De lesão em lesão, Benfica continua de mínimos ligados
“Encarnados” venceram o Estrela da Amadora por 1-0 e deram os primeiros minutos de utilização a Renato Sanches. Mas estão longe de convencer.
Aplausos misturados com assobios. Ou assobios entrecortados por aplausos. Foi o que se ouviu no Estádio da Luz no final do triunfo magro do Benfica sobre o Estrela da Amadora, na 3.ª jornada da Liga (1-0). Uma reacção que ilustra em parte o que foi a exibição da equipa, com alguns momentos interessantes mas com um plano de jogo que está longe de identificar a natureza de um candidato ao título.
Se há algo de que Roger Schmidt não pode ser acusado, é de ser permeável à crítica. Apesar da contestação das últimas semanas, das dúvidas levantadas pelas opções que tem tomado, o técnico alemão mantém-se fiel às ideias. Isto significa que, mesmo sabendo-se que João Mário estava fora da equação, voltou a escolher um médio de corredor central (Kokçu) para ocupar uma das alas. Assim como manteve a dupla redundante formada por Florentino e Barreiro no meio-campo. Foi assim que foi a jogo, novamente em casa, frente a um adversário de outro “campeonato”.
Longe de convencer, a equipa teve pelo menos o condão de mostrar maior acutilância pelas laterais, quer à direita, com Bah, quer à esquerda, com Carreras, a darem verticalidade ao jogo. E essas acções só não se transformaram em verdadeiras ameaças porque ambos falhavam no momento do cruzamento, quase sempre sem destinatário visível.
A defender em 4x4x2, o Estrela cobria de forma competente o corredor central, também porque o adversário, com um bloco demasiado conservador para um candidato ao título, raramente forçava situações de superioridade. Mas graças às movimentações de Pavlidis, especialmente, em apoio, o Benfica lá encontrou Kokçu livre na área e o internacional turco, com a colaboração de Bruno Brígido, assinou mesmo o 1-0.
O balão da pressão esvaziou-se ligeiramente e o terreno parecia fértil para um triunfo mais desafogado. Só que, à semelhança do que tem acontecido desde a pré-época, as “águias” sofreram mais uma contrariedade, com uma lesão muscular que retirou Aursnes do jogo. Schmidt foi obrigado a mexer e lançou Tiago Gouveia em campo. E o extremo agitaria um pouco o jogo, no segundo tempo.
Até lá, houve um golo (bem) anulado a Pavlidis por falta sobre o guarda-redes do Estrela e houve um único lance de relativo perigo dos visitantes, num livre indirecto mal defendido pelo Benfica em que Miguel Lopes rematou sem oposição.
Para que Gouveia desse mais nas vistas no segundo tempo, contribuiu a mudança de paradigma do Estrela, que ganhou mais critério com bola graças à entrada de Alan Ruiz e se alongou mais no relvado. Conclusão? Mais espaço, mais transições, mais jogo em campo aberto.
Aos 48’, Pavlidis ameaçou de pé esquerdo, aos 52’, Gouveia testou Bruno Brígido e, aos 68’, houve tripla ameaça: primeiro Pavlidis, depois Gouveia e por último Carreras. Nenhum conseguiu marcar e o Estrela, cada vez com mais posse e iniciativa, foi acreditando.
A 20 minutos do final, Di María e Renato Sanches foram a jogo, com direito a ovação. Nenhum mostrou a sua melhor versão e o Benfica limitou-se a tentar controlar a vantagem com bola, mesmo que nalguns momentos o Estrela lhe tenha roubado a iniciativa. As arrancadas de Tiago Gouveia ainda iam criando algum frisson, mas acabaram aos 86’, quando saiu com uma lesão no braço. Não haverá memória de um arranque de época com tamanha epidemia de lesões para os lados da Luz.
Estavam cumpridos os mínimos, mas, com este plantel e o fardo da época passada, os mínimos são sempre curtos. Sobretudo quando um dos rivais joga de médios e o outro de máximos bem acesos.