Calendário Pirelli despe-se para 2025 num regresso à sensualidade

O conhecido calendário de moda foi fotografado pelo norte-americano Ethan James Green e conta com celebridades como John Boyega ou Simone Ashley.

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Hunter Schafer de Euphoria posa para Ethan James Green Instagram/Pirelli
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Elodie Di Patrizi Instagram/Pirelli
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Vincent Cassel Instagram/Pirelli
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Hoyeon Jung Instagram/Pirelli

Tudo a nu. É assim que será o calendário Pirelli para 2025. O icónico calendário já está preparado para a chegada do novo ano e conta com 11 rostos conhecidos do cinema, da moda e da televisão que posaram para a lente do fotógrafo norte-americano Ethan James Green, que quis celebrar a era pós-#MeToo num “regresso à sensualidade”. O compromisso é tal que o fotógrafo de 34 anos é também um dos modelos num gesto inédito na história do calendário que já vai na sua 51.ª edição.

As imagens foram captadas em Virginia Key, um parque natural na ilha ao sul de Miami no último fim-de-semana de Junho, num cenário pouco habitual (e repleto de mosquitos, descreve o El País, que acompanhou a sessão), em contraste com o ambiente controlado de um estúdio de fotografia a que os modelos já estão habituados.

Durante alguns dias, os actores Vincent Cassel, Jodie Turner-Smith, Hunter Schafer, Hoyeon Jung, Connie Fleming, Simone Ashley, John Boyega e Padma Lakshmi posaram para lente de Ethan James Green, tal como as modelos Elodie Di Patrizi e Jenny Shimizu ou a artista Martine Gutiérrez.

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Ashley Simone Instagram/Pirelli

A edição, que se intitula Refresh&Reveal (Refrescar e Revelar, em tradução livre), é um recuar até às origens do calendário sensual, mas quer trazer a nudez sem vulgaridade. “Quando me convidaram, as minhas ideias iniciais foram: 'Se vou fazer um Pirelli, quero fazer um Pirelli'. Queria voltar ao clássico sexy, como aquilo em que pensamos quando imaginamos um Pirelli”, contou Ethan James Green ao The Guardian.

Até porque esta era a altura certa para o fazer: “Acho que o #MeToo obrigou toda a gente a fazer uma pausa, o que é muito bom. E acho que muito do que o sexy se tornou é o que começámos a ver nas redes sociais, normalmente através de selfies.” Assim, o fotógrafo quis dar essa mesma sensação de controlo aos fotografados, sem os colocar em qualquer situação que pudesse ser desconfortável. “O meu trabalho sempre foi uma colaboração com o sujeito”, declara.

Os cenários para as fotografias foram, então, um regresso também às origens, mas com a actualidade que 2025 exige ─ o styling é da conceituada Tonne Goodman. O britânico John Boyega, da Guerra das Estelas, posa dentro de água na praia, a usar apenas uma tanga, enquanto Hunter Schafer de Euphoria foi mais além, fotografada apenas com folhas de palmeira a cobrir-lhe o peito. Já a apresentadora Padma Lakshmi foi fotografada na quietude do estúdio com um frágil tule a envolver-lhe o corpo, assim como Simone Ashley, que atingiu o estrelato com Bridgerton.

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John Boyega Instagram/Pirelli

“Todos nós entramos nesta vida nus. É a melhor forma de capturarmos o nosso verdadeiro eu”, defende o fotógrafo, fazendo eco de uma tendência actual da moda (por exemplo, Doja Cat foi ao Met Gala deste ano com uma T-shirt branca molhada e transparente). É actual e é clássico em simultâneo, garante, evocando calendários anteriores, como em 1994, quando Kate Moss e Cindy Crawford foram fotografadas nuas na praia das Bahamas por Herb Ritts, ou, no ano seguinte, Christy Turlington num corpete de metal que revelava as mamas da supermodelo para a lente do conceituado Richard Avedon.

Mas, agora, o fotógrafo promete que há muito mais respeito do que na década de 1990, em que são conhecidos os abusos constantes da indústria da moda. “Acho que agora, com a nudez e a sensualidade, pelo menos da minha experiência, o sujeito fotografado participa de uma forma mais ampla. Isso leva-nos à melhor fotografia”, analisa. E insiste: “O meu trabalho sempre teve a ver com colaboração. Quando alguém se sente no seu melhor e está mais confortável, é aí que eu consigo a imagem.”

“É fabuloso poder valorizar o corpo e a personalidade. É por isso que não se trata apenas de revelar a carne, mas também a atitude”, concorda a stylist Tonne Goodman, que elogia a “calma e confiança” que o fotógrafo transmite aos modelos. E, em termos de moda, o projecto foi desafiante precisamente por envolver pouca roupa. “A moda tipicamente envolve roupa, claro. E quando não se trata de roupa, é completamente diferente”, reconhece.

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Ethan James Green Instagram/Pirelli

Em anos anteriores o The Cal, como é conhecido o calendário, tem-se tentado afastado da imagem patriarcal que historicamente o define. Em 2016, Annie Leibovitz fotografou mulheres “inspiradoras” como Patti Smith, Yoko Ono e Serena William. Já em 2023 foi Emma Summerton a fotografar estrelas como Cara Delevigne, Karlie Kloss ou Emily Ratajkowski, numa edição igualmente protagonizada por mulheres.

Nos últimos anos, os temas têm sido diversos, do rock de Bryan Adams ao Romeu e Julieta de Paolo Roversi. Em 2024, o calendário da marca de pneus italiana celebrou a 50.ª edição com a direcção criativa do artista ganês Prince Gyasi, que trouxe uma dimensão de surrealismo, num misto entre arte digital e fotografia, com protagonistas como a actriz Angela Bassett ou o futebolista francês Marcel Desailly.

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