Diogo Miranda está de volta à moda e é o novo director criativo da A Line

O criador, que é um dos nomes mais aclamados da moda portuguesa, tinha-se despedido da moda em Junho do ano passado. Agora, vai liderar uma marca nascida na indústria têxtil.

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Diogo Miranda apresentava no Portugal Fashion Martin Henrik/arquivo
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O criador Diogo Miranda está de volta à moda. Depois de ter encerrado a marca em nome próprio em 2023, o designer acaba de ser nomeado director criativo e artístico da marca portuguesa A Line. “Estou ansioso por desenvolver o espírito único de inovação e mestria artesanal da marca, à medida que propomos uma nova e brilhante visão”, celebra em comunicado o jovem de Felgueiras, que apresentará a nova colecção para a Primavera/Verão de 2025.

A nomeação de Diogo Miranda representa um reposicionamento para a A Line, até agora pouco conhecida pelos portugueses e que esteve focada em exclusivo no mercado internacional. Em Maio deste ano, a empresa abriu a primeira loja no Porto e o seu director executivo, Hélder Gonçalves, falava ao PÚBLICO sobre a ambição de crescer, que será agora reforçada com o novo director criativo.

“A sua visão inovadora que une o artesanal e o contemporâneo é o que precisamos para levar a marca a novos patamares. Acreditamos que a dedicação e o talento do Diogo fortalecerão ainda mais a nossa identidade, ao mesmo tempo que ampliam o nosso reconhecimento e impacte internacional”, declara o responsável no comunicado enviado às redacções, nesta terça-feira.

Diogo Miranda surpreendeu o (pequeno) mundo da moda portuguesa em Junho de 2023, ao anunciar o encerramento do atelier próprio depois de 15 anos de carreira. “Todas as coisas boas chegam ao fim. Indiscutivelmente, fizemos a marca relevante na moda e com tantos sucessos comerciais. Estou orgulhoso do que conquistámos”, escrevia então.

Quando se estreou em 2007 na plataforma de novos talentos da Portugal Fashion (PF), Diogo Miranda afirmou-se desde cedo como “jovem promessa da moda portuguesa”, título com que “lidava muito mal”, confessou, por diversas vezes, ao PÚBLICO. Mas certo é que a ascensão na moda foi rápida, graças à mestria da construção e da modelagem das formas femininas, sendo especialmente conhecido pelos vestidos românticos em tecidos leves. Entre 2015 e 2020 apresentou-se na Semana da Moda de Paris com o apoio da PF — a semana de moda está actualmente suspenso, por falta de financiamento.

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A noiva de Diogo Miranda EPA/JOSE COELHO/ARQUIVO
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Desfile em Outubro de 2021 na Casa do Roseiral no Porto Manuel Lastiri

Em Março de 2023, ainda sem revelar que seria a sua derradeira colecção, Diogo Miranda levou uma despedida à passerelle da PF. Pela primeira vez, apresentou uma noiva num desfile e explicou ao PÚBLICO que sentiu ser o momento certo para este fincar de posição: “Se morrer amanhã, gostava que me recordassem assim.”

Apesar do sucesso comercial da sua marca — vestia actrizes como Joana Ribeiro, Vitória Guerra ou Maria João Bastos —, Diogo Miranda era um dos maiores críticos da falta de valorização da moda de autor. “Queria que a indústria de moda fosse efectivamente reconhecida em Portugal, e que o nosso trabalho fosse valorizado”, dizia numa grande entrevista ao PÚBLICO a propósito dos 15 anos de carreira.

Agora, a ligação à indústria têxtil poderá ser um caminho mais estável do que a moda de autor independente. A A Line nasceu em 2016 no seio da Spring, uma confecção em Paços de Ferreira que “produz 300 mil peças de roupas por ano”, adiantava o fundador ao PÚBLICO. Para já, detalhava, a marca própria ainda representa uma pequena percentagem do negócio da empresa de private label, mas a ambição é crescer.

A estética da A Line em muito se identifica com a de Diogo Miranda, não só pelas silhuetas femininas, mas também pela grande atenção à qualidade dos materiais e à excelência da modelagem. Até agora, o design era responsabilidade da equipa interna e a aposta num director criativo poderá significar uma abordagem mais próxima da moda de autor, mas mantendo a componente de negócio. “O design de autor não abdica do estatuto de criador, mas a indústria não gosta desse tipo de instabilidade. Faltam designers que tenham uma vertente mais comercial”, declara Hélder Gonçalves, que terá encontrado essas qualidades em Diogo Miranda.

A A Line não é a primeira marca nascida no seio da indústria têxtil que aposta num director criativo. A Nopin nasceu numa fábrica em Fânzeres e foi renovada nos últimos anos, deixando de ser uma marca puramente industrial para mergulhar na autoria com a jovem Catarina Pinto. A vantagem deste tipo de marcas face a um atelier de um designer prende-se com a qualidade da confecção, defendem. “Temos uma forma de trabalhar mais limpa e rápida, mas também conseguimos acabamentos finais muito bons. Devemos mostrar ao resto do mundo que sabemos fazer bem em Portugal”, defendia a jovem, numa entrevista de 2022 ao PÚBLICO.

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