Na Vuelta, Roglic não deixou para amanhã o que pôde fazer hoje

O esloveno não tinha de “matar” hoje a corrida, mas preferiu ganhar já uma boa vantagem e encarar tranquilamente as duas etapas finais. Em teoria, a Vuelta está encerrada na luta pela vitória.

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O pelotão da Vuelta 2024 JAVIER LIZON / EPA
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Nesta sexta-feira, a etapa da Vuelta tinha tudo para ser o fim da prova – ou algo parecido com isso –, pelo menos a nível de luta pela vitória. E assim foi, com Primoz Roglic a ir para o fim-de-semana final com o triunfo “no bolso”.

Em rigor, até nem havia obrigação de Roglic vencer e chegar à vermelha já neste dia. Mas ele quis resolver já o assunto, não deixando para amanhã o que pôde fazer hoje.

E, apesar de possíveis leituras estratégicas diferentes, tudo indicava que assim fosse nesta etapa 19. A camisola vermelha de Ben O’Connor estava presa por cinco segundos – e a diferença tem vindo a cair aos poucos, com o australiano deixado por Primoz Roglic a “arder em lume brando”. Depois, o desenho da etapa era perfeito para Roglic, com uma subida curta e explosiva, com oito quilómetros a mais de 9% de inclinação média – e zonas acima dos 15.

Não parecia haver como impedir o esloveno de agarrar a camisola vermelha e deixar O’Connor, Enric Mas e Richard Carapaz em agonia, até porque ainda há muita montanha neste sábado e, sobretudo, um contra-relógio no qual Roglic ganhará muito tempo a todos eles.

O esloveno beneficiou do trabalho da equipa para mostrar quem manda nesta Vuelta e venceu a etapa com autoridade. Lidera a corrida com 1m54s de vantagem para O'Connor e 2m20s para Mas.

Fuga controlada

Houve uma fuga de cinco ciclistas formada ainda cedo na etapa, mas ninguém era um perigo para a classificação geral, pelo que o pelotão poderia deixar os aventureiros irem onde quisessem.

Cinco minutos, 15, 20, 30... até uma hora seria aceitável, já que o mais bem colocado, Isaac Del Toro, estava a mais de uma hora e meia do camisola amarela.

Por que motivo a Bora não deixou a Del Toro, Planckaert, Mihojevic, Braet e Petilli irem à sua vida e ficarem com a luta pela etapa? Porque Roglic e a Bora queriam tudo.

Depois de ali ter vencido em 2020, o esloveno terá querido exibir força e a Bora, que chegou a dar cinco minutos de vantagem aos fugitivos, acabou por controlar a diferença e anulá-la assim que quis.

Na subida final, a Bora encabeçava o pelotão com quatro ciclistas e o último dos quais, Lipowitz, cedeu. Isso levou a um corte no grupo, porque ninguém esperava essa quebra repentina no último homem da Bora. Foi propositado? Talvez, até porque não é inédito. Mas não é comum e isso deixa a dúvida. Mas não há dúvida de que é uma boa táctica para romper um grupo que vai no limite.

De repente, ficaram três ciclistas da Bora sozinhos, algo que era terreno perfeito para rebocarem Roglic montanha acima. O esloveno acabou por seguir sozinho e foi uma crono-escalada a partir daí – estávamos a cerca de cinco quilómetros da meta. A Bora trabalhou muito bem e o esloveno cumpriu. Pareceu fácil.

Para este sábado está desenhada uma etapa com sete subidas, três delas de primeira categoria. Vai ser um suplício para quem não estiver bem fisicamente e é o perfil perfeito para uma corrida caótica.

Ciclistas importantes na classificação geral poderão colocar-se em fuga e isso pode baralhar as contas de muita gente – até mesmo Roglic, caso a Bora não consiga colocar ninguém na fuga ou caso o esloveno fique isolado.

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