Elle Macpherson recusou fazer quimioterapia e quis ser tratada “holisticamente” ao cancro da mama

Os médicos aconselharam a modelo australiana a fazer uma mastectomia seguida de quimioterapia, mas Macpherson decidiu seguir outra abordagem. “As pessoas pensavam que eu era louca”, conta.

Foto
Elle Macpherson tem 60 anos REUTERS/Stephanie Lecocq
Ouça este artigo
00:00
03:37

A supermodelo australiana Elle Macpherson foi diagnosticada com cancro da mama há sete anos, mas nunca fez quimioterapia. A história é partilhada pela própria no novo livro de memórias, Elle: Life, Lessons, and Learning to Trust Yourself (ainda sem tradução em português), onde confessa que recusou fazer os tratamentos aconselhados “por 32 médicos” e decidiu tratar-se com recurso a terapias alternativas.

Macpherson, agora com 60 anos, conta numa entrevista à revista Australian Women’s Weekly que foi um “choque” receber a notícia de que tinha HER2, um dos tipos mais agressivos de cancro da mama. “Foi inesperado, foi confuso, foi assustador em muitos aspectos. Deu-me realmente a oportunidade de aprofundar o meu sentido interior para encontrar uma solução que funcionasse para mim”, declara.

Os médicos aconselharam-na a fazer uma mastectomia com radiação, seguida de quimioterapia, terapia hormonal e, finalmente, reconstrução da mama. Mas Elle Macpherson decidiu ignorar os conselhos dos especialistas e foi submetida apenas a uma lumpectomia, que remove o tumor e preserva a mama, o que a poderá ter salvado.

Na altura, namorava com o polémico médico britânico Andrew Wakefield, que não só é contra as vacinas, como também estabelecia uma ligação entre a vacinação e o risco de desenvolver uma perturbação do espectro do autismo — o que, cientificamente, não tem qualquer validação.

Então, foi aconselhada pelo namorado a ser tratada “holisticamente” e, para isso, arrendou uma casa em Phoenix, Arizona, onde durante oito meses foi acompanhada por especialistas em naturopatia, osteopatia, quiropráticos e dois psicólogos. “Dizer não às soluções médicas padrão foi a coisa mais difícil que já fiz na minha vida. Mas dizer não ao meu próprio sentido interior teria sido ainda mais difícil”, argumenta.

A decisão não foi bem aceite, especialmente pelos filhos Flynn, 26 anos, e Cy, 21, fruto da relação com o empresário francês Arpad Busson (que também foi casado com Uma Thurman). “As pessoas pensavam que eu era louca. Mas eu sabia que tinha de fazer uma escolha que me tocasse verdadeiramente. Para mim, isso significava abordar os factores emocionais e físicos associados ao cancro da mama e isso exigia coragem”, insiste.

Agora, a modelo diz que o cancro está “em remissão” e quer partilhar os conselhos de bem-estar através de uma marca de produtos naturais de luxo, a Welleco. “Diria que estou em total bem-estar. Verdadeiramente, de todas as perspectivas, de todas as análises de sangue, de todos os exames, de todos os exames de imagem, mas também a nível emocional, espiritual e mental — não apenas físico.”

Foto
Elle Macpherson, Naomi Campbell e Claudia Schiffer em 1996 Gustau Nacarino/REUTERS

Este não é o primeiro susto de saúde de Elle Macpherson que, em 2013, descobriu um quisto benigno na mama. “Fiz um exame de consciência e percebi que talvez estivesse a tomar as vitaminas e os minerais errados, não comia bem”, justificou a supermodelo que se tornou conhecida nos anos 1990 ao lado de nomes como Naomi Campbell, Cindy Crawford ou Linda Evangelista.

Não há fundamento científico no que toca à influência das terapias alternativas no tratamento do cancro, ainda que um estilo de vida saudável possa optimizar os resultados da quimioterapia e aumentar o bem-estar do doente.

O exemplo de Steve Jobs é um dos mais célebres no que toca à recusa de tratamentos oncológicos. O fundador da Apple tinha 48 anos quando lhe foi diagnosticado um cancro pancreático a tempo de ser curado. Jobs recusou-o e passou nove meses a tentar curar-se com sumos de frutas, dietas vegetarianas e outros “remédios” que encontrava na Internet. Até que, acabou por se submeter à cirurgia. Viria a morrer sete anos mais tarde, aos 56 anos, após múltiplas complicações relacionadas com a doença.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários