Palcos da semana: a dançar e Circular com Praga, jazz e novas exposições

Enquanto o MAAT inaugura três exposições (e mais virão), Almada entra na Quinzena de Dança, o Teatro Praga contrapõe Re: Antígona, Coimbra ouve Jazz ao Centro e Vila do Conde põe-se a Circular.

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RER, da companhia italiana Ivona, na Quinzena de Dança de Almada Pietrojorge
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O Teatro Praga estreia Re: Antígona Tiago Alexandre
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April Bey, We Learned To Love Ourselves Until We Were Full Until We Did Not Need Yours Untill We Realized Our Own Was Enough (2023) – uma obra para ver brevemente no MAAT Brica Wilcox
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Soa Ratsifandrihana traz G r oo v e ao festival Circular DR
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O contrabaixista Gonçalo Almeidam toca no Jazz ao Centro DR
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Entre Kafka e um Abrigo

São Castro, a Companhia de Dança de Almada e Kafka entram num certame. O resultado é um dos maiores destaques da 32.ª Quinzena de Dança de Almada: a estreia de The Promise of Burning In Reverse, resultante do desafio feito à coreógrafa para assinalar o centenário da morte do escritor. Internacionalmente falando, sobressai a vinda da companhia italiana Ivona, de Pablo Girolami, para uma sessão dupla: Manbuhsa e RER.

Elvi Balboa, Colectivo Glovo, Catarina Casqueiro e Tiago Coelho são outros criadores convocados para ocuparem o palco-laboratório desta edição, ao qual também sobem as peças da Plataforma Coreográfica Internacional – este ano, com uma atenção especial à produção espanhola – e um Abrigo inclusivamente intergeracional, coreografado por Ângela Ribeiro e Susana Rosendo.

O manifesto da quinzena enquanto “espaço vibrante para a apresentação e promoção da dança e linguagens que com ela se relacionam”, assinado pelos directores artísticos Ana Macara e Maria Franco, reflecte-se ainda em workshops, encontros, uma mesa-redonda e uma mostra de videodança.

Praga mata Antígona

A nova peça do Teatro Praga “mata Antígona de todas as formas que se lembrar, para lhe dar a morte a que nunca teve direito”, anuncia o grupo. Re: Antígona apresenta-se como uma reacção/resposta às inspirações, apropriações e actualizações de que a figura mitológica foi alvo desde que Sófocles a inscreveu no imaginário colectivo.

A essa via “massacrada por ideias de ‘bem’, ‘justiça’, ‘emancipação’, ‘utopia’ ou ‘desejo’”, o Praga contrapõe “um espectáculo que não procura produzir nada, mas que marca presença, satura e desconcerta”. A interpretação é de André e. Teodósio – também co-autor do texto com J. M. Vieira Mendes –, Inês Vaz, Maria João Vaz, Paula Diogo e Paulo Pascoal.

África, Klein e Dias

A diáspora africana, a fotografia de William Klein e trabalhos inéditos de Catarina Dias. É com esta trindade que o MAAT inaugura a temporada de exposições (abrimos parêntesis para uma nota futura importante: no fim de Outubro abrem mais duas, dedicadas a Vivian Suter e Anthony McCall).

A primeira é Black Ancient Futures. Com curadoria de João Pinharanda e Camila Maissune, reúne artistas que reimaginam “um passado, um presente e um futuro para a experiência artística negra numa realidade transcontinental”, sugerindo “mudanças de pontos de vista, tanto sobre a justiça racial e histórica como sobre a hierarquia e geografia da criação contemporâneas”, explica a folha de sala. São eles Baloji, April Bey, Jeannette Ehlers, Lungiswa Gqunta, Evan Ifekoya, Kiluanji Kia Henda, Nolan Oswald Dennis, Gabriel Massan, Jota Mombaça, Sandra Mujinga e Tabita Rezaire.

A segunda é um regalo para os amantes de fotografia: O Mundo Inteiro É Um Palco, com assinatura do ultra-influente William Klein (1926-2022), onde podem ser vistas cerca de 200 imagens que sublinham “a dimensão performativa do fotógrafo norte-americano”, com curadoria de David Campany.

O trio completa-se com Inverted On Us, individual da portuguesa Catarina Dias (n.1979, Londres), com Filipa Correia de Sousa como curadora, em que a artista “dá continuidade a um trabalho de questionamento em torno do enigma da visibilidade”.

Barcos e “coreomanias” a Circular

É a passear entre barcos em terra, num percurso Holofáutico de Daniel Moreira e Rita Castro Neves, que o Circular - Festival de Artes Performativas puxa a âncora à sua 20.ª edição, focada num sentido de “encontro, partilha e reflexão”. Também 20 são os eventos alinhados, entre música, teatro, dança, performances, conversas, oficinas, festas e exposições.

Depois de palmilhar os pergaminhos navais vilacondenses, o festival há-de contactar com a cultura malgaxe no G r oo v e a solo de Soa Ratsifandrihana e enveredar com Mette Ingvartsen pelas “coreomanias” de The Dancing Public – dois espectáculos em estreia nacional.

Também recebe, entre outros, Ana Vaz com programadora de um segmento, Joclécio Azevedo a remontar Apesar das Evidências, Sónia Baptista a “afrontar” em Sweat Sweat Sweat, o encontro do Supernova Ensemble com Silvestre Pestana numa Stage Vitrine e a percussão hipnótica do grupo Drumming no encerramento.

Ao encontro do jazz

Em Coimbra, é o Jazz ao Centro a chamar a atenção para a luxuosa e estimulante concentração de músicos a que habituou os frequentadores. À 22.ª ronda, o festival dirigido por José Miguel Pereira não foge a essa expectativa.

Tanto proporciona concertos a solo – caso da abertura, a cargo da pianista japonesa Satoko Fujii, e das actuações de Carlos Barretto e Zoh Amba – como se presta a encontros, seja de Rodrigo Amado, Samuel Gapp, Hernâni Faustino e João Lencastre em quarteto, seja num decateto multinacional ou na “improvável” chamada de músicos ligados à Tuna Académica da Universidade de Coimbra para improvisar com o maestro Luís Castro.

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