de Gaza Mahmoud Issa / REUTERS
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O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou que pediu uma decisão sobre um plano para quem ficaria a governar a Faixa de Gaza depois da ofensiva de Israel e que não recebeu uma resposta, num desafio claro ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

“Logo a 7 de Outubro, os ramos militares disseram que era preciso trabalhar para encontrar uma alternativa ao Hamas”, no poder na Faixa de Gaza. E disse que não irá concordar com o estabelecimento de um governo militar israelita na Faixa de Gaza. Um regime civil-militar em Gaza irá tornar-se o maior esforço lá e irá acontecer prejudicando outras arenas. Vamos pagá-lo em sangue e vítimas – e terá um pesado custo económico.”

De seguida, Gallant desafiou publicamente o primeiro-ministro “a tomar uma decisão e declarar que Israel não vai estabelecer um governo civil na Faixa de Gaza, que não haverá um regime civil-militar na Faixa de Gaza, e que vai promover uma alternativa governativa ao regime do Hamas”. Porque não tomar uma decisão, acrescentou, equivale a não deixar opções.

As palavras do ministro da Defesa, numa conferência de imprensa em que apareceu solene (e vestido de preto, cor que não deixou desde o ataque de 7 de Outubro), acontecem quando os Estados Unidos voltaram a referir a falta de um plano para o “dia seguinte” em Gaza e quando novas operações militares israelitas em locais em que o Hamas já tinha sido afastado mostrou que, depois de o vazio se instalar, o movimento ressurgia.

Netanyahu respondeu pouco mais tarde: “Depois do massacre terrível [de 7 de Outubro], ordenei a destruição do Hamas. Os combatentes das IDF [Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês] e as forças de segurança estão a lutar para o conseguir. Enquanto houver Hamas, nenhum outro actor irá governar Gaza – e de certeza que não será a Autoridade Palestiniana”, declarou Netanyahu, prometendo não substituir um bastião do Hamas por um da Fatah (a facção da Autoridade Palestiniana).

Esta não é a primeira vez que Gallant e Netanyahu têm uma discórdia pública. Netanyahu chegou aliás a anunciar, em Março de 2023, que demitia Gallant depois de o ministro da Defesa defender a suspensão da polémica reforma judicial – golpe judicial para os seus críticos – que o Governo tentava levar a cabo e que provocou uma enorme oposição em Israel.

O anúncio de Netanyahu fortaleceu ainda mais os protestos contra as medidas e que foram também contra o afastamento de Gallant. Mais tarde, o primeiro-ministro acabou por dizer que Gallant continuava no cargo, já que não o tinha despedido formalmente.

Ainda antes de Netanyahu falar, o ministro da Segurança Interna, o extremista Itamar Ben-Gvir, exigiu ao primeiro-ministro que afastasse o titular do cargo da Defesa, dizendo que “numa coisa” ele e Gallant concordam: que com Gallant na pasta da Defesa um regime militar israelita em Gaza não é boa ideia. “Precisamos de outro ministro da Defesa”, declarou.

De seguida, o outro importante extremista do Governo, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, fazia o seu próprio desafio a Netanyahu: que formalizasse a decisão de que a Autoridade Palestiniana não ficaria no poder na Faixa de Gaza.

Tudo isto acontece depois de uma marcha de colonos se ter dirigido para perto da Faixa de Gaza para pedir o regresso dos colonatos judaicos, que foram retirados em 2005, ao território palestiniano.

Houve ainda mais um ataque de extremistas israelitas a camiões palestinianos, um deles em que um condutor foi agredido e os bens que transportava danificados, porque os atacantes achavam que se tratava de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Já no início da semana tinha havido um ataque a camiões de ajuda.

Já Benny Gantz, antigo chefe do Exército que já foi rival de Netanyahu e agora integra o "gabinete de guerra", veio dizer que Gallant tem razão. “É da responsabilidade da liderança fazer o que é certo para o país custe o que custar.”

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