“Optimismo” dos EUA e “progressos” nas negociações para um cessar-fogo em Gaza não se confirmam

Depois de dizer a Blinken que aceitava o acordo, Netanyahu afirma que não há nenhum “acordo em cima da mesa”

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No sábado à noite, horas antes do ataque do Hezbollah, dezenas de milhares de israelitas exigiram um acordo nas ruas de Telavive Florion Goga / REUTERS
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No discurso que fez depois do ataque contra Israel o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, apresentou várias justificações para a demora (de 26 dias) na resposta ao assassínio do comandante Fuad Shukr, afirmando a vontade de “dar uma oportunidade às negociações” para um cessar-fogo na Faixa de Gaza seria um dos motivos. Sem considerar as boas intenções de Nasrallah, um acordo entre o Hamas e Israel era visto como a única forma de impedir a retaliação da milícia libanesa – e a que o Irão ainda promete pelo assassínio de Ismail Haniyeh.

A verdade é que a operação do Hezbollah aconteceu horas antes de uma reunião dos negociadores, no Cairo. Mas por mais que membros da Administração de Joe Biden se digam “optimistas” e anunciem “progressos” e avanços “construtivos”, não se antecipa para os tempos mais próximos um acordo que permita a libertação dos reféns israelitas e uma trégua que trave a carnificina em Gaza, onde mais de cem pessoas morreram entre sábado e domingo (de um total de mais de 40 mil).

A reunião do Cairo, onde estiveram os chefes da Mossad e da CIA (pela segunda ou terceira vez em poucos dias), coincidindo com a presença de uma delegação do Hamas, que esteve reunida com dirigentes egípcios, parece ter acabado como todas as anteriores, sem novidades sobre os pontos na origem do mais recente impasse, incluindo a exigência de Israel de manter o controlo do “corredor de Filadélfia”, na zona de fronteira entre Gaza e o Egipto.

A questão do “corredor de Filadélfia” foi acrescentada por Benjamin Netanyahu (contra a opinião de responsáveis militares e dos seus negociadores) à lista de condições algures depois de 2 de Julho, data em que o Hamas diz ter aceitado a versão do acordo que os EUA tinham apresentado.

Em declarações à televisão Al-Aqsa, do Hamas, Osama Hamdan, alto responsável do movimento palestiniano, insistiu que o Hamas se mantém comprometido com a proposta que aceitou há quase dois meses e rejeita as novas condições de Israel. Pouco depois, o grupo anunciava ter disparado vários rockets contra o Centro de Israel, a partir de Gaza.

Há uma semana, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, declarou, depois de um encontro com Netanyahu, que “Israel aceita a proposta dos mediadores para um cessar-fogo”. Mas na sexta-feira, perante a filha de um dos reféns que lhe implorava que aceite um acordo, o primeiro-ministro sugeriu que esse cenário nem se coloca “Que acordo? Que acordo?”, respondeu, segundo uma gravação do encontro divulgada pelo Canal 12 no fim-de-semana. “Quem vos disse que havia um acordo em cima da mesa e que não o aceitámos é mentira.”

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