Sindicato diz que serviços mínimos quase anulam direito à greve na EasyJet na Madeira

O Governo decretou serviços mínimos para a greve de três dias de tripulantes de cabine da EasyJet que asseguram ligações à Madeira, Genebra, Luxemburgo e Londres, a partir de Lisboa, Porto e Faro.

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ALBERT GEA
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O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) considerou esta segunda-feira que os serviços mínimos decretados pelo Governo para a greve de tripulantes de cabine da EasyJet, esta semana, quase anulam o direito à greve no arquipélago.

“É como se anulassem o nosso direito à greve para o arquipélago da Madeira, uma vez que quase todas as ligações para lá estão a ser asseguradas pelos serviços mínimos e não conseguimos compreender assim tão bem, dada toda a oferta disponibilizada por outras companhias também para o arquipélago da Madeira”, disse à Lusa Ana Dias, do SNPVAC.

O Governo decretou serviços mínimos para a greve de três dias de tripulantes de cabine da EasyJet, entre quinta-feira e sábado, que asseguram ligações à Madeira, Genebra, Luxemburgo e Londres, a partir de Lisboa, Porto e Faro, após falta de acordo entre empresa e sindicato.

O SNPVAC sinalizou também a “novidade” dos serviços mínimos a partir de Faro, algo que não tinha acontecido nas últimas três greves na EasyJet.

“Por exemplo, para Londres [partida de Faro] havia alternativas, só no primeiro dia de greve, havia 19 ligações de outras companhias, e para o arquipélago da Madeira também havia outras alternativas, obviamente que as taxas de ocupação já não são as melhores, neste momento, mas ainda havia muitas alternativas”, realçou a sindicalista.

Ainda assim, à excepção destas duas questões, o sindicato considerou que os restantes serviços mínimos são “razoáveis”, tendo em conta a proposta que a EasyJet tinha feito, que considerou “completamente desproporcional”.

Segundo o SNPVAC, a companhia aérea tinha pedido que os serviços mínimos assegurassem 124 voos, dos 144 que ainda não tinham sido cancelados.

“[A companhia aérea] estava a pedir 86% daqueles voos; tendo em conta esses números, achamos que houve aqui alguma razoabilidade, porque nem um terço dos voos foram dados como serviços mínimos”, apontou Ana Dias.

O sindicato entendia que não deviam ser decretados serviços mínimos, alegando que o único caso em que é posta em causa a coesão territorial é na ligação à ilha da Madeira, que é assegurada por outras companhias aéreas.

O sindicato disse ainda que a EasyJet cancelou mais voos nas últimas horas, além dos 164 cancelamentos feitos após a entrega do pré-aviso de greve, num total de 308 voos que estavam marcados para os dias da greve, que o SNPVAC já tinha comunicado.

“Aqueles voos que não foram considerados serviços mínimos, para dar um exemplo, no Porto, já não existem, no primeiro dia de greve já só existem serviços mínimos”, apontou a responsável sindical, considerando que esta posição da empresa demonstra que sabia que vai haver “uma adesão em massa” à paralisação e prefere cancelar os voos para não causar mais transtorno aos passageiros no próprio dia.

Segundo o pré-aviso de greve enviado pelo sindicato ao Ministério do Trabalho e à companhia aérea, a que a Lusa teve acesso, a paralisação tem início às 00h01 do dia 15 de Agosto e fim às 24h00 de dia 17, para “todos os voos realizados pela EasyJet, bem como para os demais serviços a que os tripulantes de cabine estão adstritos”, em território nacional.

O sindicato diz que os trabalhadores estão insatisfeitos com o "contínuo e cada vez mais acentuado desrespeito pela sua dignidade profissional”, com os problemas de falta de estabilidade de escalas, com o tratamento discriminatório relativamente aos pilotos nas compensações dadas no âmbito da disrupção de Verão, com a insuficiência de pessoal em todos os departamentos relevantes ou com a pressão para fazer horas extraordinárias.