Olá.

A terceira temporada de The Bear está toda na Disney+ para degustar dentada a dentada e é um exemplo maior de como as bandas-sonoras das séries são aquele parmesão ralado, aquela acelga grelhada que dá o extra à narrativa televisiva actual. Strange currencies dos R.E.M.. Se ainda não viu o final da segunda temporada e o regresso da terceira, ide ver, ouvide e sentide o umami da coisa. Não é preciso agradecer.

Pode-se saltitar com Fight for your right ou Sabotage dos Beastie Boys, balançar com os Weezer ou Carole King, levar tudo muito a sério com os Nine Inch Nails ou entrar na melancolia dos Radiohead ou de Eddie Vedder. Raios, até John Cale e os James convivem alegremente naquela cozinha. Quantas pessoas podem dizer isso do seu local de trabalho ou do seu palato auditivo?

Sim, Taylor Swift também por lá anda. Como Billie Eilish fez do genérico de True Detective: Night Country a bússola perfeita com o seu Bury a friend. Ou como pontuara já em Euphoria, no seu dueto com Rosalía em Lo vas a olvidar. E sim, temos de referir Kate Bush e Running up that hill em Stranger Things, um fenómeno de ressurreição de escala global que na mesma temporada ofuscou até Master of puppets, uma das melhores agressões dos Metallica.

O que estas séries têm em comum, além de uma belíssima selecção musical, é que têm tido o poder de fazer os temas que escolhem ascender não só artisticamente a novos ouvidos como no mais valioso palco actual da rentabilidade da música: as plataformas de streaming musical. Foi ver o que aconteceu com Zombie, dos Cranberries, ou a cover pelos The Cramps de Goo goo muck, que treparam alegremente pelo Spotify ou Apple Music acima graças a Wednesday.

Só para listar mais alguns exemplos, e só porque é divertido, The Umbrella Academy expôs o seu variado público a The order of death dos PIL, Beef deu uma dose absurda de música 90s (da boa à menos boa, mas gostos são gostos e o que seria das acelgas se todos gostassem de salicórnia) com Grant Lee Buffalo à mistura com Hoobastank, mas atingiu ali um ponto de rebuçado quando adicionou Mayonaise, dos Smashing Pumpkins, no final. Não tão divertido, mas sempre à volta da comida (porque canibalismo também é alimentação, certo?), Down by the water de PJ Harvey empratou Yellowjackets.

E Succession, com aquela música original de Nicholas Britell que tornou a paisagem sonora da série num verdadeiro desenho, que até combinou Takedown de Jay-Z ou Rape me dos Nirvana, DJ Shadow ou os Yeah Yeah Yeahs? Ou Sex Education, uma lição de variedade com Billy Idol, CAN, The Sonics, Muddy Waters ou as indispensáveis Bikini Kill? Ou, recuando aos Sopranos, quando Woke up this morning, dos Alabama 3, era só a entrada para uma coesa refeição de Sinatra, Dylan, Springsteen, Tindersticks e Cake?

Nos últimos anos, lê-se na revista da Royal Television Society, o aumento dos orçamentos das séries correspondeu à possibilidade de criar paisagens sonoras mais criativas (Hans Zimmmer, Mick Jagger andam por aí nas séries a criar música original). E também de fazer uma ou outra piada, quer os envolvidos percebam ou não a amplitude da mesma.

Na série Shrinking, com Harrison Ford e Jason Segel, a fantástica Jessica Williams anda no carro sempre de rádio ligado. E eis que começa a tocar Every morning, dos Sugar Ray, uma melodia tão açucarada e irresistível como uma goma de morango. Quem está no carro com ela? A personagem de Ford. Começam ambos a cantarolar. Mark McGrath, o vocalista da banda que fez das pontas de cabelo descoloradas e espetadas com gel um momento de 1999, ficou incrédulo. "Licencia-se uma música e não se sabe como vão usá-la", disse à revista Billboard. "Raramente alguém a canta a capella com a música a tocar. E raramente essa pessoa é Han Solo."

PS: Nenhuma conversa sobre música em séries deve obliterar Twin Peaks. Mas isto não é uma conversa, é um escrito unilateral e de Twin Peaks só se pode dizer que há um antes e um depois. Ponto.

O que anda a ver

Sofía Auza, criadora e realizadora de Adolfo e da série Yellow

"Estou obcecada com The Bear. Porque a minha mãe é chef e sinto que ao ver a série me estou a recordar da minha infância. É exactamente assim."

Netflix

Sexta-feira, 2 de Agosto

Rebel Moon — Parte Um: Versão do Realizador e Rebel Moon — Parte Dois: Versão do Realizador — Toda a gente sabe que Zack Snyder adora um "director’s cut" e não só fez os filmes que bem entendeu para a Netflix como agora faz render o peixe com uma versão deste mundo "mais violento, sensual e sangrento".

Salvar Bikini Bottom: O Filme da Sandy Cheeks — Outro universo, mesmo espírito tresloucado. SpongeBob SquarePants une-se a Sandy Cheeks depois de Bikini Bottom e seus habitantes serem expulsos do oceano. A resposta para o problema aparentemente está no Texas.

Quinta-feira, 8 de Agosto

Umbrella Academy — Quarta e última temporada da série baseada na série de banda desenhada da Dark Horse. "Os irmãos Hargreeves separam-se, após o confronto épico no Hotel Oblivion levar a um reinício da sua linha do tempo. Sem os poderes, cada um dos irmãos fica entregue à sua sorte e encontra uma nova normalidade", diz a Netflix à laia de introdução. Reginald está vivo, uma misteriosa associação, chamada os Guardiões, acredita que a realidade em que vivem é uma mentira e só dão trabalho à Umbrella Academy.

Max

Domingo, 4 de Agosto

Elizabeth Taylor: The Lost Tapes — Nicolette Burstein realiza este documentário que tem por base uma conversa com o jornalista Richard Meryman em 1964, um impressionante conjunto de 40 horas de conversa que foram recentemente descobertas às quais se juntam fotos pessoais, filmes caseiros, entrevistas de arquivo e os indispensáveis excertos de alguns dos papéis que definiram a carreira do ícone Elizabeth Taylor.

Homem-Aranha: Longe de Casa, Homem-Aranha: Regresso a Casa, Homem-Aranha: Sem Volta a Casa — A crise do imobiliário afecta até Peter Parker, um jovem apaixonado por Zendaya (quem nunca?) e que bem tenta esconder o facto de nunca estar presente quando o Homem-Aranha tem de entrar em acção. Os três filmes da Sony/Marvel Studios passam a estar disponíveis na Max.

Quinta-feira, 8 de Agosto

Cidade de Deus — O emblemático filme de Fernando Meirelles chega em vésperas da estreia da série baseada na mesma história, que consta no livro homónimo de Paulo Lins.

Prime

Sexta-feira, 2 de Agosto

Naruto — Incontornável série anime um pouco crua sobre Naruto Uzumaki, um órfão que sonha tornar-se o quinto Hokage, o maior guerreiro e governante da sua vila. Torna-se ninja mas vai que tem um demónio raposa dentro de si. Dramas do quotidiano... Primeira temporada.

Segunda-feira, 5 de Agosto

Overprotected Kahoko — Primeira temporada da série que observa o fenómeno dos pais super-protectores ao ponto de impedir os filhos de crescer, bem como aos jovens que aceitam essa direcção da sua vida.

Quinta-feira, 8 de Agosto

One Fast Move - Filme sobre um jovem em busca do pai e do sonho de se tornar um corredor de motos profissional.

SkyShowtime

Sexta-feira, 2 de Agosto

Knuckles — Série do "universo Sonic" que se passa entre Sonic 2 - O Filme e Sonic 3 - O Filme. Aqui, Knuckles aceita treinar Wade. Idris Elba no papel principal e Adam Pally como Wade Whipple e ainda actores como Edi Patterson (The Righteous Gemstones), Ellie Taylor (Ted Lasso) Tika Sumpter, que regressará como Maddie.

Mr Bigstuff — Comédia de seis partes, as três primeiras em estreia esta sexta-feira, famílias desfeitas, masculinidade frágil e… venda de alcatifas. Na base disto tudo estão dois irmãos desavindos, Glen (Ryan Sampson) e Lee (Danny Dyer) e quem orbita à sua volta e a noiva de Glen, Kirsty. O trio vai juntar-se para ver como tudo pode correr bem pior. 

Globoplay

Domingo, 4 de Agosto

Pai É Pai —  Série documental protagonizada pelo actor Rafael Zulu, no qual explora as relações de paternidade com a sua filha.

Quarta-feira, 7 de Agosto

Saia Justa — O talk-show brasileiro está de volta com Eliana, Bela Gil, Rita Batista e Tati Machado a comentar temas da actualidade e o papel da mulher na sociedade.

TVCine+

Terça-feira, 6 de Agosto

Milky Way —  De Vasilis Kekatos, vencedor da Palma de Ouro e Palma Queer no Festival de Cinema de Cannes de 2019 com a curta The Distance Between Us and the Sky, esta é a história de Maria, de 17 anos, cujo sonho de ser bailarina fica em suspenso quando engravida…. Oito episódios com estreia a 5 de Agosto, segunda-feira no TVCine Edition e depois no TVCine+.

Quarta-feira, 7 de Agosto

Yellow — Depois da estreia em antena dia 6, a magnífica série mexicana de Sofía Auza estreia-se em on demand em todo o seu despudorado esplendor. Química, humor, displicência e aquele je ne sais quoi que (quase) só a juventude pode trazer envolvem a história deu assalto, um rapto, duas raparigas rebeldes e um piloto de Fórmula 1 suicida. Só vista. E é de ver.

O streaming é o futuro

Ora Squid Game vai voltar e a segunda temporada vai estrear-se a 26 de Dezembro, qual prenda de Natal envenenada para fazer sofrer o público e os concorrentes ficcionais. A Netflix anunciou também uma terceira temporada, e já para 2025, mas com a adenda de que será a última. A série mais popular de sempre da plataforma não quer ficar na festa mais tempo do que o desejado e isso é sempre de louvar.

Ler para ver

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Até ao Próximo Episódio.