Chega disponível para negociar e viabilizar OE se Governo excluir PS das negociações

Depois de se ter colocado fora das negociações, o Chega recua e diz que está disponível se o PS for excluído.

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O Governo reuniu-se esta quarta-feira com o Chega que não tinha agenda para integrar a ronda de reuniões de ontem FILIPE AMORIM / LUSA
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O líder parlamentar do Chega afirmou esta quarta-feira que, se o Governo excluir o PS das negociações do próximo Orçamento do Estado e mostrar disponibilidade para acolher propostas do Chega, o partido está disponível para permitir a sua viabilização.

Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, Pedro Pinto disse que se o executivo disser que "não quer nada com o PS" e que quer chegar a um "acordo de viabilização do OE" com o Chega, o Governo "poderá contar" com o partido liderado por André Ventura.

O líder parlamentar do Chega falava aos jornalistas após uma reunião sobre o Orçamento do Estado para 2025 com os ministros de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, da Presidência, António Leitão Amaro, e dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.

Chega: OE não pode ter nenhuma proposta do PS

"Neste cenário de 'não queremos nada com o PS, não queremos acolher as propostas do PS, queremos falar com o Chega e fazer uma solução de Governo e uma solução para aprovar este Orçamento', cá estaremos para falar", acrescentou.

A posição do Chega surge depois de, nos primeiros meses da legislatura, várias medidas do PS terem sido viabilizadas com a abstenção do partido de André Ventura e à revelia do PSD. O fim das portagens em algumas das antigas Scut (auto-estradas sem custos para os utilizadores) aprovado em Maio, por exemplo, teve mesmo o voto a favor do Chega, que votou ao lado da esquerda parlamentar. E no Orçamento do Estado para 2022, por exemplo, o Chega votou ao lado do PS 56 vezes na fase de discussão das propostas de alterações ao OE.

Agora, o deputado do Chega disse que "houve uma tentativa dos três membros do Governo [presentes na reunião] de dizer que não estão a negociar com o PS" e que é preciso o executivo vir clarificar sobre se estão ou não em negociações com os socialistas.

Para Pedro Pinto, esta posição não contradiz o que tem sido dito pelo presidente do partido sobre o próximo OE, uma vez que, frisou, André Ventura "não fechou" totalmente a porta à aprovação do próximo orçamento e tem ressalvado que o voto contra do Chega é "irrevogável se o acordo [para viabilizar o OE] for com o PS".

Esta terça-feira, em declarações aos jornalistas antes do arranque das jornadas parlamentares do partido, em Castelo Branco, o líder do Chega foi questionado se o voto contra a proposta orçamental é irrevogável e respondeu: "Com o entendimento entre o Governo e o PS? Eu diria que sim, é irrevogável".

Pedro Pinto reiterou que "não há um recuo" por parte do partido em relação ao próximo ao OE e relembrou a importância de temas como a valorização das forças de segurança e combate à corrupção para uma eventual negociação com o Governo.

Para o encontro desta manhã, explicou Pedro Pinto, o partido não levou qualquer proposta para apresentar ao Governo, como havia sido feito no primeiro encontro de âmbito orçamental, uma vez que o partido "saiu das negociações" e vai reservar as suas medidas para o debate orçamental na Assembleia da República.

"Não nos furtamos ao debate, nunca o fizemos e os portugueses podem estar descansados que o Chega vai estar ali na primeira linha a apresentar as medidas do seu programa", afirmou.

O partido criticou ainda a ausência do primeiro-ministro desta ronda de encontros com os partidos da oposição.