Peugeot e-3008: Electricidade eficiente em corpo elegante

O robusto SUV da Peugeot assumiu linhas mais elegantes para beneficiar a eficiência. Perde em capacidades para o off-road, mas ganha em habitabilidade e na qualidade superior.

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Quando, em 2016, a Peugeot tirou do bolso uma geração totalmente repensada do 3008, iniciou aí um novo caminho para a marca francesa, que, embora se mantenha no segmento das generalistas, se passou a apresentar cada vez mais premium: no design, nos materiais escolhidos, nas soluções de tecnologias. E somou preferências, mais do que duplicando as vendas da geração anterior, e conquistou prémios atribuídos pela imprensa especializada: foi Carro do Ano na Europa e em vários mercados nacionais, Portugal incluído.

Uma herança pesada, portanto, e que não se adivinhava fácil de substituir. A Peugeot optou por fazer evoluir o 3008 para um SUV que, sem comprometer a robustez, se apresenta com uma silhueta fastback, o que, explicou a marca, lhe permite reclamar uma postura elegante e um melhor coeficiente de arrasto (Cx de 0,28), que contribui para uma maior eficiência.

Visualmente, o 3008 não passa despercebido, com uma frente nova, de aspecto high-tech, que faz a ligação com a geração que substitui através da emblemática assinatura luminosa de três garras, e com faróis ultracompactos, em LED, excepto na versão GT, que ensaiámos, a exibir Pixel LED, que adapta automaticamente o feixe dos faróis às condições de circulação, cuja tecnologia se revela uma boa aliada à condução, permitindo uma excelente visibilidade sem prejudicar a segurança dos automóveis que se cruzam connosco. Com linhas bem vincadas e angulares, o automóvel tem uma presença forte, inclusive na traseira, levantada e quadradona, embora a beleza do remate não reúna consenso.

Por dentro, será mais fácil concordar que, tudo o que já era bom, melhorou: dos materiais escolhidos ao rigor da construção, sem esquecer a parafernália de tecnologia, com a adopção de um ecrã panorâmico flutuante de 21 polegadas. O novo Peugeot Panoramic i-Cockpit, curvo e de alta definição, combina a instrumentação digital, o head-up display e o ecrã táctil central, estendendo-se desde a extremidade esquerda do painel de bordo até à consola central. Isto na versão GT; com equipamento Allure, o novo i-Cockpit é composto, de série, por dois ecrãs digitais de 10’’ justapostos, para criarem um efeito semelhante ao do Panoramic i-Cockpit. A reforçar o ambiente moderno, há iluminação ambiente LED, personalizável em oito cores diferentes, dando vida ao alumínio que se estende ao longo do painel de instrumentos e se prolonga pelas portas.

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Para o condutor, além da posição de condução que é muito boa, há um novo volante, que permanece de dimensões compactas, mas surge com uma almofada central redesenhada, mais pequena e "isolada" dos raios do volante, dando um efeito de levitação que combina com o novo ecrã panorâmico. Certo é que, na nossa opinião, a pega permanece como uma das melhores: não só é fácil conduzir e manobrar, como as pequenas dimensões parecem dar uma sensação de maior domínio sobre o automóvel. Já o reposicionamento da alavanca das mudanças, que passou da consola central para o tablier, pode ter pontos positivos, mas, mesmo após alguns dias de utilização, esta não se tornou mais intuitiva.

Uma nova plataforma

O SUV do segmento C estreia a plataforma STLA Medium da Stellantis e cresceu em todas as direcções, embora as mudanças no design lhe garantam até um aspecto mais compacto do que a geração que substitui. Nesta geração passa a ter 4542mm de comprimento, mais dez centímetros, que se reflectem sobretudo na habitabilidade, com maior distância entre eixos; já a largura é de 1,89m, com uma altura de 1,64m. O que reduz é a distância livre ao solo, de 219mm para 198mm, o que a marca associa a um melhor desempenho dinâmico, embora penalize as credenciais para o fora de estrada (no entanto, embora esteja apto a estas aventuras, este será o cenário em que é menos utilizado).

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O Peugeot 3008 apresenta-se como híbrido, híbrido plug-in e 100% eléctrico. O MHEV de 136cv (a partir de 34.650€) já está em comercialização, enquanto o PHEV, com 195cv, está previsto para o fim deste ano. Mas, para o caso, interessa-nos o e-3008, concebido de raiz para uma vida eléctrica, que, para já, se apresenta com uma bateria de 73 kWh, de origem BYD, a fornecer 210cv às rodas dianteiras. Em 2025, será estreada uma nova bateria Stellantis, com a chegada da variante de autonomia alargada (700km) com 230cv e outra, mais apimentada, com 320cv e dois motores para permitir a tracção integral.

A variante conduzida reclama uma capacidade de aceleração de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos, com velocidade máxima estabelecida nos 170 km/h — números que nos permitem viajar com a certeza de que o motor vai lá estar para nos apoiar em caso de necessidade, sem que encerrem qualquer ambição desportiva. E, com mais de duas toneladas, o divertimento é limitado. Não há, claro, senão sem bela: o peso garante um rolar que prima pela estabilidade, dotando o e-3008 de uma veia estradista notável, à qual se junta uma capacidade de abrandar sem grandes dramas: há níveis diferentes para controlar a travagem regenerativa, mas também modos de condução que nos permitem adequar o comportamento ao tipo de traçado. Há o modo Normal, a privilegiar o conforto; o Eco, para controlar consumos de energia; e Sport, que imprime algum dinamismo, mas, como já escrevemos, nada de tirar o fôlego.

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Para quem se movimenta sobretudo em cidade, a Peugeot chama a atenção para o seu raio de viragem, de apenas 10,6 metros, o que torna o 3008 particularmente fácil de navegar pelo tráfego urbano. Nas manobras, importa saber que o SUV chega equipado de série com uma câmara traseira (em opção, há o sistema VisioPark 360°), o que compensa os muito largos pilares traseiros, a construírem uma possante linha de ombros.

Já para os restantes ocupantes, há espaço suficiente para que ninguém se sinta desconfortável, mesmo em viagens mais longas, ainda que o passageiro do meio do banco traseiro seja algo sacrificado pelo espaço que a consola central ocupa. E se se precisar de carregar o carro, a mala oferece espaço para mais de 500 litros, o que é um valor muito interessante para um familiar. Com um bónus: a repartição da fila traseira, em 40/20/40, permite transportar objectos longos, mantendo dois lugares.

No caso do e-3008, importa ainda referir que a versão de 73 kWh admite carregamentos a uma potência máxima de 160 kW, o que significa que uma recarga de 20-80% deverá demorar cerca de 20 minutos. A 11 kW, os 100% de energia atingem-se ao fim de quatro horas; a 7,4 kW, em seis.

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