Como melhorar os impactos sociais e ambientais da indústria têxtil
No 2.º dia dos Encontros com Futuro, o mote é encontrar o equilíbrio entre as dimensões social e ambiental, tendo como ponto de partida a indústria têxtil.
Quando o tema é sustentabilidade, as abordagens são diversas. Aplicar critérios relacionados com impacto ambiental e social e equilibrar a balança da gestão organizacional com a sustentabilidade em primeiro plano é uma questão, mais complexa, que tem sido estudada, debatida e regulamentada. Se na sua primeira edição, em 2023, os Encontros com Futuro se dividiram em três dias de pensamento, debate e reflexão em torno dos diferentes pilares do ESG – do inglês “environmental, social and governance” (ambiental, social e de administração) enquanto orientações estratégicas para as organizações –, este ano a proposta é cruzar diferentes perspectivas de inovação, formação para as empresas e projectos que impactem directamente os cidadãos.
A pegada ambiental da indústria
Considerada das mais poluentes, a indústria têxtil tem sido impactada por dois fenómenos: por um lado, o consumismo desmedido; por outro, a consciencialização dos impactos ambientais – e sociais. Para equilibrar a balança, ferramentas como o Higg Materials Sustainability Index (ver caixa), que mede os impactos ambientais de diferentes materiais usados na produção de roupa e calçado, são essenciais para ajudar os fabricantes a tomar decisões mais sustentáveis.
Portugal é o segundo maior produtor de calçado da Europa e, além de desempenhar um papel crucial na mediação das lutas desta indústria, a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Couro, Artigos de Pele e Sucedâneos (APICCAPS) tem sido também peão importante na promoção de uma transição sustentável na indústria do calçado nacional. Maria José Ferreira, oradora principal deste segundo dia de discussão é porta-voz do projecto Bioshoes4all, uma iniciativa liderada pela APICCAPS com o objectivo de promover uma transição sustentável na indústria do calçado em Portugal. O projecto envolve um consórcio de 70 parceiros, 20 entidades de investigação e desenvolvimento e 50 empresas de diversas áreas complementares, para que, em conjunto, seja possível uma transformação sustentável nos materiais, processos e produtos.
Sobre os parceiros do Bioshoes4all, a porta-voz aponta, antes de mais, o propósito comum: “Desde micro a grandes empresas, todas orientadas para concretizar uma mudança radical ao nível da sustentabilidade dos materiais, produtos químicos, processos de fabrico, modelos de negócio e produtos finais de calçado e marroquinaria.” Todos contribuem de forma complementar e sinérgica. “Pelo modo como foi organizado e está a ser concretizado”, explica, “o projecto apresenta um potencial relevante de transformação do cluster do calçado português e de ter impacto internacional.” Pode o exemplo do Bioshoes4all aplicar-se a outros sectores? Depois da apresentação da oradora principal, seguem-se os comentários de Rick Ridgeway, montanhista e ambientalista, e de Duarte Cordeiro, parceiro da consultora de sustentabilidade Shiftify e ex-ministro do Ambiente e Acção Climática.
Responsabilidade Social e Ambiental com peso e medida
O debate, moderado pela jornalista Fernanda Freitas, conta ainda com os contributos de Mariana Banazol, da Too Good to Go, Inês Oom de Sousa, presidente da Fundação Santander, e de João Pedro Neto, da Thingle. No dia anterior, discute-se o estado da arte do ESG. Ambas as conferências acontecem no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. No dia 25 de Setembro, para assinalar o Dia Nacional da Sustentabilidade, a iniciativa passa pela Fundação de Serralves, no Porto.
A participação é gratuita e as inscrições para as três conversas estão disponíveis online.