Catarina Marques Rodrigues: “As mulheres são donas da casa que é a sua vida, as suas escolhas e as suas opiniões”

Catarina Marques Rodrigues, jornalista especializada em questões de género, autora do programa Dona da Casa, na Antena 3, e CEO do Gender Calling

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Que rede social mais usa? Já desistiu de alguma, e porquê?
Instagram e WhatsApp. O Twitter [actual X] é aquela em que sou menos assídua pelo surpreendente nível de toxicidade nos comentários, mas vou espreitando para ler opiniões e para partilhar alguns trabalhos — não sou de desistir.

Já se arrependeu de alguma coisa que escreveu numa rede social? O quê?
Nada de que me lembre, tento ser cautelosa. Como jornalista, tenho noção que tudo poderá ser usado contra nós — uma vez na Internet, sempre na Internet.

Tem a noção de quantos ex-amigos tem? Cinco? Dez? Ou nunca se zangou com um amigo?
Terei dois ou três ex-amigos, mas não por zangas, apenas por afastamentos naturais da vida.

Qual é o elogio que menos gosta que lhe façam?
Aquele elogio que mascara algum paternalismo machista dá-me náuseas. Normalmente, relaciona-se com o ser mulher ou com ainda ser jovem — ou os dois juntos.

Fora de Portugal, qual é o lugar onde se sente em casa? E porquê?
Em Londres, pela diversidade, pelas ligações familiares e de amizade e pela oferta cultural; e em Cabo Verde, também pela cultura, pelas pessoas e pelas boas memórias que tenho de formações e de palestras que dei sobre igualdade de género.

Qual o melhor conselho que lhe deram na vida?
"The more you ask, the more you get" — quanto mais pedires, mais tens.

Em que situações se considera uma “chata”?
Com os erros de português e de pontuação. Também não gosto de alterações de última hora, seja de planos ou de horários.

Tem algum vício que gostaria de não ter? E um de que se orgulhe?
Gostaria de não ser tão dependente do telemóvel, mas também é uma necessidade, por razões de trabalho. Um de que me orgulhe: viajar conta?

Diga o nome de três portugueses vivos que admira (não vale a sua mãe nem o seu pai).
Maria Antónia Palla, Leonor Beleza e António Guterres

Já teve algum ataque de ansiedade? Em que circunstâncias?
Nunca tive.

E já se sentiu profundamente exausta? Foi burnout?
Já me senti muito exausta, sim, em ocasiões em que acumulei muito trabalho. Mas não creio que tenha sido burnout.

Se lhe pedissem conselhos para uma relação amorosa feliz, o que é que dizia?
O amor é um campo bastante subjectivo, mas diria que é preciso admiração, respeito e objectivos comuns.

É vegetariana, vegan, faz alguma dieta especial? Porquê?
Não é politicamente correcto dizer, mas sou fã de muitos pratos com carne. Desde há uns três anos que estou cada vez mais fã de peixe e de refeições vegetarianas, mas ainda longe de ser vegetariana.

Qual foi o último filme que viu? E qual foi o último de que gostou?
O último foi Anatomia de Uma Queda, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes de 2023 — foi apenas o terceiro filme realizado por uma mulher a receber aquele prémio. Adorei todo o suspense, o julgamento, o jogo entre a realidade e as várias hipóteses, os diálogos bem escritos. Gosto muito de dramas, thrillers, biografias, histórias sobre a vida real. A realidade é sempre a melhor inspiração.

Qual o seu maior arrependimento?
Não tenho grandes arrependimentos, sou mais de olhar para a frente.

Qual foi a última vez em que se surpreendeu?
Recentemente, com o eclodir mediático de expressões bafientas como "dona de casa" a remeter para a submissão da mulher. Sabemos que há sempre quem pense assim, mas surpreende-me a legitimidade sentida agora para o defender publicamente. Por isso é que decidi agarrar esta expressão e transformá-la numa expressão de poder e de força — as mulheres são donas da casa que é a sua vida, as suas escolhas e as suas opiniões.

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