Venezuela: Oposição denuncia 16 mortes e mais de 170 detenções nas últimas 48 horas

Maria Corina Machado fala numa “escalada cruel e repressiva do regime” que criou um clima baseado no “assassínio, rapto e perseguição”. Maduro diz que a oposição “jamais” tomará o poder.

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Protestos têm enchido as ruas desde o anúncio dos resultados eleitorais Alexandre Meneghini / REUTERS
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A principal líder da oposição na Venezuela, Maria Corina Machado, denunciou a ocorrência de 16 "assassínios" e 177 "detenções arbitrárias" por parte das forças do Governo de Maduro naquilo que chama de uma "escalada cruel e repressiva do regime" depois das eleições presidenciais deste domingo.

Os protestos na Venezuela têm sido constantes desde que os resultados divulgados pelas autoridades eleitorais e contestados pela oposição e por observadores deram a vitória a Nicolás Maduro. Segundo Corina Machado, que lidera a coligação Plataforma Unitária Democrática, o Governo tem tido uma resposta dos protestos na base do "assassínio, rapto e perseguição".

"Esta é a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas como uma família, como uma comunidade, para defender a sua decisão soberana de ser livre. Estes crimes não ficarão impunes", escreveu Machado numa publicação da rede social X.

Segundo o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, 1062 pessoas foram detidas nos últimos dias, sem referir a existência de quaisquer mortes.

Nicolás Maduro, numa conferência de imprensa realizada no palácio presidencial, disse que não lhe "tremeria o pulso" para convocar "o povo para uma nova revolução" e que o caminho do país não pode ser ver o poder "assaltado" por "criminosos treinados, pagos e drogados".

Falando perante jornalistas nacionais e internacionais e à frente de um quadro do ícone revolucionário da América Latina, Simón Bolívar, o Presidente da Venezuela afirmou ainda que a oposição "jamais" terá o "poder político", por considerar não estarem "capacitados". Maduro culpou a oposição por "colocar o país em guerra com as suas atitudes", alegando que as figuras da oposição encabeçam uma corrente criminal para tomar o poder.

"Meteram um exército de delinquentes e criminosos, bem financiado e pago", disse Maduro na conferência de imprensa, sublinhando que a interferência está a ser feita "pelos Estados Unidos com a cumplicidade do narcotráfico colombiano".

Numa visita ao Supremo Tribunal do país na quarta-feira, Maduro fez um pedido oficial para que a última instancia judicial eleitoral, conhecida como Gabinete Eleitoral, "se reúna para resolver este ataque ao processo eleitoral e esclareça tudo o que houver que esclarecer", sublinhando que as autoridades estão disponíveis para divulgar "100% das atas a que têm acesso".

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