Renault Scénic, os trunfos do carro do ano europeu

O Scénic despediu-se das formas de monovolume, mas nem por isso está menos familiar. E chega só com mecânicas eléctricas, que, com bateria de longo alcance, podem dar autonomia para mais de 600km.

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A Renault não é uma estranha aos prémios que escolhem, anualmente, a melhor proposta automóvel no espaço europeu. Desde 1964, soma sete recomendações, sendo que o nome Scénic já fora premiado, em 1997, quando se juntava à designação do Renault Mégane.

Mas o galardão desde ano teve um gosto especial: é que a nova geração do Scénic, 100% eléctrica, também estreia uma linguagem de design mais arrojada e uma nova abordagem à produção, que se pretende “mais sustentável”, sobretudo em relação “aos materiais mais emissores em termos de pegada ecológica do automóvel”, inclusive no que diz respeito à bateria, composta por módulos independentes que, além de facilitarem a substituição e reparação, permite que cada um possa vir a ter uma segunda vida diferente.

No entanto, não terão sido só estas as premissas a conquistar a maioria dos jurados europeus, que, na generalidade, elogiaram a relação qualidade/preço, assim como a opção de uma bateria maior, capaz de uma autonomia de mais de 600 quilómetros em ciclo combinado, um valor mais frequentemente visto em automóveis de segmentos superiores e mais caros, ainda que a bateria de longo alcance se faça pagar: a versão de entrada de gama, desde 40.690€, chega com bateria de 60 kWh a reclamar um bom alcance WLTP de 430 quilómetros, mas, para ter a bateria de 87 kWh, é preciso desembolsar mais cerca de seis mil euros.

No entanto, seja qual for a autonomia entre as opções propostas, de 430 ou 623, qualquer ansiedade relacionada com o medo de se ficar, de repente, sem energia para prosseguir viagem nem tomada à vista, deixa de ser um problema, o que nos permite focarmo-nos nos restantes atributos do automóvel, que rompeu definitivamente com a sua herança de monovolume para se apresentar com linhas de crossover, com 4,47m de comprimento, 1,86m de largura e 1,57m de altura. No que o Scénic não mudou foi na sua vocação familiar, exponenciada pela excelente habitabilidade: apesar de assentar na mesma plataforma do Mégane E-Tech Electric, a maior distância entre eixos (são 2785 mm) garante um habitáculo generoso, independentemente do lugar que se ocupe, além de se verificar um cuidado na disposição dos materiais, relegando os plásticos duros para áreas pouco visíveis ou de menos acesso.

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É fácil encontrar a posição ideal de condução, enquanto os passageiros traseiros beneficiam de uma boa altura livre, o que torna a segunda fila amiga também de adultos de grande estatura. Como é costume verificar em automóveis do mesmo segmento, será mais confortável realizar uma viagem com apenas duas pessoas no banco traseiro, que poderão tirar partido do apoio de braço central, que inclui suportes para copos e estrutura capaz de segurar um ecrã. Mas, ao contrário do que sucede com a maioria, o lugar do meio não se revela desconfortável. E, dado o espaço, consegue-se até esticar as pernas sem ter de parar a meio do caminho.

Por todo o veículo, há espaços de arrumação, seja para uma garrafa de água (pode ser de 1,5l), para blocos de notas, carteiras, chaves, livros. Para os telemóveis, há um tabuleiro próprio, que permite a recarga por indução. A capacidade de carga também é adequada a uma família, com uma mala de 545 litros, mas ter-se-á de arrumar aí também os cabos de carregamento, já que não existe qualquer compartimento, a chamada frunk, sob o capot.

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No controlo dos sistemas

Com a profusão de sistemas de apoio à condução, muitos já obrigatórios pelos regulamentos europeus, o Scénic oferece ao condutor uma forma rápida de estar no controlo (quase) absoluto: basta premir um pequeno botão para activar ou desactivar os auxílios que previamente se determinaram. Ou seja, se é adepto do mecanismo que mantém o automóvel na faixa, mas dispensa ouvir os apitos dos avisos de excesso de velocidade, lançados pelo sistema que monitoriza os sinais de trânsito (e que não raras vezes se baralha — neste e noutros modelos de várias marcas), é possível manter um e desligar o outro. Mais complicado poderá ser habituar-se a ter do mesmo lado do volante a alavanca da caixa de velocidades e a do limpa pára-brisas…

Já as informações sobre tudo o que se está a passar com o automóvel podem ser lidas num ecrã digital de 12,3 polegadas do condutor, que se integra no mesmo aro que abarca o ecrã táctil que se dedica ao infoentretenimento. Este, no caso da viatura ensaiada, de 12 polegadas e de orientação vertical, opera com um sistema Google, compatível com Android Auto e Apple CarPlay. Mas, se não se pretender recorrer ao telemóvel, pode-se tirar partido das várias ferramentas Google, desde o assistente de voz até à navegação, que conta com as informações em tempo real do Google Maps. No ecrã é possível fazer a gestão da climatização, mas a Renault optou por manter pequenos botões físicos, que continuam a ser uma das exigências dos clientes.

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Mas não é apenas no funcionamento da tecnologia ou dos assistentes que se sente que se está em controlo da viatura. O Scénic é um carro muito fácil de conduzir, seja qual for o modo seleccionado, privilegiando sobretudo o conforto, sendo capaz de absorver com eficácia a maioria das irregularidades da estrada. Ou seja, mesmo em modo desportivo (Sport), em que se notará a potência mais disponível, o comportamento do veículo é fácil de domar, seja em auto-estrada, pela qual o único ponto negativo poderá ser o ruído que nos chega do vento, ou por curvas apertadas, nas quais não navega como um desportivo, mas antes como um robusto familiar. Ou seja, não valerá a pena apertar muito com ele, mas, se a ideia for fazer viagens relaxantes, poderá revelar-se um companheiro à altura.

Duas potências, duas baterias

O Scénic está disponível com duas mecânicas 100% eléctricas, ambas de tracção dianteira. A de entrada de gama debita 170cv, com binário máximo de 280 Nm, sendo capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos, tendo uma velocidade máxima de 150 km/h. Neste caso, a bateria proposta é a de 60 kWh, que admite carregamentos em corrente contínua a 130 kW, o que lhe permite recuperar energia de 0 a 80% em 32 minutos, diz a marca. No entanto, o que a Fugas conduziu assentava na mecânica mais potente: 220cv, com binário de 300 Nm, alimentados por uma bateria de 87 kWh, cuja recarga de 0 a 80%, em 37 minutos, não difere muito da outra variante, já que aceita carregamentos a maior potência, de 150 kW.

Quando se vê a ficha técnica, o que mais diferencia as duas declinações de potência é a aceleração de 0 a 100 km/h, que, no caso do de 220cv, é feita em 7,9 segundos, e a velocidade máxima, que é de 170 km/h. Mas, a rolar, é notória a facilidade com que esta variante se entrega aos caprichos do condutor, com as melhores prestações a fazerem-se valer em situações mais complicadas, como uma ultrapassagem apertada.

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A sensação de segurança é, aliás, algo que se mantém ao longo de toda a condução, e o Euro NCAP concordou, atribuindo ao familiar francês as cinco estrelas, mesmo com o nível intermédio de equipamento Techno. No entanto, é possível tornar as viagens e o dia-a-dia mais prazenteiros com a inclusão do pack assistência avançada à condução​ (de série na versão Iconic, desde 52.650€), que inclui a saída segura dos ocupantes, o regulador de velocidade adaptativo com assistência de manutenção na faixa de rodagem, alerta de ângulo morto e prevenção de saída da faixa de rodagem em ultrapassagem.

Claro que qualquer pacote extra vai encarecer o automóvel. E a boa notícia é que a lista de equipamento não é de desprezar desde o nível de entrada, Evolution, que inclui, por exemplo, jantes em liga leve de 19" com corte diamantado Streamline, sistema multimédia openR link de 9" com sistema de som Arkamys Auditorium, câmara de marcha-atrás e bomba de calor. O nível Techno acrescenta o sistema multimédia openR link de 12" com Google integrado e sistema de som Arkamys Auditorium, o apoio de braço traseiro referido, a porta da bagageira eléctrica e travagem regenerativa regulável através de patilhas no volante.

Com o Esprit Alpine, disponível apenas com a mecânica de 220cv, as jantes já são de 20", além de contar com bancos desportivos, volante Alpine, painel de instrumentos específico, peças decorativas azuis, sistema de aquecimento dos bancos dianteiros e volante aquecido. O topo de gama, Iconic, também apenas com o conjunto eléctrico mais potente, propõe jantes em liga leve de 20" com corte diamantado oracle, estofos claros mistos em tecido revestido granulado e tecido reciclado com pespontos dourados, sistema multimédia openR link de 12", com Google integrado e sistema de som premium Harman Kardon.

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