Dia Mundial da Fotografia

Carlos Almeida conheceu o dono da máquina que faz parar o tempo — e fez-lhe um retrato

No dia Mundial da Fotografia, que se celebra neste dia 19 de Agosto, o fotojornalista Carlos M. Almeida revelou mais um retrato: o de um fotógrafo que parece ter saído do século XIX com a sua máquina analógica. Chama-se João Barrinha.

João Barrinha é fotógrafo analógico Carlos M Almeida
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João Barrinha é fotógrafo analógico Carlos M Almeida

Carlos M. Almeida é fotojornalista há 15 anos. Começou por fotografar as cidades, depois as pessoas e há mais de uma década que percorre o país à procura de Histórias com Gente, uma das rubricas que tem em mãos. Pelo caminho conheceu o percurso de vida de dançarinos, cantores, músicos e outros desconhecidos com profissões que fotografou. 

“No fundo, retrato a vida das pessoas e trago para a ribalta as histórias que vejo que têm interesse e que merecem ser conhecidas”, recorda em conversa com o P3.

Para o dia Mundial da Fotografia, que se celebra esta segunda-feira, dia 19 de Agosto, escolheu retratar alguém do meio e foi ao encontro de João Barrinha, “um dos únicos fotógrafos em Portugal que faz fotografia analógica com maquinaria antiga”, adianta. 

Encontrou-o no Parque Termal do Vale dos Cucos, em Torres Vedras, e fotografou um homem que parece ter regressado (ou nunca ter saído) do século XIX. De fato preto, chapéu da mesma cor e uma máquina fotográfica das antigas, daquelas que ainda têm tripé, João Barrinha contou a Carlos M. Almeida o percurso profissional. Disse-lhe que sonhava ser fotógrafo desde criança, inspirado por um senhor cujo nome nunca soube que retratava os banhistas na praia de Santa Cruz, em Torres Vedras, e lavava as imagens impressas com água do mar. Apesar do sonho, só mais tarde, depois de ter experimentado outros ofícios, tirou o curso de fotografia. 

Em vez de comprar uma câmara, contou ao fotojornalista, decidiu fazer como os fotógrafos de antigamente e construir uma. Inspirado pelas feiras populares onde não faltava a mulher barbuda ou aquele que diziam ser o homem mais alto do mundo, assumiu a personagem de um feirante de outro século. Assim nasceu o projecto A Fabulosa Máquina de Fazer Parar o Tempo.

“Já conhecia a história do João e percebo-o. A fotografia analógica é, sobretudo, de memória. É por isso que ele diz que faz lembrar senhoras de bigode e as feiras antigas. A fotografia feita agora torna-se passado dois minutos depois de ter sido tirada, mas a memória perdura”, defende. 

Os retratos do Histórias com Gente estão no site de Carlos M. Almeida que planeia expô-las ainda este ano ou em 2025. Em princípio, diz, na vila de Mora, em Évora.

Carlos M Almeida
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