PP quer Sánchez a testemunhar na Comissão do Senado espanhol por “encobrir a corrupção”

Em novo episódio da luta entre os dois principais partidos espanhóis sobre quem é mais corrupto, Cuca Gamarra, número dois do PP veio dizer que o Presidente do Governo será convocado “o quanto antes”.

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Cuca Gamarra no Congresso espanhol, ao lado do líder do PP, Alberto Núñez Feijóo Ana Beltran / REUTERS
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O Partido Popular (PP) espanhol deu um passo em frente na sua intenção de convocar o presidente do Governo, Pedro Sánchez, para prestar declarações na comissão de investigação criada no Senado de Espanha. Embora sem especificar datas, a secretária-geral do partido, Cuca Gamarra, disse este domingo à Europa Press que a convocatória terá lugar “o quanto antes”, assim que for mais “útil” exigir responsabilidades políticas ao líder do Partido Socialista (PSOE) por “encobrir a corrupção” no seu partido, no Ministério dos Transportes com o “caso Koldo” e no seu próprio ambiente familiar.

Na opinião de Cuca Gamarra, um ano após a tomada de posse, “tornou-se claro que Pedro Sánchez está encurralado pela corrupção no seu partido, no seu Governo e no seu ambiente mais próximo, através da sua mulher e do seu irmão, e não deu explicações”.

Para Gamarra, “a única coisa que Sánchez está a tentar fazer é manter-se no poder para usar todas as alavancas do Estado para as usar em defesa dos seus e de forma a que a corrupção não o afecte do ponto de vista das responsabilidades políticas e criminais que possam existir”.

A “número dois” do PP considera que uma coisa são as responsabilidades penais, que são determinadas pelos juízes e para os quais pede “que os deixem fazer o seu trabalho”, a outra coisa são as responsabilidades políticas, que são resolvidas no Parlamento.

É por isso que o PP não está a pensar em convocar a mulher do presidente, Begoña Gómez, a comparecer no Senado. “Quem tem de dar explicações políticas e quem tem de assumir responsabilidades políticas é o presidente do Governo”, afirmou.

Quando questionada sobre se Sánchez será chamado em Setembro ao Senado, onde o PP tem maioria absoluta e domina a comissão de inquérito, Gamarra não especificou datas, mas disse que será “o quanto antes”.

“Pedimos explicações a Pedro Sánchez em várias ocasiões e, até agora, ele não foi capaz de dar nenhuma e terá de as dar através da Comissão de Inquérito do Senado”, afirmou. Temos cada vez mais informação para exigir que Pedro Sánchez apareça o quanto antes e que dê todas as explicações adequadas”.

A líder do PP defende que “há razões” para chamar Sánchez a comparecer e considera que o líder do PSOE “se engana” ao pensar que vai conseguir livrar-se das responsabilidades políticas, uma vez que vão acabar por convocá-lo: “Quando tivermos toda a informação disponível para podermos fazer dessa comparência uma comparência útil e na qual também exigiremos responsabilidades sobre tudo aquilo de que ele tem conhecimento e não deu qualquer tipo de explicação”, acrescentou.

Na sua opinião, no chamado “caso Koldo”, a “cada dia que passa há mais e mais dados que fundamentam e provam que Pedro Sánchez teve conhecimento desde o primeiro momento da corrupção” no Ministério dos Transportes e no seu partido através dos seus altos funcionários, porque o então ministro José Luis Ábalos “não era um qualquer”, mas “nada mais, nada menos do que o número três do PSOE”. Além disso, o actual ministro, Óscar Puente, mantém em funções “pessoas investigadas por corrupção pelos tribunais”.

Tráfico de influências na Moncloa

Segundo Cuca Gamarra, à medida que se vai sabendo mais informação sobre os encontros promovidos pela mulher do líder do Governo, “é mais claro” que o Palácio Moncloa se transformou num “coworking onde se procura fazer tráfico de influências para favorecer a entourage do presidente”.

“Por tudo isto se conclui”, diz a número dois do PP, que o objectivo de Sánchez não é esclarecer o que se passou, mas sim “encobrir” a corrupção: “Ele soube da corrupção desde o primeiro momento e encobriu-a no seu Governo, no seu partido e evidentemente no seu ambiente mais próximo e familiar.” Tendo isso em conta, o PP considera que o líder do executivo “terá de assumir responsabilidades políticas, para além das responsabilidades penais que os juízes terão de esclarecer”.

E deixou um último aviso a Sánchez: “Que não se esqueça que, por muito que tenha dado aos seus parceiros para se colocarem acima da lei, ele não está acima da lei, o seu partido não está acima da lei e a sua família não está acima da lei.”

As afirmações de Cuca Gamarra chegam depois de os socialistas terem anunciado, na sexta-feira, que irão recorrer a “uma série de medidas parlamentares e judiciais para esclarecer” os casos de corrupção que envolvem familiares do líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, quando este era presidente do governo da Galiza, e do companheiro da presidente da Comunidade Autonómica de Madrid, Isabel Díaz Ayuso.

Se o PP “não der explicações até ao próximo mês”, o PSOE irá investigar “até às últimas consequências” os contratos adjudicados pela Xunta da Galiza a empresas geridas pela irmã mais nova de Feijóo e os eventuais benefícios para Ayuso (a dirigente mais popular do PP), dos crimes fiscais e de falsificação de documentos que o seu companheiro, Alberto González Amador, já confessou.

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