Como melhorar os impactos sociais e ambientais da indústria têxtil

No 2.º dia dos Encontros com Futuro, o mote é encontrar o equilíbrio entre as dimensões social e ambiental, tendo como ponto de partida a indústria têxtil.

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Fábrica da Criatividade, um centro de criação e de produção cultural, com 19 valências diferentes, entre oficinas, ateliers, escritórios, um auditório, camarins, sala de conferências, no antigo edifício de uma fábrica têxtil que faliu nos finais do século XX Daniel Rocha
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Quando o tema é sustentabilidade, as abordagens são diversas. Aplicar critérios relacionados com impacto ambiental e social e equilibrar a balança da gestão organizacional com a sustentabilidade em primeiro plano é uma questão, mais complexa, que tem sido estudada, debatida e regulamentada. Se na sua primeira edição, em 2023, os Encontros com Futuro se dividiram em três dias de pensamento, debate e reflexão em torno dos diferentes pilares do ESG do inglês “environmental, social and governance” (ambiental, social e de administração) enquanto orientações estratégicas para as organizações –, este ano a proposta é cruzar diferentes perspectivas de inovação, formação para as empresas e projectos que impactem directamente os cidadãos.

A pegada ambiental da indústria

Considerada das mais poluentes, a indústria têxtil tem sido impactada por dois fenómenos: por um lado, o consumismo desmedido; por outro, a consciencialização dos impactos ambientais e sociais. Para equilibrar a balança, ferramentas como o Higg Materials Sustainability Index (ver caixa), que mede os impactos ambientais de diferentes materiais usados na produção de roupa e calçado, são essenciais para ajudar os fabricantes a tomar decisões mais sustentáveis.

Portugal é o segundo maior produtor de calçado da Europa e, além de desempenhar um papel crucial na mediação das lutas desta indústria, a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Couro, Artigos de Pele e Sucedâneos (APICCAPS) tem sido também peão importante na promoção de uma transição sustentável na indústria do calçado nacional.​ Maria José Ferreira, oradora principal deste segundo dia de discussão é porta-voz do projecto Bioshoes4all, uma iniciativa liderada pela APICCAPS com o objectivo de promover uma transição sustentável na indústria do calçado em Portugal. O projecto envolve um consórcio de 70 parceiros, 20 entidades de investigação e desenvolvimento e 50 empresas de diversas áreas complementares, para que, em conjunto, seja possível uma transformação sustentável nos materiais, processos e produtos.

Sobre os parceiros do Bioshoes4all, a porta-voz aponta, antes de mais, o propósito comum: “Desde micro a grandes empresas, todas orientadas para concretizar uma mudança radical ao nível da sustentabilidade dos materiais, produtos químicos, processos de fabrico, modelos de negócio e produtos finais de calçado e marroquinaria.” Todos contribuem de forma complementar e sinérgica. “Pelo modo como foi organizado e está a ser concretizado”, explica, “o projecto apresenta um potencial relevante de transformação do cluster do calçado português e de ter impacto internacional.” Pode o exemplo do Bioshoes4all aplicar-se a outros sectores? Depois da apresentação da oradora principal, seguem-se os comentários de Rick Ridgeway, montanhista e ambientalista, e de Duarte Cordeiro, parceiro da consultora de sustentabilidade Shiftify e ex-ministro do Ambiente e Acção Climática.

Responsabilidade Social e Ambiental com peso e medida

O debate, moderado pela jornalista Fernanda Freitas, conta ainda com os contributos de Mariana Banazol, da Too Good to Go, Inês Oom de Sousa, presidente da Fundação Santander, e de João Pedro Neto, da Thingle. No dia anterior, discute-se o estado da arte do ESG. Ambas as conferências acontecem no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. No dia 25 de Setembro, para assinalar o Dia Nacional da Sustentabilidade, a iniciativa passa pela Fundação de Serralves, no Porto.

A participação é gratuita e as inscrições para as três conversas estão disponíveis online.

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