Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, apresenta a demissão

É um dos nomes mais sonantes do Governo de Zelensky. Dmytro Kuleba apresentou a demissão e faz agora parte de uma remodelação governamental que começou com a saída de quatro ministros na terça-feira.

Foto
Dmytro Kuleba é o quinto ministro de Volodymyr Zelensky a apresentar a demissão, depois de outras quatro saídas anunciadas na terça-feira THAIER AL-SUDANI / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:24

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, apresentou a demissão nesta quarta-feira e faz agora parte da maior remodelação governamental dos 30 meses de guerra contra a Rússia. Era um dos nomes mais populares do Governo de Volodymyr Zelensky. Esperam-se mais demissões e nomeações nos próximos dias, depois de cinco ministros se terem demitido na terça-feira, naquilo que um alto aliado do Presidente Volodymyr Zelensky considerou ser o início de uma "reconfiguração" governamental antes do Inverno.

A carta de demissão de Kuleba foi publicada no Facebook pelo presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, que adiantou que os deputados iriam discutir em breve o pedido. O Parlamento espera votar as demissões ainda nesta quarta-feira, no que é normalmente uma formalidade política. Ruslan Stefanchuk está, de resto, a publicar as cartas escritas à mão de todos os ministros que se têm demitido nas últimas 24 horas.

Zelensky já tinha anunciado mudanças iminentes no Governo e afirmou que as remodelações, que surgem num momento crucial do conflito em grande escala, são "necessárias para reforçar a resistência ucraniana e obter os resultados de que a Ucrânia necessita". "O Outono será extremamente importante para a Ucrânia. E as instituições do nosso Estado devem ser configuradas para que a Ucrânia alcance todos os resultados de que necessitamos, para todos nós", disse na terça-feira.

As forças russas estão a avançar no Leste da Ucrânia, com as tropas ucranianas a fazer uma incursão ousada na região russa de Kursk e Moscovo a intensificar os ataques com drones e mísseis nas últimas semanas.

David Arakhamia, um legislador sénior do partido Zelensky, disse na terça-feira que iria haver uma "grande mudança de Governo" que implicaria a mudança de mais de metade dos ministros. Mas os rumores de que Dmytro Kuleba sairia do Governo já se prolongam desde Agosto do ano passado, altura em que o ministro afirmou não estar preparado para uma eventual demissão. "Eu trabalho, nenhum emprego é permanente, e estou totalmente tranquilo sobre tudo", disse Kuleba.

"Eu disse logo no começo [da guerra em grande escala na Ucrânia] que sairia sob duas circunstâncias: a primeira era se o Presidente me pedisse para o fazer. A segunda era se eu entrasse em alguma contradição fundamental com a política externa e não considerasse possível trabalhar com ela", apontou o ministro demissionário. Não se sabe ao certo qual das situações levou à demissão de Dmytro Kuleba, mas já há um nome em cima da mesa para o substituir: o seu número dois, Andri Sybiha.

Ainda nesta terça-feira, outros cinco ministros apresentaram a demissão a Volodymyr Zelensky, que em Março já tinha avisado que "os ucranianos podem esperar remodelações governamentais no futuro": Alexander Kamyshin, ministro das Indústrias Estratégicas; Denys Maliuska, ministro da Justiça; Ruslan Strilets, ministro da Ecologia e Recursos Naturais; Olha Stefanishyna, vice-primeira-ministra para a Integração Europeia e Euro-Atlântica; e Iryna Vereshchuk, a vice-primeira-ministra da Ucrânia e ministra da Reintegração. São nomes que se juntam ao de Vitali Koval, o chefe do Fundo de Propriedade Estatal da Ucrânia, que também se demitiu ao fim de nove meses no cargo.

Espera-se que a remodelação governamental continue a derrubar outros ministros que integram actualmente o Governo de Zelensky. David Arakhamia, o chefe do partido Servos do Povo, a que pertence o Presidente ucraniano, disse ainda na terça-feira que o dia 4 de Setembro, esta quarta-feira, seria "o dia das demissões". Esta quinta-feira, dia 5, "é o dia das nomeações", cita o Kyiv Independent.