Parlamento atribui nacionalidade timorense a António Guterres

António Guterres tornou-se timorense. A nacionalidade foi atribuída pelo Parlamento como gesto de reconhecimento pelos “relevantes serviços ao país”, sobretudo para a independência de Timor-Leste.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres (esq.), acena enquanto chega para uma visita ao Arquivo e Museu da Resistência Timorense em Díli, Timor-Leste, a 29 de Agosto ANTONIO DASIPARU / EPA
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O parlamento de Timor-Leste atribuiu esta sexta-feira por unanimidade a nacionalidade timorense a António Guterres, actual secretário-geral das Nações Unidas, pela “prestação de altos e relevantes serviços ao país” ao longo de várias décadas.

Na resolução aprovada, os deputados timorenses referem que António Guterres teve “um papel fundamental na defesa da autodeterminação de Timor-Leste, tendo contribuído para suscitar a questão timorense nos mais altos fóruns internacionais”, pressionando para a realização do referendo sobre a independência em 1999.

A atribuição da nacionalidade a António Guterres foi aprovada numa votação que antecedeu o início da cerimónia de comemoração dos 25 anos da realização do referendo, a 30 de Agosto de 1999, que levou à restauração da independência de Timor-Leste.

Na resolução, assinada pela presidente do Parlamento Nacional timorense, Maria Fernanda Lay, destaca-se o contributo significativo de Guterres para a independência e desenvolvimento do país, tendo sido sempre “um dos mais ilustres defensores e aliados” de Timor-Leste, quer como primeiro-ministro de Portugal (1995-2002), como Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) ou como secretário-geral da ONU.

“Após a violência que se seguiu ao referendo, António Guterres foi fundamental na mobilização da comunidade internacional para intervir e estabelecer a Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste (UNTAET), que pavimentou o caminho para a independência total do país em 2002”, acrescenta-se na resolução.

Como responsável do ACNUR, os deputados destacaram a ajuda na “repatriação e reintegração de refugiados timorenses e contribuindo para a estabilização do país”.

Actualmente, como líder da ONU, os parlamentares timorenses consideram que Guterres tem sido “um defensor constante do desenvolvimento sustentável e da paz, apoiando os esforços do país para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e fortalecer as suas instituições democráticas”.

O secretário-geral da ONU foi condecorado na quarta-feira pelo Presidente timorense, José Ramos-Horta, com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta distinção do país.

António Guterres termina esta sexta-feira uma visita de três dias a Timor-Leste para participar nas celebrações dos 25 anos do referendo que levou à independência do país.

A 30 de Agosto de 1999, 78,5% dos timorenses que votaram no referendo escolheram a independência do país e consequentemente o fim da ocupação da Indonésia, que invadiu Timor-Leste a 7 de Dezembro de 1975, apesar da violência perpetrada pelas milícias que apoiavam a integração. Com o resultado do referendo, a Indonésia abandonou Timor-Leste, com as milícias pró-indonésias a deixarem um rasto de horror e violência, tendo entrado a autoridade de transição das Nações Unidas, que geriu o país até à restauração da independência, a 20 de Maio de 2002.