OMS vai reunir-se para avaliar risco mundial de novo surto de mpox

Desde 2023, a República Democrática do Congo soma mais de 27 mil casos e mais de mil mortes devido à mpox. A Organização Mundial de Saúde quer avaliar o risco de uma nova propagação mundial.

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Em 2022, a mpox já foi considerada uma emergência de saúde pública mundial quando um surto se disseminou por vários continentes, incluindo a Europa DADO RUVIC/REUTERS
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O director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou esta quarta-feira a convocatória de um comité de emergência para discutir se o actual surto de mpox (anteriormente conhecida como varíola-dos-macacos ou monkeypox) na República Democrática do Congo representa uma emergência de saúde pública internacional.

O actual surto na República Democrática do Congo já registou cerca de 27 mil casos e causou mais de 1100 mortes, a maioria das quais de crianças, desde o início de 2023. A OMS afirmou ainda que havia suspeitas de mais casos em quatro países – Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda –​, onde não tinham sido notificados casos de mpox anteriormente.

O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que tinha decidido convocar um comité de emergência devido à propagação de mpox nos países vizinhos da República Democrática do Congo e à possibilidade de uma maior propagação internacional dentro e fora de África.

Um comité de emergência é constituído por peritos internacionais que dão aconselhamento técnico e recomendações ao director da OMS sobre se um surto de doença é uma “emergência de saúde pública internacional” –​ o nível mais elevado de alerta desta agência. A decisão final é tomada pelo director-geral, após a recomendação deste comité.

A OMS referiu que o comité de emergência será reunido “o mais rapidamente possível”, mas não indicou uma data definitiva para a reunião ou para uma decisão futura.

“Desbloqueámos um milhão de dólares [cerca de 915 mil euros] do fundo de contingência da OMS para emergências de forma a apoiar a intensificação da resposta, e planeamos desbloquear mais [fundos] nos próximos dias”, adiantou Tedros Adhanom Ghebreyesus numa conferência por telefone com jornalistas.

Tedros Adhanom Ghebreyesus acrescentou que a OMS tinha desencadeado o processo de inclusão das duas vacinas contra a mpox na lista de utilização de emergência – a vacina Imvanex/Jynneos (da Bavarian Nordic) e a LC16 (da KM Biologics) – para ajudar a acelerar o acesso às vacinas. As autoridades da República Democrática do Congo aprovaram a utilização de ambas as vacinas em Junho deste ano.

O surto começou com a propagação de uma estirpe endémica, conhecida como estirpe I. Mas a nova variante, conhecida como estirpe Ib, parece propagar-se mais facilmente através de contacto próximo, como parece ser o caso entre as crianças. A presença desta estirpe Ib foi confirmada no Quénia, Ruanda e Uganda, notou Tedros Adhanom Ghebreyesus, enquanto a estirpe do Burundi ainda está a ser analisada.

Uma forma diferente e menos grave do vírus (a estirpe IIb) disseminou-se globalmente em 2022, em grande parte através do contacto sexual entre homens que têm sexo com outros homens. Este surto em vários continentes levou a OMS a declarar, em 2022, uma emergência de saúde pública. Embora este nível de alerta já tenha terminado, a OMS afirmou que a doença continua a ser uma ameaça para a saúde pública.