Justiça espanhola abre processo contra companheiro de Ayuso por fraude fiscal

PSOE volta a exigir ao líder do PP, Alberto Nuñez Feijóo, a demissão da presidente da Comunidade de Madrid. “O seu silêncio é cúmplice”, acusou a porta-voz do Governo liderado pelos socialistas.

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Feijóo e Ayuso durante uma manifestação em Madrid, em Novembro passado, contra a Lei da Amnistia EPA/MARISCAL
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A justiça espanhola abriu um processo criminal contra Alberto González Amador, companheiro da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, por dois crimes de fraude fiscal e um de falsificação de documentos, levando o PSOE a exigir mais uma vez ao líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, a demissão de Ayuso.

O processo foi aberto na sequência de uma queixa apresentada pelo Ministério Público, após uma investigação centrada na alegada existência de indícios criminais sobre factos relativos ao IRC dos exercícios de 2020 e 2021 da empresa Maxwell Cremona, da qual González Amador é administrador único. Para além disso, o companheiro de Ayuso está também acusado da falsificação de documentos comerciais através da apresentação de facturas que não correspondem a serviços efectivamente prestados, com o objectivo de reduzir a contribuição fiscal que estaria obrigado a pagar.

No despacho, a juíza de instrução número 19 de Madrid fundamenta que, alegadamente e “em resultado destas condutas fraudulentas, González Amador deixou de entregar à autoridade tributária espanhola uma contribuição de 155 mil euros referentes ao IRC de 2020 e uma contribuição de 195.951 euros referentes ao IRC de 2021, crimes puníveis no n.º 1 do artigo 305.º do Código Penal, a que se junta um crime de falsidade em documento comercial, do n.º 1 do artigo 392.º em relação ao artigo 390.º do Código Penal".

O Ministério Público investigou os factos na sequência de um relatório da autoridade tributária que alertava para uma alegada fraude fiscal depois de ter detectado, durante uma investigação, “despesas fictícias baseadas em facturas emitidas por várias empresas”.

A abertura do processo contra González Amador levou o PSOE a exigir novamente a demissão da presidente da Comunidade de Madrid. A partir de Bruxelas, onde participava no Conselho Europeu, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, dirigiu-se directamente ao líder do PP, Alberto Núñez Feijóo.

“Talvez Feijóo não se atreva, não queira ou não possa pedir responsabilidade política a Ayuso", afirmou Sánchez. Antes, a porta-voz do governo, Pilar Alegría, acusou o líder da oposição de estar a fugir às suas responsabilidades políticas. “O seu silêncio é cúmplice”, escreveu Alegría na rede social X, meio também utilizado pelo PSOE, na sua conta oficial, para pedir a "demissão imediata" da presidente da Comunidade de Madrid.

O PSOE já tinha exigido na semana passada a demissão da popular política madrilena quando se soube que o seu companheiro estava a ser alvo de uma investigação por alegada fraude fiscal.

“Exijo ao senhor que peça a demissão da senhora Ayuso como presidente da Comunidade de Madrid, que tenha coragem e que seja valente, mesmo que isso lhe custe o lugar, como ao senhor Casado”, atirou Sánchez a Feijóo durante uma acesa sessão na Câmara dos Deputados.

Feijóo, que se encontrava esta sexta-feira na Biscaia em visita a uma empresa tecnológica da região, ignorou o caso do companheiro de Ayuso nas suas primeiras declarações após ser conhecido o processo criminal contra González Amador. Num discurso sem perguntas, o líder do PP preferiu contra-atacar com o caso Koldo, de alegada corrupção na utilização de fundos europeus por parte de dirigentes socialistas para a compra de máscaras durante a pandemia de covid-19.

“É evidente que os fundos europeus não podem ser desperdiçados e muito menos ser utilizados para práticas de corrupção que podem levar a Espanha a sanções graves, e eu chamo a atenção para isso”, afirmou Feijóo, que acusou também o governo do País Basco e o Partido Nacionalista Basco (PNV) de “fazerem vista grossa” ao não denunciarem o facto.

Já Isabel Díaz Ayuso preferiu não comentar o processo contra o seu companheiro. Durante um encontro que juntou empresários espanhóis e chilenos, a líder da Comunidade de Madrid limitou-se a elogiar a política económica e fiscal da região, aproveitando para criticar “as falsas bandeiras identitárias, que só trazem miséria e degradação e que estão cada vez mais presentes nas agendas políticas de todo o mundo”.

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