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Em Gaza, a comida é um luxo. Três batatas custam 36 euros
Ao entrar num mercado no norte de Gaza, percebe-se que a guerra toma muitas formas. Dois ovos, seis euros. Leite em pó e farinha láctea, 24 euros. Há um ano, três batatas custavam 50 cêntimos.
A população de Gaza sofre com insegurança alimentar “catastrófica”. “É o maior número de pessoas que enfrentam uma fome catastrófica alguma vez registado pelo sistema de Classificação Integrada de Segurança Alimentar – em qualquer lugar, em qualquer momento", afirmou, em Março, o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Esta é uma tragédia provocada”, garantiu.
Ao entrar num mercado no norte de Gaza, percebe-se que a guerra toma muitas formas. Dois ovos, seis euros. Leite em pó para bebé e farinha láctea, 24 euros. Três batatas, 36 euros — há um ano, custavam cerca de 50 cêntimos.
Naquela faixa de terra bloqueada por Israel, a alimentação é um luxo. E, ainda que a situação tenha piorado desde o final de 2023, antes de 7 de Outubro dois terços da população já recebia ajuda alimentar. Nessa altura, 1% das crianças estava gravemente desnutrida. Hoje, segundo dados da UNICEF, uma em cada três crianças está em estado de subnutrição aguda ou a sofrer definhamento. Os dados da IPC sobre a população geral dizem que 96% enfrenta níveis agudos de insegurança alimentar.
A IPC entrevistou várias pessoas em Gaza — mais de 20% afirmaram que passam vários dias e noites sem comer. E para poder comprar alguma comida, mais de metade das famílias de Gaza vendem roupas e um terço recolhe e vende lixo.
Se tudo é difícil de encontrar, os alimentos frescos são praticamente impossíveis. Há famílias que não comem um único legume ou fruta há 11 meses. Quando têm sorte, alimentam-se de enlatados e cereais que chegam em camiões de ajuda humanitária.
A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou que Israel tem recusado cada vez mais missões e movimentos humanitários — em Agosto, recusou 68 no norte da Faixa de Gaza, o número duplicou relativamente a Julho. No final de Agosto, um veículo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) foi atingido pelo exército israelita e o organismo da ONU viu-se obrigado a suspender temporariamente as operações em Gaza.