OE2025: IL acusa PSD de ceder ao PS e seguir caminho do “que se lixe o país”

Rui Rocha volta a ameaçar não viabilizar Orçamento do Estado se PSD continuar o caminho de ceder ao PS nas negociações.

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Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, visitou, esta sexta-feira, a AgroSemana - Feira Agrícola do Norte, na Póvoa do Varzim FERNANDO VELUDO / LUSA
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O presidente da Iniciativa Liberal acusou, esta sexta-feira, o PSD de estar a ceder ao PS nas negociações do Orçamento de Estado para 2025 e seguir um caminho em que começa "a dizer que se lixe o país".

"Eu recordo que já houve momentos em que se defendia qualquer coisa como "que se lixem as eleições". E, agora, parece-me que estamos num caminho em que o PSD começa a dizer "que se lixe o país", e isso, de facto, parece-nos muito preocupante, não por nós, mas pelo país", afirmou Rui Rocha à margem de uma visita à AgroSemana - Feira Agrícola do Norte na Póvoa de Varzim, no distrito do Porto.

O líder liberal disse que os sinais que tem recebido nos últimos meses do PSD são de cedência ao PS e que, caso esse seja o caminho escolhido, "o país vai ter mais do mesmo".

"Ora, para esse tipo de posicionamento, nós não estamos disponíveis", garantiu.

E insistiu: "Se é para ter um país semelhante àquele que tínhamos com António Costa [ex-primeiro-ministro], não estamos disponíveis e não viabilizaremos um orçamento que perpetua alguns dos piores vícios políticos com uma compra de clientelas sem assegurar a reestruturação e a reforma".

A preocupação da IL é que, se for verdade que o PSD vai negociar com o PS o Orçamento de Estado no final, os desígnios fundamentais do país acabem por não ficar reflectidos, justificou.

"Nós sabemos bem que o que o PS deseja é um país em que há uma distribuição de uma riqueza que não se cria e, portanto, nós temos que criar riqueza", frisou.

Dizendo que com a IL não há troca de correspondência, ao contrário do que acontece entre PSD e PS, Rui Rocha lembrou que a posição dos liberais "é muito clara", motivo pelo qual está "extremamente tranquilo".

"Aquilo que nós desejamos e exigimos para o país é que haja uma mudança estrutural da economia e da sociedade portuguesa. Nós queremos um país que muda não porque a mudança em si é boa, mas porque o país precisa mesmo de mudar", sublinhou.

O presidente da IL afirmou ainda que quem está "talvez um bocadinho calmo demais" para um país que precisa de mudar é o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

"Nós com a estagnação que já tivemos, o que queríamos ver era energia, motivação, capacidade de inovar, coragem e, isso, temos visto muito menos do que aquilo que desejávamos", especificou.

Portugal precisa de pôr a economia a crescer, de dar perspectivas profissionais aos jovens, que a saúde funcione e, sobretudo, o Estado, defendeu.

E exemplificando, Rui Rocha assumiu que o assalto ao edifício da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna na madrugada de quarta-feira é "um exemplo de que algo não funciona".

"Isso faz-nos pensar que o Estado não está a funcionar em muitas áreas que são nucleares. Às vezes mete-se em muitas coisas que não lhe dizem tanto respeito e não assegura o seu funcionamento básico", concluiu.

Plano para a saúde "manifestamente falhou"

No mesmo sentido, o presidente da Iniciativa Liberal considerou que o encerramento de urgências no fim-de-semana é a prova de que o plano de verão do Governo PSD para a saúde "manifestamente falhou".

Além do plano de Verão, o dirigente liberal defendeu que o executivo de Luís Montenegro "também falhou" no plano de emergência, que tinha um âmbito diferente e uma aplicação no tempo mais longo.

"O certo é que a primeira meta temporal que foi estabelecida [plano de emergência] também falhou e, portanto, temos um Governo que se entusiasmou e que tem excesso de confiança, mas que, depois, na parte da concretização, falha", atirou.

Rui Rocha voltou ainda a defender a reestruturação do SNS por considerar que "tal como está já não tem capacidade de responder às necessidades de saúde dos portugueses".

"Nós queremos um modelo em que são as pessoas que decidem qual é o melhor prestador de serviço, se é público, privado ou social", insistiu.

Sem esta reforma estrutural, os utentes vão continuar "com enormes problemas de acesso", sobretudo quem tem menos rendimentos.