Sismo de 5,3 sentido em Portugal continental. Detectadas três réplicas

O epicentro localizou-se a 60 km a oeste de Sines. A Protecção Civil não tem registo de vítimas ou de danos de maior. “Apelamos à população para que mantenha a serenidade”, disse o Governo.

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Localização do epicentro do sismo desta madrugada DR
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André Fernandes, comandante nacional da Protecção Civil, um pouco antes do briefing sobre o ponto de situação Tiago Petinga / LUSA
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Um sismo de 5,3 com epicentro a 60 km a oeste de Sines abalou a região Sul do país esta madrugada, pelas 5h11. A Protecção Civil não tem registo de vítimas nem danos de maior, mas recebeu um elevado número de chamadas telefónicas, da zona do Alentejo até Coimbra.

Segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) o sismo teve uma magnitude de 5,3 na escala de Richter, enquanto o serviço geológico norte-americano (UGSS) estima a magnitude em 5,4 e uma profundidade de 10,7 quilómetros.

"Até à data não há registo de danos pessoais ou materiais. Tivemos um pico de chamadas, em particular nos corpos de bombeiros, que deram as informações e recomendações para este tipo de situações. Entrámos numa fase de monitorização. Até à data foram sentidas mais três réplicas: 1,2 na escala de Richter, a segunda de 1,1 e a terceira de 0,9. Continuamos a acompanhar a situação e, se se justificar, emitiremos novos avisos e comunicados", adiantou André Fernandes, comandante nacional da Protecção Civil, num briefing na manhã desta segunda-feira.

Sismo sentido em Lisboa, às 5h12 de segunda-feira DR

O sismo teve origem no mar, mas não há risco de tsunami, adiantam os especialistas.

À Lusa, o comandante José Miranda, da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), avançou que, uma hora após o sismo, há apenas informação sobre uma situação numa rua de Sesimbra em que vão ser avaliadas possíveis fissuras em edifícios. “Muitas pessoas sentiram [o sismo]. Felizmente não há vítimas nem danos estruturais, pelo menos registados até agora. Não há danos. Já comunicámos com os centros sub-regionais e ainda não há nenhuma situação de ocorrência”, disse.

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"Recebemos muitas chamadas sobretudo de pessoas que queriam saber o que se passava e o que deviam fazer. Pessoas que estavam em prédios altos. A esta hora ainda não conseguimos contabilizar o número de chamadas recebidas", acrescentou.

José Miranda indicou também que o sismo 5,3 na escala de Richter foi sentido na Área Metropolitana de Lisboa, mas com mais incidência na zona da Península de Setúbal. "Recebemos desde o Alentejo, uma ou duas, até Coimbra. Mas foi sentido mais na zona da Península de Setúbal", disse.

Em declarações à RTP, o comandante da Protecção Civil Bruno Borges disse também que embora o sismo tenha sido sentido com “maior intensidade na região de Setúbal”, receberam relatos “desde Viseu até ao Algarve. Em caso de réplicas, o comandante explicou que as pessoas devem procurar “locais descampados e de abrigo, onde se possam sentir em segurança”. Já no caso de estarem dentro de edifícios, devem procurar “locais onde existam estruturas resistentes, colocar-se debaixo de ombreiras de portas”.

Marcelo tranquiliza população

A Presidência já adiantou que está a monitorizar atentamente a situação. “O Presidente da República tem estado a acompanhar a situação com o primeiro-ministro em exercício, e irão reunir em Belém, logo após o briefing que irá decorrer na Protecção Civil”, pode ler-se na nota publicada por Belém. Também o Governo já informou que Paulo Rangel, na condição de primeiro-ministro em funções, se reunirá com a Protecção Civil. A reunião entre Rangel e Marcelo deverá decorrer da parte da manhã.

Marcelo Rebelo de Sousa adianta que várias autoridades estão a trabalhar em conjunto, garantindo que nenhuma informação será sonegada. O Presidente da República esteve em directo na Sic Notícias, elogiando o papel da Protecção Civil após o sismo, considerando que a população portuguesa deve manter-se tranquila. "Vamos verificar primeiro qual é a natureza do sismo. Até agora não tem havido réplicas, vamos verificar se vão existir ou não", adianta o responsável.

Sem danos materiais ou pessoais

A ANEPC enviou entretanto um comunicado às redacções a explicar que "neste momento, não há informação de vítimas e danos materiais a registar" e a marcar para as 8h da manhã um briefing "para um ponto de situação".

Uma hora depois, Paulo Rangel fará uma visita à ANEPC na qualidade de primeiro-ministro em funções e, logo após a visita, seguirá para Belém onde será recebido pelo Presidente da República. O Governo já emitiu uma nota a apelar à serenidade da população e a garantir, tal como a Protecção Civil, que "não há registo de danos pessoais ou materiais até ao momento".

"Apelamos à população para que mantenha a serenidade e siga as recomendações da ANEPC", lê-se na nota que acrescenta que o executivo "tem estado em coordenação estreita com todos os serviços relevantes na matéria".​

Relatos no site do Centro Sismológico Euro-Mediterrânico dão conta de que o abalo foi sentido com mais intensidade na junto à costa: relatos curtos de vários portugueses que sentiram o sismo. Um utilizador de Vila Nova da Caparica, Portugal, diz que acordou "com um murmúrio como um trovão, mas muito, muito curto, só alguns segundos". Outro, de Lagoa (Algarve), conta: "Acordou-nos e sentimos a casa a tremer muito suavemente". O abalo foi suficientemente forte para acordar muitos dos que relatam ter sentido o sismo.

Os dados sobre o terramoto foram inicialmente algo díspares. No caso do Centro Sismológico Euro-Mediterrânico, as estimativas iniciais apontavam para um sismo de magnitude 5,1 na escala de Richter.

A localização do epicentro de um sismo "é um processo físico e matemático complexo que depende do conjunto de dados, dos algoritmos e dos modelos de propagação das ondas sísmicas", lembra o IPMA em comunicado, salientando que agências diferentes podem produzir resultados ligeiramente diferentes e que "as determinações preliminares são habitualmente corrigidas posteriormente". O site do IPMA esteve algum tempo inacessível após o sismo. com Ana Maia

Notícia actualizada às 8h16: acrescentada informação sobre briefing da Protecção Civil

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