Baralhar e dar de novo: Alien: Romulus

Fede Alvarez parte de uma remix dos quatro primeiros filmes Alien para uma série B de terror eficaz, desenvolta, que não traz nada de novo, mas também não ofusca a memória do original.

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O filme Alien: Romulus estreia-se esta quinta-feira nas salas de cinema portuguesas
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Houve um tempo em que fez sentido explorar o universo de Alien, e esse tempo foram os anos 1980 e 1990, quando James Cameron, David Fincher e Jean-Pierre Jeunet trouxeram todos visões próprias, diferentes, do medo primordial do espaço profundo, mas no ínterim a porta que o original abriu já foi atravessada por muitos. O uruguaio Fede Alvarez não traz nada de novo nem de especialmente próprio à saga do xenomorfo indestrutível, embora se perceba claramente que este sétimo filme (sem contar com os spin-offs Alien vs. Predador) vai buscar alimento muito mais a esses originais mais do que às prequelas Prometheus e Covenant.

Romulus é uma remix de momentos e elementos de Alien, Aliens, Alien 3 e Alien: Ressurreição — mas é-o de forma aberta e limpa, assumindo a dimensão derivativa (atenção à "surpresa" que o laboratório da estação espacial esconde para os conhecedores) e sobretudo a filiação de género.

Alvarez não anda com pezinhos de lã a fingir que está a dizer coisas importantes (mesmo que o filme se inscreva na contestação anticorporativa, tanto mais divertida quanto o franchise pertence agora à megacorporação Disney). O que ele quer mesmo é honrar o lado de filme de terror, e portanto estrutura Romulus como um slasher tradicional ou uma fita de casa assombrada, com uma sólida Cailee Spaeny (a Priscilla Presley de Sofia Coppola) como rapariga final nos passos da Ripley de Sigourney Weaver, e com um elenco de jovens actores que querem escapar à quase escravatura da corporação Weyland-Yutani, encontrando numa misteriosa estação espacial a oportunidade perfeita de recomeçar do zero noutro lado.

Parecendo que não, é precisamente essa falta de originalidade a razão principal para recomendar Romulus: liberto de toda a ganga filosófica e reduzido ao mínimo denominador comum de filme de monstro, podemos usufruir de uma simples montanha-russa de parque de diversões, uma máquina de sustos que não perde tempo com o supérfluo, que saca até algumas ideias bem-apanhadas, que também se preocupa o suficiente com as suas personagens para não fazer delas simples carne para canhão.

E se há coisa que Fede Alvarez (apadrinhado por Sam Raimi e a quem se devem Nem Respires e A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha) já provou saber é como fazer máquinas de sustos com desenvoltura e sem marcar o ponto.

Alien: Romulus é exactamente o que tem de ser — um filme de terror em território conhecido, uma série B eficaz que nunca vai ofuscar o original, mas não lhe mancha a memória. Pelo menos sabemos ao que vamos, não há risco de sermos enganados.

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