7 dias, 7 fugas: a encarrilar por jardins, pitéus e o Camões em festa
Da arte limiana de bem jardinar até ao guia castromarinense do bem trajar vai a cozinha portuguesa num comboio histórico, a caminho de uma Lisboa estrelada e outros festivais.
Pra me perder nesses recantos
Com a criatividade como motor, a sustentabilidade em mente e, este ano, com O Imaginário na Arte dos Jardins à solta. É neste tom que acontece o 19.º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, um evento “único em Portugal” e “inovador na ideia, no conceito e no desenvolvimento”, como sublinha a autarquia, que tem feito sucesso desde que fez de uma antiga quinta minhota o seu território.
Todos os anos se deixa renovar por 11 projectos efémeros seleccionados por um painel de especialistas em paisagismo, jardinagem, espaços verdes, botânica, design e artes plásticas. Vêm de mais de uma dezena de países, com títulos como Olho Interior, Constelação da Imaginação, O Mar de Areia, Intenção Paradoxal, O Portal dos Sentidos ou O Sonho Imaginário de Uma Infância Asiática. Junta-se-lhes Viva la Vida, concebido pela argentina Victoria Magnano, herdado da edição de 2023 por ter sido o mais votado.
As portas estão abertas até 31 de Outubro, diariamente, das 10h às 19h (excepto às segundas de manhã). A entrada fica a 1€ para adultos e a custo zero até aos 12 anos. A planta completa aqui. Só mais uma dica: a uns passos, há uma piscina a chamar a banhos.
Vai honrar o Camões, à portuguesa
Ingredientes para a 24.ª edição da Cozinha à Portuguesa: cinco restaurantes regionais, outras tantas petisqueiras, três tabernas com vinho e cerveja artesanal, mais de 70 bancas, demonstrações culinárias, animação de cantares e dançares, uma livraria e uma pitada de memórias poéticas.
A grande feira de gastronomia de Vila do Conde assenta arraiais nos jardins da Avenida Júlio Graça a partir desta sexta-feira. Ali fica até dia 25, pronta a saciar a vontade de degustar, num único lugar, sabores de todo o país – em especial, Trás-os-Montes à Madeira, passando pelo Douro Litoral, Alto Tâmega e Barroso, e Alentejo.
Este ano, aventura-se também em “pratos que evocam as memórias dos Lugares de Camões”. São servidos no habitual restaurante temático, a propósito da celebração dos 500 anos do nascimento do poeta. A partir deste sábado, a feira também sorve inspiração de showcookings diários com chefs convidados (sempre às 19h).
A Cozinha à Portuguesa está aberta todos os dias até à meia-noite, a partir das 15h de sexta a domingo e das 17h nos restantes dias (restaurantes abertos para almoço entre as 12h e as 14h30). A entrada é gratuita.
Com o histórico em linha
Todos a bordo: está em marcha “uma viagem no tempo ao longo do deslumbrante vale do Douro”, anuncia a CP - Comboios de Portugal. É que o Comboio Histórico do Douro está de volta aos carris, desde meados de Junho, e não promete menos que “uma experiência verdadeiramente autêntica e inesquecível”.
Puxadas por uma locomotiva a vapor com quase cem anos (a CP 0186, construída em 1925), as cinco carruagens da composição, datadas de entre 1908 e 1934, percorrem os 36 quilómetros que ligam as estações da Régua e do Tua, com paragem no Pinhão e oferta de vinho do Porto, doces típicos e animação.
O comboio faz-se à linha até 27 de Outubro, às quartas-feiras, aos sábados e aos domingos, com partida às 15h30. O embarque custa 28€ para crianças e 54€ para adultos.
“Tau, tau, tau/ vira o bacalhau”
Por obra da Confraria Gastronómica do Bacalhau (sediada em Ílhavo, capital do dito), em parceria com o edil, o fiel amigo torna a ter honras de festival. Está no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, até domingo.
As muitas formas de o confeccionar revelam-se em tasquinhas, bares de petiscos e demonstrações culinárias. Exposições temáticas e visitas ao navio-museu Santo André, guiadas por antigos tripulantes “que recordam aventuras em alto-mar”, enaltecem a sua importância histórica para a região (e o país): “sustento, trabalho, tradições, cultura gastronómica e património imaterial”, elenca a organização.
Os vinhos da Região Demarcada da Bairrada e o pão do vale de Ílhavo também marcam presença no Festival do Bacalhau. Artesanato, jogos, animação de rua, actividades desportivas, oficinas e um Forte das Brincadeiras para os miúdos são outros atractivos do programa, lado a lado com competições tão emblemáticas como a Corrida Mais Louca da Ria (sábado, às 15h) ou a Volta ao Cais em Pasteleira (domingo, às 17h).
E se antigamente, nas secas tradicionais, se cantava “tau, tau, tau/ vira, vira, vira/ tau, tau, tau/ vira o bacalhau” para espantar o cansaço, agora canta-se com artistas como GNR, Aurea ou Buba Espinho para atiçar a festa. A entrada é livre; as visitas ao navio vão de 1,50€ a 3€. O programa detalhado está aqui.
Luzes, ruínas, acção (outra vez)!
Mais de 170 mil visitantes já ficaram a olhar para a parede e a ver estrelas – as que são visíveis a céu aberto e as que participam no espectáculo – desde 2018, o ano em que Lisbon Unders Stars se estreou. A 22 de Agosto, regressa para mais uma temporada.
Este espectáculo imersivo de video mapping, saído do ateliê Ocubo sob direcção artística de Nuno Maya, instala-se no Convento do Carmo, em Lisboa, para evocar o sismo que o deixou em ruínas, em 1755, e outros episódios históricos dos últimos seis séculos, seja a Batalha de Aljubarrota ou a Revolução dos Cravos.
O público vai circulando pelo espaço sem nunca sair da envolvência das imagens, das luzes e das tais estrelas que entram na história: a narradora Catarina Furtado, as vozes de Mariza, Amália, Salvador Sobral, Teresa Salgueiro, José Afonso e Coro de Câmara Lisboa Cantat, a música de Lopes-Graça, Freitas Branco, Tocá Rufar, Rão Kyao, Paulo Marinho e Orquestra de Câmara da GNR, o bailado virtual coreografado por Catarina Casqueiro e Tiago Coelho, e a arte urbana de Add Fuel, Daniel Eime, Vanessa Teodoro e Mafalda M. Gonçalves.
A experiência, que dura cerca de 45 minutos, volta a estar à vista de segunda a sábado, às 21h, com sessões também às 22h de quinta a sábado. A entrada custa entre 15€ e 20€, sendo gratuita até aos cinco anos.
Vila morena em festa
Os encantos, os recursos e as potencialidades do Litoral Alentejano voltam a estar em foco na Feira de Agosto de Grândola, a maior da zona e uma das mais antigas do país. Ocupa o Parque de Feiras e Exposições, entre os dias 22 e 26.
Acolhe centenas de expositores, ansiosos por dar a conhecer produtos regionais de gastronomia e artesanato, além de actividades económicas. Entrega o palco a artistas como Supa Squad, T-Rex, Nininho Vaz Maia, Marisa Liz, Mariza ou Fernando Daniel. Proporciona baptismos equestres, um festival hípico, passeios de charrete, animação de rua, sevilhanas...
Sempre sintonizada com Abril, a terra da fraternidade dá-lhe uma atenção ainda mais especial este ano, por causa do cinquentenário, com uma exposição sobre os primeiros anos do poder local democrático em Grândola. Tudo com entrada livre.
Em bom rigor, à luz das tochas
Feiras medievais há muitas. Mas esta ostenta o orgulho do rigor no estandarte. Acontece no castelo – “o cenário mais leal possível”, frisa a organização – e até disponibiliza um Guia do Bem Trajar para quem quiser recuar nos séculos a preceito (e não pagar entrada por isso).
Os portões dos Dias Medievais de Castro Marim reabrem entre 21 e 25 de Agosto para a 25.ª edição. À luz das tochas, ao ritmo de música profana e ao sabor de gastronomia que remete para a época, a vila algarvia raiana deixa-se povoar por cavaleiros, realeza, artesãos, guerreiros, gaiteiros, jograis, malabaristas, contorcionistas, zaragateiros, bobos, encantadores de serpentes, falcoeiros, contadores de histórias…
O programa passa ainda por torneios a cavalo, uma exposição de instrumentos de tortura, um espectáculo de video mapping em honra do castelo, banquetes à luz das tochas e a experiência de ser rei por uma noite. A animação começa às 17h (no último dia, às 16h) e termina à meia-noite. O preço do bilhete diário vai dos 4€ aos 8€; o passe, de 8€ a 16€. O banquete fica a 50€; a experiência real, a 60€.