Em 12 anos, Katie Ledecky chegou às 14 medalhas

A norte-americana reforçou o seu estatuto de melhor nadadora de sempre, com mais um título olímpico em Paris, nos 800m livres.

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Katie Ledecky, nadadora norte-americana Ueslei Marcelino / REUTERS
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Qual é a diferença entre Katie Ledecky aos 15 anos e Katie Ledecky aos 27? Muitas, seguramente. E o que é que há em comum entre a versão adolescente da nadadora e a sua versão adulta? Muitas coisas terão ficado na mesma entre uma e outra, e uma delas são as medalhas olímpicas. Começou a ganhá-las com 15 anos nos Jogos de Londres, continua a ganhá-las em Paris 2024. Já vai em 14, em quatro edições diferentes dos Jogos, a última das quais neste sábado, com um triunfo indiscutível nos 800m livres, fazendo a dobradinha das duas distâncias mais longas em piscina – já tinha ganho nos 1500m livres.

Há sempre muitas narrativas a seguir na natação olímpica e em Paris também as houve – a campanha do ouro de Léon Marchand, as suspeitas de doping sobre os nadadores chineses, ou a alegada decadência da própria Ledecky, depois do bronze na “corrida do século”, atrás de Titmus e McIntosh. Mas a norte-americana é mesmo a narrativa mais constante que pode haver na natação e voltou a puxá-la para o seu lado, com mais uma exibição bem ao seu estilo.

Foi para a frente e liderou em todas as viragens. Ariarne Titmus foi a única que a acompanhou, mas a norte-americana acelerou nos últimos 200 metros e acabou com quase um corpo de distância. O tempo era o que menos importava, mas também quase ninguém tem batido recordes nesta piscina – Ledecky fez 8m11,04s, seguida de Titmus (8m12,29s, recorde pessoal e continental) e da norte-americana Paige Madden (8m13,00s).

Foi o nono título olímpico para a norte-americana, o segundo em Paris, sendo que quatro destas medalhas de ouro foram nos 800m livres – mais três nos 800m, uma nos 200m e 400m livres e uma nos 4x200m livres. É apenas a sexta em toda a história dos Jogos Olímpicos a conseguir quatro títulos consecutivos na mesma disciplina, um grupo onde estão nomes como Michael Phelps (200m estilos), Carl Lewis (salto em comprimento) ou Mijain López (luta greco-romana), sendo que o cubano está em Paris e pode chegar aos cinco.

A noite começou com os 100m mariposa, a final onde o português Diogo Ribeiro, campeão mundial da distância em Fevereiro passado, esperava estar. Mas, se as coisas começaram a ser rápidas nas eliminatórias e aceleraram nas meias-finais (Caeleb Dressel, recordista do mundo e campeão olímpico, não passou daqui), a final foi super-sónica, dominada por um super-sónico Kristof Milak. Numa luta até à parede, o húngaro foi mais rápido por apenas nove centésimos, com 49,90s, deixando o canadiano Josh Liendo (49,99s) com a prata e outro canadiano, Ilya Kharun (50,45s) com o bronze.

Depois, veio a final dos 200m estilos e foi, mais uma vez, “Summer time”. Depois do ouro nos 200m mariposa, 400m estilos e prata nos 400m livres, a jovem canadiana Summer McIntosh chegou ao seu terceiro título olímpico em Paris, com mais uma enorme exibição frente às norte-americanas.

McIntosh vinha bem atrás aos 350m, mas, na última volta, em estilo livre a adolescente de 17 anos recuperou a distância e chegou em primeiro à parede, com 2m06,56s (novo recorde olímpico), deixando a prata para a norte-americana Kate Douglass (2m06,92s) e o bronze para Kaylee McKeown (2m08,08s) – a norte-americana Ella Walsh tinha terminado em terceiro, mas foi desclassificada, por um erro na viragem.

A penúltima noite na piscina olímpica terminou com um recorde do mundo, apenas o segundo na natação dos Jogos de Paris. Depois da marca estratosférica de Pan Zhanle nos 100m livres, coube ao Team USA estabelecer um novo máximo mundial na estafeta mista de 4x100m estilos. O quarteto composto por Ryan Murphy, Nic Fink, Gretchen Walsh e Torry Huske nadou em 3m37,43s, batendo China (prata) e Austrália (bronze) e tirando oito centésimos ao recorde anterior, da Grã Bretanha, estabelecido nos Jogos de Tóquio há três anos.

E uma medalha de ouro com um recorde do mundo para os EUA foram o aperitivo perfeito para o último momento da noite, aquele em que Katie Ledecky recebeu a sua nona medalha de ouro olímpica.

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