Palcos da semana: cinema, música e artes para descentralizar por aí

Viana do Castelo dança com o Neopop, o Bons Sons volta “mais bonito” a Cem Soldos, Montemuro tem teatro em Altitudes, Marvão projecta Periferias e Figueiró dos Vinhos reincide na arte urbana.

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O Neopop volta a ocupar o Forte de Santiago da Barra Pedro Francisco
Maria Luiza Jobim
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Ana Lua Caiano estreia-se no Bons Sons Joana Caiano
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Eliana Rosa vai ao Periferias como cantora e protagonista de Manga d'Terra DR
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Antiaquário abre o 27.º Altitudes Luís Belo
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Mariana Santos é uma das artistas convidadas para o Fazunchar Marta Caeiro
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Forte em electrónica

Electrónicas para dançar ao ar livre, na foz do Lima, ao som de um alinhamento de estrelas da vanguarda nacional e internacional, com a certeza de que cada serão (e são quatro) só termina na manhã seguinte. É o Neopop a reforçar os pergaminhos de Viana do Castelo enquanto capital do tecno, ao levar mais uma comitiva de luxo ao Forte de Santiago da Barra.

No cartaz desta 17.ª edição sobressaem o napolitano Joseph Capriati, o também italiano Enrico Sangiuliano, o duo berlinense Fjaak, o toque ácido do neerlandês Reinier Zonneveld, as actuações ao vivo das compatriotas Mary Lake e KI/K, e o duelo raro entre os pioneiros Chris Liebing e Luke Slater. E ainda Jeff Mills, Rui Vargas, Richie Hawtin, Ivan Smagghe, Amelie Lens, Jennifer Cardini, Frank Maurel, entre muitos outros.

Voltar a viver a aldeia

Em 2023, Cem Soldos teve de passar sem o Bons Sons. Não que a aldeia tomarense tivesse ficado parada: esteve entretida com obras de renovação. Agora, é de “cara lavada, mais bonito, mais amplo” – garantia dada à Lusa pelo director artístico, Miguel Atalaia – que o festival chega à 12.ª edição, aquela em que sopra as velas da maioridade.

Musicalmente, a aposta mantém-se na safra nacional. Contas feitas, há mais de 40 artistas na lista, incluindo Ana Lua Caiano, Cara de Espelho, Club Makumba, Conferência Inferno, Expresso Transatlântico, Ganso, Gisela João, Rafael Toral, Teresa Salgueiro, The Legendary Tigerman e Unsafe Space Garden.

Mas aqui os números valem menos do que outras valências: o ambiente bucólico, genuíno, comunitário, ligado à terra – que o diga a (lagar)Tixa, mascote do festival. O Bons Sons não invade a aldeia: envolve-a. E devolve aos visitantes esse espírito, seja na forma da música que se ouve por todo o lado, seja num sem-número de actividades paralelas que vão da dança ao cinema, passando por oficinas, conversas, exposições, jogos tradicionais ou caminhadas com burros.

Representações ao alto

Noutra aldeia, a de Campo Benfeito, em plena Serra de Montemuro, ergue-se o Altitudes. O festival de teatro já vai na sua 27.ª edição, neste lugar “que muitos consideraram, ou ainda consideram, no mínimo improvável”, defende o organizador Teatro do Montemuro.

É o grupo anfitrião que faz subir a cortina, com uma peça co-criada com a Cem Palcos: Antiaquário, a história de uma loja de antiguidades submersa em memórias dos sócios que tentam manter-se à tona.

É o primeiro de dez espectáculos, que serão assegurados também pelas companhias Historioscópio - Teatro de Marionetas, d'Orfeu, Teatro do Noroeste, Chapitô, Karlik Danza Teatro, Teatro das Beiras, Palmilha Dentada e Boca de Cão, a que se juntam um concerto de Criatura, um ateliê, uma conferência, um documentário (Chieira, de Luís Esteves) e um espaço de flash tattoos.​

Periferias de autor

Na raia, projecta-se a 12.ª edição do ibérico Periferias, mais um festival firmemente apostado na descentralização, neste caso por via do cinema e, em particular, de “filmes de autor focados na defesa e promoção dos direitos humanos, preservação do meio ambiente e impulso da arte cultural”, sublinham os responsáveis.

Manga d’Terra é a longa-metragem que inaugura a tela, com um olhar sobre a vida na Reboleira pelos olhos de uma imigrante cabo-verdiana que tenta singrar e integrar-se em Portugal. É realizado por Basil da Cunha, que vai estar presente na sessão de abertura, e é protagonizado pela cantora Eliana Rosa, que dará um concerto logo a seguir.

Folhas Caídas, de Aki Kaurismäki, Lindo, de Margarida Gramaxo, A Minha Casinha, de António Sequeira, Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, e Anselm - O Som do Tempo, de Wim Wenders, são outros títulos a não perder num cartaz que também tem espaço para exposições, “filminhos infantis”, outro concerto (do Trio de Rosetta), caminhadas e visitas guiadas.

Fazer por Fazunchar

Está escrito, desenhado e pintado por toda a parte. Nos muros, nas paredes, nas empenas de Figueiró dos Vinhos. Esta não é “só” a terra do Casulo de Malhoa; é uma tela aberta a outras artes, urbanas, dos que se juntam para Fazunchar – título que significa, simplesmente (num antigo dialecto local, o laínte), fazer.

O que se faz neste festival com curadoria de Ricardo Romero é assistir aos trabalhos dos artistas convidados a “enfeitar” a vila, que este ano são o francês Fred Battle (Zoerism), o espanhol Manolo Mesa e os portugueses Regg Salgado e Mariana Santos. Mas não só.

O programa passa por uma exposição de pintura de Martinho da Costa, por várias visitas guiadas – pelo centro histórico e também pelas “aldeias pitorescas (...) onde também as pinturas foram chegando”, convida a organização – pelo crescente roteiro de arte urbana da vila – com direito à revelação do resultado das residências artísticas de Inesa Markava, Pedro “Batida” Coquenão e Sílvia Santos – e ainda por concertos de Mimicat e Beatbombers, conversas com os artistas, oficinas e um piquenique comunitário. E assim se vão Redesenhando Mundos, como manda (fazer) o lema do festival.

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