Chivukuvuku quer ajuda do PS para inscrever o seu partido na Internacional Socialista

Registo do PRA-JA passou a primeira etapa no Tribunal Constitucional. O seu líder esteve no Largo do Rato para pedir ao PS que o ajude a entrar na mesma família política de que faz parte o MPLA.

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Abel Chivukuvuku reuniu-se com vários partidos portuguese. Aqui, depois do encontro de sexta-feira com o PSD, junto a Luís Campos Ferreira, responsável das relações internacionais dos sociais-democratas e ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação DR
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A notificação do Tribunal Constitucional de Angola chegou esta sexta-feira à liderança do PRA-JA Servir Angola, o processo de registo do movimento como partido político passou com sucesso a primeira etapa. A este ritmo, Abel Chivukuvuku está convencido que tudo estará concluído em Novembro para realizar o primeiro congresso em 2025. O deputado angolano, número dois da Frente Patriótica Unida (FPU) que concorreu às eleições de 2022 sob o chapéu-de-chuva da UNITA, já pediu ao Partido Socialista ajuda para integrar a nova formação política na Internacional Socialista (IS).

Curiosamente, Chivukuvuku, que teve nestes últimos dias reuniões em Lisboa, junto com Filomeno Vieira Lopes, líder do Bloco Democrático, com diversos partidos políticos portugueses em nome da oposição angolana (encontrou-se com PS, BE, CDS e PSD – ainda se irá encontrar com Chega e IL), caracterizou a reunião com os socialistas de “fria” e “muito formal”, enquanto com os sociais-democratas o diálogo foi “muito franco, muito honesto e muito directo”, fruto de UNITA e PSD fazerem parte da mesma família política, a Internacional Democrata Centrista.

Desse diálogo ficou assente que haverá “canais de ligação” entre a oposição angolana e o partido actualmente no Governo em Portugal. “Eventualmente, até poderá haver ajuda à formação, sobretudo para os futuros candidatos às autarquias”, disse Chivukuvuku ao PÚBLICO. A criação das autarquias é um desejo da oposição angolana cuja implementação o Presidente João Lourenço e o MPLA têm adiado, se calhar, com receio de dar à UNITA a oportunidade de ganhar experiência de governação.

No entanto, classificando-se como “pragmático” que não acredita em ideologias, o antigo conselheiro político de Jonas Savimbi acha que será preferível para o seu novo partido estar integrado na IS e, para isso, considera o apadrinhamento do PS como importante, embora não imprescindível.

“Quando tudo estiver legalizado, vamos pedir o apoio do PS de Portugal”, disse Chivukuvuku. No entanto, se os socialistas não se mostrarem disponíveis para ajudar o partido, apesar da “relação antiga” de Chivukuvuku com “muitos amigos” do PS, o Partido do Renascimento Angolano - Juntos Por Angola (PRA-JA) poderá ir bater à porta dos socialistas franceses, por exemplo.

Questionado sobre se a entrada na IS não irá causar problemas na relação com a UNITA, pois não só esta pertence a outra família política, como o PRA-JA passará a fazer parte da mesma família política do MPLA a nível internacional, o número dois da oposição angolana responde negativamente.

“Somos forças políticas independentes com identidade própria, o que temos é uma agenda comum. O Bloco Democrático, que está connosco, é mais próximo aqui em Portugal do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista. O nosso objectivo é Angola, podemos ter visões diferentes e uma agenda comum”, afirma o deputado.

“Um país como Angola precisa de ter uma economia de mercado regulada e, como é um país muito pobre, precisa também de uma política de Estado de vocação social muito forte, para criar um ambiente de oportunidade para todos, particularmente, para as crianças e jovens, que precisam de ter um horizonte diferente”, explica Chivukuvuku.

“Por outro lado, são precisas filosofias que protejam os vulneráveis, porque podem criar-se oportunidades, mas nem todos as conseguem aproveitar e estes têm também de ser protegidos. Isso implica ter um Estado social bem avançado. Tendo isso em conta, sublinha o candidato a vice-presidente de Angola nas eleições de 2022, “é preferível” estar alinhado com a Internacional Socialista.

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