Trump elogia Putin pelo maior acordo de troca de prisioneiros desde a Guerra Fria

Num comício em Atlanta, Georgia, o candidato republicano à presidência chamou ao acordo um “negócio horrível” e questionou se não estaria a abrir “um mau precedente”.

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Donald Trump no comício de sábado à noite em Atlanta Umit Bektas / REUTERS
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O ex-Presidente Donald Trump felicitou o Presidente russo, Vladimir Putin, pela troca de prisioneiros que teve lugar esta semana entre os Estados Unidos e a Rússia, dizendo que tinha sido mais esperto do que as autoridades americanas no maior acordo deste género desde o fim da Guerra Fria.

No comício eleitoral de sábado à noite em Atlanta, Georgia, Trump não mencionou nenhum dos prisioneiros americanos que foram libertados no âmbito do acordo – incluindo o jornalista Evan Gershkovich do Wall Street Journal, que esteve preso mais de um ano com base em acusações que o Governo dos Estados Unidos denunciou como fabricadas. Nos seus comentários anteriores sobre o acordo, Trump nunca mencionou nenhum dos prisioneiros pelo nome, apenas criticou o Governo dos EUA.

"Gostaria de felicitar Vladimir Putin por ter feito mais um grande acordo. Temos 59 reféns, eu nunca paguei nada. Caramba, nós fazemos negócios horríveis, horríveis. É bom dizer que os recuperámos, mas será que isso não abre um mau precedente", perguntou Trump, que também não mencionou qualquer dos membros da Administração norte-americana que trabalharam no acordo durante meses.

Na verdade, enquanto Presidente, Trump autorizou que fossem pagos 2 milhões de dólares à Coreia do Norte de contas médicas para libertar Otto Warmbier, o estudante da Universidade da Virgínia em coma que foi enviado para casa por Pyongyang em 2017, informou o Washington Post. Trump afirmou que a conta nunca foi paga. Warmbier morreu logo após seu regresso.

O conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan garantiu esta semana que não houve qualquer pagamento em dinheiro nesta última troca de prisioneiros.

Trump mostrou-se relutante em falar sobre Gershkovich durante o primeiro ano de detenção do repórter, mas finalmente em Maio pediu a sua libertação. O ex-Presidente tem-se gabado repetidamente da sua relação próxima com Putin, dizendo que o Presidente russo o respeita e que nunca teria invadido a Ucrânia se ele estivesse na Casa Branca.

Em várias ocasiões nos últimos meses, Trump disse que conseguiria a libertação de Gershkovich assim que fosse eleito em Novembro, e que Putin o faria por ele, "mas não por mais ninguém".

Trump pareceu atacar o acordo na quinta-feira, depois de este ter sido anunciado pelo Presidente Biden e pela vice-Presidente, Kamala Harris, que se encontraram com os prisioneiros na Base de Andrews numa cerimónia emotiva.

"Estou curioso porque nunca fazemos bons acordos, em nada, mas especialmente em troca de reféns. Os nossos negociadores são sempre um embaraço para nós!", afirmou na quinta-feira numa publicação na rede social Truth Social.

Gershkovich foi uma das 24 pessoas libertadas numa troca de prisioneiros detidos em sete países – Rússia e Bielorrússia, por um lado, e Estados Unidos, Alemanha, Eslovénia, Polónia e Noruega, por outro. Do lado russo, foram libertados 16 prisioneiros, incluindo um que tinha estado preso na Bielorrússia. Entre o grupo encontravam-se cidadãos alemães e americanos e dissidentes russos, a maioria dos quais foram transportados de avião para a Alemanha. A Rússia recebeu oito pessoas em troca, incluindo o assassino Vadim Krasikov, preso na Alemanha, dois piratas informáticos e um alegado contrabandista com ligações aos serviços secretos.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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