Japão condena violação do espaço aéreo por avião militar chinês

Incidente sem precedentes levou o Governo japonês a convocar o embaixador chinês e a formalizar um protesto. Pequim assegura que não pretende violar o espaço aéreo de outros países.

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Fumio Kishida, primeiro-ministro japonês PHILIP FONG / POOL / EPA
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O Japão denunciou uma violação do seu espaço aéreo por uma aeronave da Força Aérea chinesa, dizendo ser a primeira vez que isso acontece. O Governo de Tóquio considerou a acção “absolutamente inaceitável” e convocou o embaixador chinês como forma de demonstrar o seu protesto, segundo a agência Reuters.

A violação do espaço aéreo japonês “não é apenas uma violação grave da soberania do Japão, mas também uma ameaça à segurança”, afirmou o porta-voz governamental, Yoshimasa Hayashi, durante uma conferência de imprensa esta terça-feira.

As autoridades nipónicas disseram que um avião militar de reconhecimento Y-9 da Força Aérea chinesa sobrevoou o espaço aéreo japonês durante dois minutos por volta das 11h30 de segunda-feira (menos oito horas em Portugal continental). “Esta é a primeira incursão confirmada e anunciada de uma aeronave militar chinesa desde que começámos a adoptar medidas anti-incursão no espaço aéreo”, explicou Hayashi.

Ao longo das últimas duas décadas, as aproximações ao espaço aéreo japonês tornaram-se cada vez mais frequentes, sobretudo por parte de aeronaves chinesas. Apenas no ano passado, foram detectados 669 aviões estrangeiros a aproximar-se do espaço aéreo japonês, entre os quais 479 chineses, segundo dados do Ministério da Defesa citados pelo New York Times.

O Governo do primeiro-ministro Fumio Kishida convocou o embaixador interino da China em Tóquio para apresentar um protesto formal pelo sucedido e pediu explicações. Um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse que o assunto estava a ser analisado e referiu apenas que “a China não tem a intenção de invadir o espaço aéreo de nenhum país”.

Uma fonte do Ministério da Defesa do Japão disse à agência Kyodo que a China “poderá estar a tentar provocar uma reacção do Japão”, enquanto outro responsável governamental relatou que a aeronave “apenas roçou” o espaço aéreo japonês, sugerindo que a violação poderá não ter sido intencional.

O professor da Universidade de Tóquio, Yee Kuang Hee, disse, citado pelo Guardian, que a aeronave de reconhecimento chinesa “provavelmente estaria a sondar a rede de defesa aérea japonesa, recolhendo informações electrónicas, tais como os sinais e a cobertura de radar”.

Este incidente surge num contexto de alguma tensão entre os dois países por causa das reivindicações territoriais chinesas. Pequim contesta a soberania japonesa sobre as ilhas Senkaku (conhecidas na China como Diaoyu), um arquipélago inabitado localizado no mar Oriental da China rodeado por potenciais reservas de petróleo e gás natural.

O quadro geopolítico no Extremo Oriente tem levado o Japão a deixar para trás o paradigma pacifista que orientou a generalidade das suas políticas desde o fim da II Guerra Mundial. Os gastos em defesa têm aumentado todos os anos, as exportações de armamento foram flexibilizadas e foi desenvolvido um sistema de capacidades defensivas com apoio dos EUA.

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