Partido de Abel Chivukuvuku rejeitado: “Foi puro sadismo e terrorismo de Estado”

Tribunal Constitucional angolano recusa aceitar a criação do partido PRA-JA Servir Angola. Antigo dirigente da UNITA, não desiste de ser adversário de João Lourenço em 2022. Por agora, marcou manifestação para o dia 19.

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Abel Chivukuvuku foi conselheiro político de Jonas Savimbi, o fundador da UNITA Ampe Rogério/LUSA

Para Abel Chivukuvuku, um dos mais conhecidos políticos angolanos, antigo conselheiro político do fundador da UNITA, Jonas Savimbi, é tudo muito claro, o facto de o Tribunal Constitucional de Angola ter recusado a inscrição do seu partido, o PRA-JA Servir Angola é “puro sadismo e terrorismo político do Estado”.

Falando numa conferência de imprensa, citada pelo Novo Jornal, esta quarta-feira em Luanda, o ex-líder da CASA-CE, terceira maior formação política angolana, refere que o Tribunal Constitucional nem sequer podia não ter aceitado as assinaturas apresentadas para a legalização do partido, pois as mesmas tinham sido reconhecidas pelos Cartórios Nacionais, as estruturas competentes para esse reconhecimento.

Segundo Chivukuvuku, “o Tribunal Constitucional, ao assumir uma posição política, cai em descrédito, perdendo assim a sua autoridade nas vestes de Tribunal Eleitoral”. O político continua sem entender as razões de indeferimento do recurso, o último, interposto pelo PRA-JA quanto à decisão de não legalizar o seu partido, emitida a 25 de Agosto.

“Perguntamo-nos por que têm tanto medo de um pacato e honesto cidadão?”, questionou retoricamente Chivukuvuku, com os destinatários adivinhado por todos, o Presidente João Lourenço e o partido do poder, MPLA.

O experiente político, que chegou a ser candidato à presidência da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, mas que acabou por sair em 2012 por não concordar com a linha seguida por Isaías Samakuva, garante, no entanto, que se trata apenas de um percalço e o seu objectivo de concorrer às eleições em 2022 segue vivo.

“O PRA-JA Servir Angola continuará a dinamizar as acções alternativas em curso, visando a sua participação patriótica nas eleições gerais de 2022, para o bem do nosso país”, disse Chivukuvuku.

Desde a revisão constitucional de 2010 que o Presidente angolano é eleito indirectamente como o cabeça de lista do partido mais votado nas eleições, o que impossibilita a Chivukuvuku de avançar sozinho sem um partido. Sobre como vai contornar essa limitação, nada disse, mas sabendo-se que em 2012 conseguiu criar a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE) com um conjunto de pequenos partidos sem assento parlamentar e a transformou na terceira força política de Angola, não custa acreditar que possa vir a tirar um novo trunfo político da cartola.

Para já, parafraseando o nome que deveria ser o do seu partido, Chivukuvuku não parece querer deixar as coisas cair no silêncio e já convocou uma série de manifestações a nível nacional para o dia 19, o que permitirá aferir duas coisas: a sua capacidade de mobilização e a reacção da polícia, tendo em conta que as restrições por causa da pandemia de covid-19 têm sido usadas pelas autoridades para reprimir com violência (incluindo mortes) os protestos.

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