Adoecer de sedentarismo, o preço do conforto?

Você trabalha sentado em frente ao computador, usa o elevador para subir andares e se desloca de automóvel? O estilo de vida moderno oferece conforto, mas cobra seu preço na saúde.

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Sob a perspectiva evolutiva, o comportamento sedentário é uma novidade biológica muito recente. Até bem pouco tempo na história da humanidade, atender necessidades básicas de vida demandava muita atividade física diária. Com as revoluções industrial e tecnológica, o ser humano foi resolvendo uma série de desafios, aumentando a eficiência na produção alimentar e no trabalho e incorporando tecnologia em praticamente todos os processos que antes dependiam da força física do corpo biológico: um conforto sem tamanho. Por outro lado, percebe-se que o corpo humano não foi selecionado (pela seleção natural) para viver de forma sedentária, e as consequências negativas para a saúde começam a aparecer.

De acordo com a Sociedade Americana de Cardiologia, os empregos sedentários aumentaram 83% desde 1950 nos Estados Unidos. A duração média diária de comportamento sedentário entre norte-americanos é de aproximadamente oito horas por dia. Considerando que um adulto permanece acordado por cerca de 16 horas, isso significa que, em média, 50% do tempo é gasto de forma sedentária.

E isso não ocorre apenas nos EUA, mas em todos os países com níveis de conforto moderno similares. Trata-se de um problema de saúde pública global, com impacto na vida de milhões de pessoas. Quanto mais sedentária for a pessoa, maior o risco de desenvolver diabetes tipo 2, déficit cognitivo, osteoporose, cânceres e morte precoce.

A associação entre sedentarismo e adoecimento metabólico (síndrome metabólica caracterizada por obesidade central, dislipidemia, hipertensão e pré-diabetes ou diabetes) é muito significativa: pessoas sedentárias têm até três vezes mais probabilidade de desenvolver síndrome metabólica do que pessoas ativas.

A grande questão que precisamos enfrentar como sociedade é como se beneficiar do conforto da modernidade sem sofrer seus efeitos adversos na saúde. Um excelente começo é tomar conhecimento do impacto negativo do sedentarismo no corpo. Em seguida, usar a criatividade para acrescentar mais atividade física no dia a dia.

Recentemente, o governo francês lançou uma campanha em suas mídias sociais sugerindo que trabalhadores de escritório se levantem a cada hora para se movimentar por um a dois minutos, seja caminhando, seja subindo escadas, fazendo agachamentos ou dançando — a escolha é livre.

Outras ideias para períodos sedentários incluem a “flexão de panturrilhas” enquanto sentado, o uso de bandas elásticas para exercícios isométricos de pernas ou braços, adoção de mesas de trabalho com esteiras ou bicicletas de escritório. E, após refeições, que tal levar o cachorro para passear ou atender o telefone caminhando? São ações relativamente simples que podem limitar o impacto negativo do sedentarismo na saúde.

Aguardo ansiosamente o momento em que instituições e empresas promovam, de forma sistemática, a neutralização do sedentarismo dentro de suas organizações. Imagine se isso se tornasse um item do checklist de avaliação de empresas em relação à segurança no trabalho? Uma ideia a se pensar.

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