Cristiano Ronaldo ainda mais motivado para continuar

Capitão da selecção está focado no presente e feliz por poder ajudar Portugal a evoluir neste início de uma nova fase marcada pela ambição de conquistar a Liga das Nações.

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Cristiano Ronaldo MANUEL DE ALMEIDA / EPA
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Ultrapassada alguma desilusão deixada pelo Europeu na Alemanha, Portugal iniciou esta segunda-feira uma nova etapa da selecção nacional, tendo Cristiano Ronaldo sido o porta-voz de um grupo apostado em conquistar a Liga das Nações.

Portugal defronta no Estádio da Luz a Croácia (dia 5) e a Escócia (dia 8), adversários do Grupo 1, que integra ainda a Polónia. Mas a conferência de imprensa passou ao lado de quaisquer questões relacionadas com o momento dessas selecções.

A presença de Cristiano Ronaldo levou a conversa para um campo muito particular, com o avançado a manter o tabu, deixando em aberto o futuro e a questão do adeus à selecção.

"Para ser sincero, toda essa discussão na imprensa ainda me deu mais motivação para continuar!", disparou, com ar de quem está muito longe da reforma e pouco disposto a discutir uma presença no próximo Mundial.

"A minha motivação é ganhar a Liga das Nações. É a próxima competição, uma prova que já ganhámos, e que temos de encarar com o objectivo de repetir essa conquista", atalhou, deixando uma mensagem clara. "Não penso a longo prazo, penso sempre a curto prazo!".

As questões, como a renovação da selecção, sucederam-se com tentativas de desarmar um avançado que está a um tiro certeiro de quebrar a barreira dos 900 golos. Mas Ronaldo estava preparado para todos os cenários e manteve-se fiel à ideia de não adiantar o relógio.

"Faz parte. A selecção sempre foi assim. A vinda de novos jogadores para integrar já acontecia quando aqui cheguei. E já são bastantes anos. O papel dos jogadores mais experientes será sempre o mesmo. Ajudar quem vem. É muito importante para o presente e para o futuro e vejo com bons olhos as experiências que o mister está a promover".

Euro 2024 "não foi um fracasso"

Cristiano Ronaldo levantou, a propósito do seu suposto papel de "pai" da nova geração, um pouco do véu do que se passa nos corredores da selecção.

"Muitos deles têm vergonha de falar comigo. Ainda agora estava a subir para o quarto e vi o miudinho novo, de 17 anos, o Quenda, e fui ter com ele, lá no fundo do corredor, e perguntei: 'Então, jogador, estás recuperado do jogo? Vi que ficou um bocado envergonhado. Mas para quem me conhece, sabe que aqui sou, não digo um pai, mas um irmão mais velho. Sempre a tentar ajudar na integração. Passei pelo mesmo e sempre fui bem recebido. É uma família e quando alguém vem é uma mais-valia para preparar para o futuro, mas sempre a pensar no presente, que é o mais importante".

Do passado recente, Cristiano Ronaldo abordou a participação do Campeonato da Europa para desdramatizar uma eliminação precoce.

"É difícil evoluir nos bons momentos. No futebol e na vida. É quando as coisas correm menos bem que evoluímos. E é preciso ter a capacidade de encarar esses momentos com optimismo, leveza e tranquilidade. No Euro, a expectativa foi colocada demasiado alto. Se tivéssemos vencido nos penáltis... estávamos nas meias-finais. E ficavam todos contentes. Depois, com a Espanha, podia correr bem ou mal. Para mim não foi uma desilusão. Foi parte do crescimento de uma selecção que foi positivo. Ninguém gosta de perder, mas não foi um fracasso. Foi uma vitória e temos de estar orgulhosos".

Continuo a ser mais-valia

Apesar de ter adoptado um registo descontraído, em que foi brincando com as palavras e com alguns episódios do passado - como a "rebelião" em Manchester -, Cristiano Ronaldo reforçou a ética profissional e a clarividência de perceber quando for a altura de sair pela porta grande.

"Sempre que fui respeitado, dentro de uma ética profissional, respeitei as decisões dos treinadores e dos clubes. Sem controvérsias. Mas na minha mente, até ao fim da carreira, serei sempre um titular. O que sinto neste momento e o que as palavras do mister demonstram, é que continuo a ser uma mais-valia na selecção. E quando sentir que não sou uma mais-valia, serei o primeiro a ir embora... de consciência tranquila", assegurou.

"Neste momento, sei o que sou, o que posso fazer, o que faço e que continuarei fazer. Por isso, encaro o presente de forma muito positiva. E o momento é bom, sinto-me feliz e sempre pensarei assim. É escusado as pessoas opinarem. É uma decisão que depende de mim, do seleccionador e do presidente. E não será uma decisão muito difícil de tomar. Temos o exemplo do Pepe, que saiu pela porta grande... sem tristezas".

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