Arquitectura

A casa amarela de Aveiro passou a ser vermelha, mas continua a celebrar “o ritmo dos anos”

A Casa do Parque manteve os desenhos gravados na fachada do século XX, mas acrescentou-lhe um ripado de madeira e passou a ser vermelha.

Casa do Parque em Aveiro DR
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Casa do Parque em Aveiro DR

A casa foi construída no século XX, mas quase nada se sabe sobre quem a habitou. Fica junto ao parque da cidade de Aveiro e, entre os que aí moram, era conhecida como a "casa amarela". Estava devoluta há vários anos e tão degradada que foi necessário construir parte do exterior e todo o interior.

Foi o arquitecto Paulo Martins que ficou responsável por tornar a secular moradia num espaço novamente habitável. Deu destaque à vista para o jardim e chamou ao projecto Casa do Parque. “A fachada era amarela e continua a ser, mas numa tonalidade não tão forte”, começa por explicar em entrevista ao P3. 

Além da cor original, fez questão de preservar “a 100%” os elementos vegetais, animais e humanos gravados na pedra da fachada, típicos da Arte Nova. Mas para as traseiras da casa, desenhou algo diferente: optou por um estilo contemporâneo, janelas largas que ocupam a totalidade da parede, piscina, pavimento de betão e um ripado de madeira laminada cruzada (CLT, na sigla original) que “celebra o passar do tempo com linhas e sombras que dançam ao ritmo dos anos”. 

Apesar de ter decidido pintar parte da habitação de vermelho, Paulo Martins diz que o verdadeiro destaque é a madeira, material que continua pelo interior da casa, ora “deixado propositadamente à vista” ora escondido pelos revestimentos das paredes, dos tectos e do chão. 

“A casa foi inteiramente construída em CLT e foi algo que me entusiasmou fazer por ser novidade para mim. O pormenor que me cativou foram os degraus da escada que decidi fazer em vidro para que a clarabóia que existe no último piso iluminasse até ao rés-do-chão”, explica.

As obras terminaram em 2023 com uma moradia dividida em três pisos: em baixo fica a cave de betão, o escritório, a lavandaria e uma sala para a família ver televisão. Na cozinha, que fica no rés-do-chão, saltam à vista as janelas brancas e antigas portas de vidro fosco que existem desde que a casa foi construída, assim como os contadores de água e luz, que continuam a ser de ferro fundido como sempre foram. 

Sobram o 1.º e 2.º pisos onde ficam os quartos da família, um deles com acesso ao que o arquitecto apelida de “solário e miradouro com uma bonita vista para o parque”.

Ivo Tavares Studio
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